Médio Oriente/Eventual anexação da Cisjordânia por Israel é
considerada "linha vermelha" por Abu Dhabi
Bissau, 04 set 25(ANG) - Os Emirados Árabes Unidos,
que normalizaram suas relações com Israel em 2020, teceram um alerta nesta
quarta-feira contra qualquer tentativa de anexação por parte de Israel da
Cisjordânia ocupada, declarando que isto representaria uma "linha
vermelha".
"A anexação (de territórios)
na Cisjordânia constituiria uma linha vermelha para os Emirados Árabes Unidos", afirmou Lana Nusseibeh, vice-ministra responsável
pelos assuntos políticos no Ministério das Relações Exteriores, em comunicado.
Estas declarações surgem numa altura em
que vários órgãos de comunicação social israelitas indicam que o governo de
Benjamin Netanyahu encara a possibilidade de anexar territórios da Cisjordânia
em resposta ao reconhecimento do Estado da Palestina previsto por vários
países, por ocasião da Assembleia Geral da ONU nestes próximos dias.
Ainda nesta quarta-feira, o ministro das
Finanças de extrema-direita, Bezalel Smotrich, preconizou a anexação de grandes
porções deste território palestiniano ocupado por Israel, na sequência da
aprovação no mês passado de um projecto prevendo a construção de habitações
suplementares para os colonos.
A seu ver, a concretizar-se, este
projecto permitiria "retirar
da agenda, de uma vez por todas, a ideia de dividir a nossa minúscula terra e
estabelecer no seu centro um Estado terrorista".
Este projecto que tornaria impossível a
instauração física de um Estado palestiniano por dividir em dois o território
da Cisjordânia, foi considerado ilegal e condenado a nível internacional, sendo
que nesta quarta-feira, o governo dos Emirados apelou o governo israelita
a "suspender esses
planos".
Independentemente disto e apesar de
reservas exprimidas inclusivamente no seio das suas forças armadas, Israel
continua os preparativos da sua vasta ofensiva terrestre contra a cidade de
Gaza, considerada como sendo o último bastião do Hamas.
Nesta quarta-feira, um alto funcionário
militar israelita afirmou que o exército prevê criar uma "zona humanitária" na
Faixa de Gaza para receber o "milhão" de
palestinianos que poderiam ter de fugir da cidade de Gaza, no âmbito da grande
ofensiva a realizar-se nas próximas semanas.
A ONU estima em quase um milhão, o
número de habitantes da província de Gaza (norte), incluindo a cidade de Gaza e
os seus arredores.
A Cruz Vermelha Internacional teceu
advertências na semana passada sobre uma evacuação em massa da população da
cidade de Gaza, considerando "impossível" que
ela ocorra "de forma segura e digna nas condições actuais.
A situação é considerada tanto mais
preocupante para as pessoas que ficaram com uma deficiência devido à guerra.
Segundo dados divulgados hoje pelo
Comité dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPH), pelo menos 157.114
pessoas ficaram feridas nestes quase dois anos de guerra e mais de 25% estão em
risco de incapacidade vitalícia.
Ainda de acordo com este órgão das
Nações Unidas, pelo menos 21 mil
crianças vivem com uma deficiência causada pela guerra em Gaza, ou seja,
mais da metade das mais de 40 mil as crianças feridas no conflito.
O comité que pede a Israel medidas específicas para proteger crianças com deficiência contra ataques, pede igualmente ao Estado Hebraico a implementação de protocolos de evacuação que levem as pessoas com deficiência em consideração, argumentando designadamente que "pessoas com deficiência são forçadas a fugir em condições perigosas e indignas, como rastejar na areia ou na lama, sem auxílio à mobilidade".ANG/RFI

Sem comentários:
Enviar um comentário