Clima/ Os desafios do oceano e as oportunidades da economia azul
Bissau, 11 Jun 25 (ANG) - A Guiné-Bissau, país costeiro e arquipelágico, tem nos oceanos um eixo vital para a população, desde a subsistência alimentar até à mobilidade entre ilhas.
As declarações são do ministro do
Ambiente, Biodiversidade e Acção Climática da Guiné-Bissau, Viriato Cassamá,
que participa na Cimeira da ONU sobre o Oceano, que decorre até sexta-feira, 13
de Junho, em Nice, França.
“Os
oceanos são fontes da nossa vida”, afirmou ao microfone da RFI
o ministro do Ambiente, Biodiversidade e Acção Climática da Guiné-Bissau,
Viriato Cassamá, que acrescenta que esta relação vital está sob ameaça devido à
subida do nível médio do mar e à erosão costeira que colocam o país entre os
mais vulneráveis às alterações climáticas.
A problemática ambiental intensifica-se com a crescente poluição
plástica. Embora o país não produza plástico, é um consumidor significativo e
carece de meios técnicos para o tratamento adequado dos resíduos. “Esses
plásticos, grande parte deles, são deixados na lixeira a céu aberto” explicou o ministro. A poluição plástica
tem impacto direto nos rios, na rede de esgotos urbanos e na fauna marinha.
Apesar de, desde 2013, estar em vigor uma legislação que proíbe a importação e
uso de sacos plásticos não biodegradáveis, Viriato Cassamá reconheceu que é
preciso “redobrar os esforços, porque essa luta é uma luta comum”.
Por outro lado, a Guiné-Bissau registou recentemente um marco
importante: a geração de aproximadamente 4 milhões de dólares com a venda de
créditos de carbono, resultado de um projeto iniciado em 2006 para quantificar
o carbono armazenado nas florestas nacionais. “Fui coordenador do projeto
durante quatro anos”, referiu Viriato Cassamá, que destaca a
importância de manter a preservação ambiental para garantir a continuidade
desses ganhos. “Nós não podemos estar a gerar crédito de
carbono durante três anos e depois começar a cortar as nossas matas”, advertiu. O ministro defende a
necessidade de incluir a dimensão ambiental em todas as políticas públicas,
sobretudo no sector primário.
Nesse contexto, os mangais surgem como uma das maiores riquezas
ecológicas do país. Segundo o Cassamá, “a Guiné-Bissau tem 10% do seu território
nacional coberto por mangal”,
sendo este considerado como floresta no contexto do Protocolo de Quioto.
Estes ecossistemas têm um papel crucial na proteção da costa, reprodução de
espécies marinhas e armazenamento de carbono, além de representarem uma
oportunidade concreta para o país fortalecer a sua inserção na economia azul. ANG/RFI

Sem comentários:
Enviar um comentário