quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Côte d´Ivoire/ Ministros da Saúde da CEDEAO assumem compromisso conjunto de avançar para a produção de vacina contra Lassa

Côte d´Ivoire, 10 Set 25 (ANG) -  Os ministros da Saúde de países membros da CEDEAO anunciaram, segunda-feira, em Abidjan, o compromisso assumido de avançar para a produção de vacina contra a febre de Lassa que ameaça a segurança sanitária na  região.


O compromisso foi assumido no âmbito da Conferência Internacional sobre a doença de Lassa, que decorre de 8 a 11 de Setembro, em Abidjan, na Côte d´Ivoire, sob o lema, "Para além das fronteiras”, e promovida pela Organização Oeste Africana de Saúde(OOAS).

Segundo um comunicado distribuído terça-feira à imprensa, em Abidjan, apesar de seu impacto devastador, não existem atualmente vacinas licenciadas para se proteger contra o vírus causador da doença de Lassa.

“O candidato vacinal mais avançado foi desenvolvido pela IAVI, com financiamento da CEPI e da European $ Dveloping Countries Clinical Trials Partnership. Este promissor candidato vacinal encontra-se atualmente a ser avaliado num  ensaio clínico, destinado  a testar a segurança e a imunogenicidade da vacina, no Gana, Libéria e Nigéria”, lê-se no comunicado.

O documento refere tratar-se do estudo mais avançado de uma vacina contra Lassa realizado no mundo inteiro.

Os ministros da saúde do espaço  CEDEAO reafirmaram o apoio político à aceleração da preparação da vacina contra a febre Lassa, enquanto propriedade estratégica regional em matéria de saúde e pilar fundamental da resposta às  pandemias que fustigam a região.

Ainda sublinharam o seu duplo papel no reforço dos sistemas nacionais de saúde e da resiliência colectiva.

A febre de Lassa, refere o comunicado, pode servir de modelo para uma integração e coordenação mais ampla dos esforços de  financiamento da saúde pública na sub-região. 

Os ministros da saúde da zona CEDEAO ainda assumiram o compromisso de reforçar as plataformas nacionais e regionais, de modo  a assegurar que os centros de ensaios clínicos, os laboratórios, as  autoridades reguladoras e os esforços de  envolvimento comunitário em toda a África  Ocidental estejam preparados para viabilizar a investigação clínica em fases avançadas, necessária para levar uma vacina contra a febre Lassa até a sua aprovação, e para ainda reforçar a capacidade de resposta da região à outras ameaças epidémicas e pandémicas.

Reagindo ao compromisso assumido pelos ministros da Saúde, o Diretor-geral da OOAS, Melchior Athanase J.C. Aissi afirmou que a organização que dirige se orgulha de convocar e coordenar esse compromisso histórico.

Para a sua produção , os ministros da saúde, reunidos a porta fechada em Abidjan, concordaram em co-financiar  a vacina, e Aissi diz que  a decisão demonstra que a África Ocidental está pronta para  liderar soluções contra a febre de Lassa e outras ameaças pandémicas.

“A solidariedade regional é o nosso maior triunfo, a OOAS continuará a impulsionar esta abordagem unida”, disse Melchior.

Para Mark Fainberg, presidente e Diretor  Executivo da IAVI, ao assumir esse compromisso, os ministros da Saúde da CEDEAO não só estão ao passo mais perto de uma vacina contra a febre Lassa,  a um preço que seja acessível, mas também, a contruir uma parceria global de saúde que pode servir  de novo modelo para  promover  o desenvolvimento e garantir um fornecimento sustentável e acessível de vacinas contra  doenças para as quais  não existe incentivo  comercial para o investimento por parte de empresas privadas com fins  lucrativos.

Como próximos passos , os ministros concordaram  em coordenar com os respectivos países, a fim de  garantir que as capacidades necessárias estejam em vigor para apoiar o desenvolvimento da vacina em fases avançadas e aperfeiçoar a abordagem regional de financiamento.

Está previsto que a OOAS e seus parceiros convocassem  um grupo de trabalho composto por países para alinhar esforços de mobilização de recursos.

Segundo o comunicado , estima-se que centenas  de milhares  de pessoas na África  Ocidental sejam afectadas pela Lassa todos os anos, sendo que  a doença provoca  quase 4.000 mortes, e perdas de produtividade no valor de 110 milhões  de dólares anuais na região.

Os sintomas  da doença variam entre dores de cabeça ligeiras, vômitos, inchaços e hemorragias generalizadas que podem ser fatais.

Entre as vitimas da doença que recuperam podem ficar com problemas de perda  de audição.

A segunda conferência internacional sobre a febre de Lassa reúne  cientistas, especialistas em saúde pública,  desenvolvedores  de vacinas ,decisores políticos, sociedade civil e parceiros regionais, que partilham conhecimentos, analisam progressos e forjam novas parcerias. 

A Guiné-Bissau foi representada nesta reunião pelo ministro da Saúde Pública, Augusto Gomes.ANG

(Despacho do jornalista Salvador Gomes, convidado pela CEDEAO para cobertura da conferência)

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