Bélgica/Fundação quer António Costa e João Lourenço a relançar parceria UE-África
Bissau, 03 Jun 25 (ANG) - A diretora executiva
adjunta da Fundação África-Europa, Holy Ranaivozanany, considera que as
presidências de António Costa no Conselho Europeu e do Presidente angolano,
João Lourenço, na União Africana são uma oportunidade para relançar a parceria
afro-europeia.
A dirigente
admite que, nos últimos dois anos, registou-se um "decréscimo em termos de
confiança na relação" da parte dos países africanos relativamente à União
Europeia (UE).
A pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia
e, mais recentemente, a redução da ajuda externa, são fatores que contribuíram
para esta amargura, explicou.
"Penso que existe uma perceção de dois
pesos e duas medidas, de que não cumprimos os nossos compromissos e de que, no
novo contexto geopolítico, África, não é vista como uma prioridade para a
Europa", afirmou à agência Lusa, à margem da conferência Ibrahim
Governance Weekend, a decorrer em Marraquexe.
Na cimeira UE-África em fevereiro de 2022,
recordou, "sentia-se uma grande energia e foram feitos compromissos, mas
algumas semanas depois começou a guerra na Ucrânia e, obviamente, houve uma
mudança e a Europa começou a prestar mais atenção ao Leste".
Mais recentemente, a redução da ajuda externa
europeia para investir no rearmamento acentuou o sentimento de abandono pelos
africanos.
No entanto, Ranaivozanany tem esperança que
possa ser dado um novo impulso à relação, e que a lusofonia possa desempenhar
um papel.
"Contamos com a nova liderança da UE
para reformular uma nova dinâmica, com pessoas como António Costa, que tem
interesse nos países [africanos] lusófonos, e a nova liderança também na União
Africana, de modo a definir uma nova direção e a reiniciar a relação",
afirmou à Lusa.
A diretora executiva adjunta da Fundação
África-Europa sugeriu a possibilidade de uma nova cimeira UE-África ainda em
2025, "que poderá ter lugar em Angola".
O desenvolvimento de projetos ligados à
energia, o combate aos fluxos financeiros ilícitos e o investimento na
capacidade industrial em África são alguns dos setores que considera ser de
interesse mútuo.
"Têm-se registado progressos. Por
exemplo, desde 2022, a Europa assumiu o compromisso de ajudar na instalação de
fábricas de vacinas em África e isso foi feito em oito países até agora",
exemplificou.
A UE tem também a Estratégia 'Global
Gateway', que prevê a mobilização de 150 mil milhões de euros para investir em
setores estratégicos em África.
"É um montante considerável de dinheiro
para investimento em diferentes questões, desde a agricultura, à tecnologia e
às infraestruturas. Temos é de monitorizar o impacto para saber se realmente
mudou alguma coisa, quantos empregos criou e tornar esta contribuição mais
visível para que as pessoas compreendam o resultado da parceria efetiva da
Europa com África", salientou Holy Ranaivozanany.
A conferência Ibrahim Governance Weekend
(IGW) 2025, organizada pela Fundação Mo Ibrahim, termina hoje em Marraquexe com
uma série de encontros promovidos por diversas organizações
independentes.
A Fundação África-Europa, criada em 2020 para
promover e reforçar as relações entre os dois continentes, tem uma sessão
intitulada "Renovar a Cooperação África-Europa nos Minerais de Transição:
uma oportunidade benéfica para ambos".
Durante três dias, entre 01 de junho e hoje,
políticos, académicos e ativistas debateram sob o tema "Alavancar os
recursos de África para colmatar o défice financeiro", sobre como podem os
países africanos mobilizar-se para acelerar o desenvolvimento social e
económico num contexto internacional de declínio da ajuda externa.ANG/Lusa

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