Côte d`Ivoire/ “OOAS espera que a conferência sobre Lassa produza recomendações que possam ser transformadas em estratégias regionais de luta contra a doença”, diz Tomé Cá
Côte d`Ivoire, 10 Set 25 (ANG) - A Febre Lassa está a provocar mortes no Gana, na
vizinha República da Guiné, na Serra Leoa, Libéria e na Nigéria.
Dados anunciados no primeiro dia da
conferência indicam que a doença é responsável por 300 mil infeções anuais na
Africa Ocidental, das quais 100 mil morrem.
Antes da abertura da conferência internacional
sobre a febre Lassa que decorre em Abidjan sob auspícios da Organização Oeste
Africana da Saúde(OOAS) foi realizada uma reunião de peritos, investigadores,
decisores políticos e autoridades sanitárias internacionais sobre as vacinas.
Perguntamos ao Tomé Cá, Epidemiologista
responsável pela informações sanitárias na OOAS qual é a preocupação que a
vacina levanta perante cenários de crises de epidemia que fustigam a costa
ocidental africana.
Tomé Cá – O problema não é só a vacina. A
Conferencia é sobre Lassa e é uma doença que pode também ser prevenida através
da vacina. Neste momento está em processo de estudo, de pesquisa para se
encontrar uma vacina adequada a doença. Sua prevenção e tratamento é complicado
com os meios em que vivemos, em ambientes o com animais(ratos), que são os
transmissores diretos da doença. A OOAS quando fala de vacina 'e para todas as
doenças, Se formos capazes de produzir vacinas para febre Lassa então devemos
ser capazes de produzir vacinas para outras doenças. Por isso é que quando se
fala de vacinas, tem que ser no sentido global. Vacina para Lassa mas também
vacina para todas as doenças que podem ser protegidas ou prevenidas através de
vacinação.. Por isso é que a sessão de manhã foi dedicada a vacina mas houve
outras sessões sobre tratamento clínico,
aspectos laboratoriais, como fazer os diagnósticos, e ainda sessão sobre capacidade de
laboratórios para quando recolher amostras
fazer a transmissão. Quando se faz amostras, não se faz amostras únicas,
inclui-se também outras doenças, por exemplo a Dengue que emerge na região.
Então, a preocupação da OOAS é de
controlar a doença em si. Para controlar a doença é preciso saber quais
são as medidas a tomar, e entre essas medidas, independentemente das condições
de vida, higiene da casa, entra também a vacinação. Por isso está-se a desenvolver
cooperações com muitos países que têm a capacidade de produção de vacinas e que
querem reforçar as capacidades da nossa região para fazer face a doença. Foi
uma sessão dedicada também a vacinas mas vai se continuar a discussão sobre
outros aspectos ligados ao sistema de saúde de uma forma geral.
SG – Efeitos de Lassa, em termos
sanitários, é superior aos de Paludismo ?
TC – Não. Paludismos neste momento é a
maior doença na nossa região. Mata muito mais, tem mais casos. Temos países em
que a febre Lassa está mais presentes.
SG -
Quais são esses países?
TC – Os mais afetados neste momento são
a Nigéria, Gana, Serra Leoa, Libéria, países do golfo da Guiné, até
Guiné-Conacry. Até agora não temos casos de Lassa na Guiné-Bissau.
SG- Como se pode ser contaminado por
Lassa?
TC – Como já disse, há contacto diretor
com animal que transmite a doença, essencialmente o rato. Podemos deixar a
comida e se o rato fazer xixi na comida, deixa vírus e se entrar em contacto
com uma pessoa apanha a doença. Uma vez infectado podes contaminar outra pessoa.
Por isso é que há a questão de se prevenir para que a fonte primária não
transmitisse a doença. Lassa é uma doença de febre hemorrágica, quer dizer, pode provocar a hemorragia e a morte. Não se compara com o Paludismo
porque o agente de transmissão é diferente. Lassa pode contaminar alimentos se
levar-mos esse alimento para outras partes do mundo pode-se contaminar outras
pessoas, que nem tiveram contacto com ratos. Por isso é que quando chega um
barco as pessoas vão ao Porto fazer investigação. Pode-se fazer o carregamento
de produtos se forem contaminados por ratos esse alimento pode contaminar as
pessoas.
SG- O Diretor-geral da OOAS fez um apelo
à Ação…quer dizer que há um certo descuido em relação a agressão da Lassa ?
TC – Para ser honesto, de ponto de vista epidemiológico
não é que Lassa é mais importante que o Paludismo mas também é uma doença que
pode ser controlada, se calhar mais fácil que o Paludismo. As nossas
convivências com mosquitos devido a situação em que encontramos, é difícil esse
controlo. Contudo, também está-se a fazer investigações para se encontrar vacina
contra Paludismo, é da mesma forma que se pretende que haja a mesma dinâmica em
relação a Lassa. O apelo do DG surge porque a conferência é sobre a febre de Lassa.,
por isso essa doença está a pesar mais. A OOAS vê a saúde na sua globalidade.
SG- Foi também feito um apelo à
colaboração de parceiros financiadores,
farmacêuticos, estados-membros e sobretudo à investigadores. Quer dizer dizer que ainda há muita coisa por fazer?
TC- È tudo um conjunta de pessoas ou
instituições que devem se implicar. Problema de saúde não diz respeito apenas
uma pessoa ou um país. Tal como diz o tal provérbio: se a casa do vizinho está a arder não diga
que o problema é dele, o fogo pode mais tarde chegar a sua casa. Os mecanismos
de transmissão da doença não tem fronteiras. Uma doença no país vizinho pode
entrar no seu . Por isso é que existe toda essa onda para os países com
fronteiras sobretudo se unissem na luta contra as epidemias emergentes.
SG – O que é que espera desta
conferência ?
TC- Espero que depois destes dias de
conferência vamos sair com recomendações, e OOAS, enquanto organizações de
saúde da comunidade, vai conseguir transformar essas recomendações em algumas
estratégias regionais, com algumas orientações regionais, que todos os países
da comunidade devem seguir Orientações comuns mas também algumas ações que serão as linhas mestras que cada país
deve tomar em consideração para o futuro.ANG
(Despacho do jornalista Salvador Gomes, convidado pela CEDEAO para cobertura desta conferência)

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