Irão/Governo acusa agência nuclear de ser "parceira" da "agressão" israelita
Bissau, 19 Jun 25 (ANG) - O Irão acusou hoje a
Agência Internacional de Energia Atómica das Nações Unidas de agir como
"parceira" da "guerra de agressão" de Israel.
Em causa está um relatório da agência,
publicado antes do início da guerra Irão-Israel, no qual denunciou que o regime
de Teerão não estava a cumprir com as suas obrigações em relação ao programa
nuclear.
Dirigindo a mensagem ao diretor-geral da
AIEA, Rafael Grossi, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros
iraniano, Esmaeil Baqaei, escreveu na rede social X: "Vocês traíram o
regime de não-proliferação; vocês fizeram da AIEA uma parceira nesta guerra
injusta de agressão".
Na quarta-feira, em entrevista a vários
órgãos de informação, Rafael Grossi assinalou que o relatório da AIEA foi
deturpado e que não há "nenhuma evidência de um esforço sistemático do
Irão para conseguir a bomba atómica", ainda que este seja "o único
país do mundo que está a enriquecer urânio a níveis quase militares".
Em resposta, o porta-voz da diplomacia
iraniana escreveu: "Senhor Grossi, esse reconhecimento [de que o Irão não
está empenhado em construir uma arma nuclear] chega tarde. Escondeu esse facto
no seu relatório totalmente parcial, um relatório que foi mal utilizado pelos
países europeus e pelos Estados Unidos para redigirem uma resolução com
exigências infundadas por 'incumprimento'".
O que acabou por acontecer -- salienta -- foi
que essa resolução acabou por ser "utilizada como a desculpa final por um
regime belicista e genocida para lançar uma guerra de agressão contra o Irão e
um ataque ilegal contra as nossas instalações nucleares pacíficas".
O porta-voz perguntou ainda a Grossi se
"sabe quantos iranianos inocentes morreram ou ficaram feridos em
consequência desta guerra criminosa".
No dia 12, a AIEA aprovou uma resolução
apresentada por Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos e apoiada por
outros 19 países na qual se considera que a falta de cooperação do Irão
"constitui um incumprimento das obrigações" para com a comunidade
internacional.
No dia seguinte, Israel iniciou os
bombardeamentos contra instalações militares e nucleares iranianas, matando
lideranças militares, cientistas e civis.
"Pela segunda vez em três anos, estamos
a assistir a um conflito dramático entre dois Estados-membros da AIEA, no qual
as instalações nucleares estão a ser atacadas e a segurança está a ser comprometida",
lamentou Grossi, referindo-se aos ataques israelitas contra a instalação
nuclear iraniana de Natanz.
No local, mais de 10.000 centrifugadoras são
utilizadas para enriquecer urânio a 60%, muito além do limite de 3,67%
estabelecido pelo acordo internacional de 2015, que conduziu ao alívio das
sanções contra Teerão, em troca de garantias sobre a natureza pacífica do
programa nuclear.
Enriquecido entre 3% e 5%, este urânio é
utilizado para abastecer centrais nucleares para a produção de eletricidade.
Quando enriquecido até 20%, pode ser utilizado para produzir isótopos médicos,
utilizados principalmente no diagnóstico de certos tipos de cancro.
Para fazer uma bomba, o enriquecimento deve
ser levado a 90%.
O Irão nega qualquer ambição militar e
defende o direito de enriquecer urânio para desenvolver um programa nuclear
civil.ANG/Lusa

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