Meio Ambiente/Recursos do planeta disponíveis para este ano esgotam-se a 24 de julho
Bissau, 05 Jun 25 (ANG) - A humanidade esgota os
recursos disponíveis para este ano no próximo dia 24 de julho, uma semana antes
da data do ano passado, indicam os cálculos da organização internacional
"Global Footprint Network".
No ano passado o Dia da Sobrecarga do Planeta
foi a 01 de agosto. Este ano os recursos esgotaram-se uma semana mais cedo, nos
cálculos da organização internacional de sustentabilidade, pioneira da pegada
ecológica, que os divulgou hoje, Dia Mundial do Ambiente.
Tal significa que dia 24 de julho é a data em
que a humanidade terá esgotado todo o orçamento anual de recursos e serviços
ecológicos da natureza, nas contas da organização, que tiveram em conta uma
revisão de dados.
A "Global Footprint Network"
destaca num comunicado divulgado hoje que a humanidade está a utilizar a
natureza 80% mais rapidamente do que os ecossistemas da Terra se podem
regenerar, o que significa que esta ultrapassagem é equivalente à utilização de
1,8 Terras.
"Este nível de utilização excessiva só é
possível através do esgotamento do capital natural, o que compromete a segurança
dos recursos a longo prazo", referem no comunicado.
Para a organização, as consequências são
visíveis na desflorestação, erosão dos solos, perda de biodiversidade e
acumulação de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, o que contribui para o
aumento da frequência de fenómenos meteorológicos extremos e para o declínio da
produção alimentar.
É por tudo isto que a "Global Footprint
Network" diz que, neste século, a segunda maior ameaça para a humanidade é
a ultrapassagem ecológica, a utilização excessiva e implacável dos recursos do
planeta. A maior ameaça é "não reagir".
Todos os anos a "Global Footprint
Network" anuncia no Dia Mundial do Ambiente a data do "Earth
Overshoot Day" que assinala o momento em que o consumo de recursos
ultrapassa a capacidade de regeneração da natureza e os humanos passam a
consumir a crédito.
Na página da organização fazem-se os cálculos
também país a país, segundo os quais Portugal esgotou os recursos que tinha
disponíveis logo a 05 de maio passado.
O Dia da Sobrecarga do Planeta é determinado
utilizando a última edição das Contas Nacionais da Pegada Ecológica e da
Biocapacidade (edição de 2025).
No comunicado de imprensa explica-se que as
agências da ONU e organismos afiliados fornecem os dados mas por vezes fazem
atualizações, tendo este ano ajustado em baixa a capacidade de sequestro de
carbono dos oceanos.
Esse facto foi um dos que fez com que o Dia
da Sobrecarga do Planeta descesse uma semana em relação a 2024. Sete desses
oito dias, destaca, devem -se à revisão dos dados.
Numa leitura dos dados a organização diz que
o Dia da Sobrecarga do Planeta se tem mantido estável na última década e que
continua a ser demasiado cedo no ano.
E mesmo que a data se mantenha inalterada
"a pressão sobre o planeta continua a aumentar" à medida que os danos
causados pela ultrapassagem do limite ecológico se acumulam ao longo do tempo.
Ao longo dos anos, segundo o documento,
acumulou-se uma dívida ecológica que vai agora em 22 anos. Se a ultrapassagem
ecológica terminasse agora, se os recursos chegassem para todo o ano, seriam
precisos 22 anos de capacidade regenerativa total do planeta para restaurar o
equilíbrio perdido.
"No entanto é pouco provável que toda a
dívida ecológica seja reversível", avisam os autores do documento.
Segundo Mathis Wackernagel, da direção da
Global Footprint Network, a ultrapassagem não pode durar e ou acaba porque a
população assim o decide ou acaba com uma catástrofe.
O indicador da pegada ecológica começou a ser
feito em 1971, quando os recursos davam para praticamente o ano inteiro. A
partir de 1984 os recursos já só chegavam a novembro e em 1993 apenas até
outubro.
Desde esse ano a humanidade consumiu cada vez
mais recursos, com apenas uma ligeira quebra de consumo em 2020, explicada pela
pandemia. ANG/Lusa

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