RCA/ Luso-belga condenado a 10 anos de trabalhos forçados por atentado contra a segurança do Estado
Bissau, 05 Nov 25 (ANG) - O luso-belga Joseph Figueira
Martin foi condenado, terça-feira, em Bangui a 10 anos de trabalhos forçados
pela justiça da República centro-africana.
Este antropólogo e trabalhador de
uma ong norte-americana, era mesmo acusado de espionagem, terrorismo e conluio
com milícias rebeldes. A família e a defesa denunciam um dossier oco, apelam à
sua libertação e prometem apresentar recurso já nesta quarta.
Joseph Figueira Martin era consultor da ong
norte-americana FHI360 no leste da RCA.
Segundo a sua entidade empregadora ele era consultor para
apoiar a « concepção
de um projecto baseado na redução da pobreza, o aumento das oportunidades
económicas e a prevenção da violência fundada no género".
Este antropólogo de 42 anos, foi sequestrado por
mercenários russos do grupo Wagner, no leste do país, a 26 de Maio do ano
passado, em Zémio, região de Haut Mbomou.
Ele terá sido torturado e, depois, acabou por ser
remetido às autoridades da República centro-africana.
O julgamento decorreu ao longo de uma semana na capital
da RCA.
Ele arriscava-se a cumprir prisão perpétua, porém várias
acusações, entre as quais as mais graves, ficaram sem ser provadas.
O Ministério público apresentou, ainda assim, elementos
de prova e gravações que definiriam contactos mantidos entre o arguido e grupos
rebeldes activos na RCA.
Blocos de nota, dois telemóveis com imagens tidas como
sensíveis e um par de óculos do réu constam destes elementos.
E isto enquanto o seu advogado de defesa, Nicolas
Tiangaye, contesta a validade de várias das provas que teriam sido
orquestradas, a seu ver, para justificar a acusação.
O próprio Joseph Figueira Martin alega desconhecer os
óculos que seria suposto serem seus.
Este cidadão luso-belga encontra-se preso desde há 17
meses na Cadeia militar de Camp de Roux, a sua família tem contestado desde
sempre a acusação e denuciado a degradação do seu estado de saúde, apelando à
respectiva libertação.
Após a leitura da sentença a sua defesa prometeu
apresentar recurso nesta quarta-feira.
Francisco Assis, eurodeputado socialista português foi o
autor da resolução do Parlamento europeu que condenou a RCA pela violação dos
direitos humanos de Joseph Figueira Martin.
Este afirmou ao jornal Público saber da intervenção dos
serviços de acção externa da União Europeia e do Governo belga no sentido de
conseguir a sua libertação.
Até ao momento a RFI não conseguiu contactar nem a
família de Joseph Figueira Martin, e a diplomacia portuguesa recusou comentar o
caso.
O embaixador belga nos Camarões e o Embaixador da União
Europeia acompanharam o desenrolar do julgamento, no início das sessões marcou
também presença o Cônsul de Portugal na RDC, República democrática do Congo.
Portugal e a Bélgica, os dois países de que Joseph
Figueira Martin, possui a nacionalidade, não dispondo actualmente de
representação diplomática na RCA, os dois países têm, em contrapartida, um
consulado honorário.ANG/RFI

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