Julgamento de Bolsonaro/Brasileiros querem justiça, mas interpretações
variam
Bissau, 04 set 25(ANG) – O Presidente
brasileiro Lula da Silva, disse na terça-feira que a prioridade no julgamento
do seu antecessor, Jair Bolsonaro, é que "a justiça seja feita". No
entanto, entre quem assiste ao julgamento e consoante as preferências políticas
a noção de justiça oscila entre os fiéis do bolsonarismo e os que consideram o
ex-chefe de Estado como um golpista.
Bolsonaro não esteve presente, mas só o
facto de este julgamento estar a ser levado a cabo já é muito importante
considerou Nancelia, uma advogada instalada em Brasília.
"Eu
acho que é importante, por essa questão de se evitar que esses actos se
repitam. A gente já teve um golpe em 1964 que não teve julgamento de nenhuma
dessas pessoas que praticaram esse golpe. E nós estamos vendo hoje novamente. A
gente quase teve um golpe, né?", disse a advogada.
Nancélia representa apenas uma parte da
sociedade brasileira, com muitos cidadãos a continuarem a manter-se ao lado do
ex-Presidente, mesmo com o Ministério Público a apontar o dedo a Bolsonaro e
aos seus cúmplices acusando-o de querer não só "assegurar a sua permanência
no cargo", como de ter tentado usurpar o poder mesmo depois de o resultado
das eleições lhe ter sido desfavorável.
Para Joao Vitor, mais próximo do campo
político de Jair Bolsonaro, o que se está a passar no tribunal não é
democrático.
"Mexe na democracia, mexe na igualdade, então acho que precisamos passar
por uma limpeza no judicial brasileiro", garantiu.
Este jovem refere-se ao papel de
Alexandre de Moraes no julgamento. Antigo presidente do Tribunal Superior
Eleitoral do Brasil entre 2022 e 2024, Alexandre de Moraes é actualmente
ministro do Supremo Tribunal Federal e relator da acção penal contra o
ex-presidente Jair Bolsonaro. Para além disso, Moraes terá sido também visado
pelos crimes dos quais o antigo Presidente está acusado, havendo suspeitas de
possíveis tentativas de homicídio contra o juiz.
No entanto, Moraes garante que os
tribunais brasileiros serão imparciais.
"Essa tentativa de obstrução, não afectou a imparcialidade e a
independência dos juízes do Supremo Tribunal Federal, que darão, como estamos
dando agora a normal sequência no devido processo legal que é acompanhado por
toda a sociedade e toda a imprensa brasileira", declarou
Alexandre de Moraes.
Já Lula da Silva, actual Presidente, só
quer "que seja feita justiça".
"A minha expectativa é que o tribunal julgue quem está julgando em função
dos autos do processo. Ninguém está julgando ninguém pessoalmente. Ou seja, tem
um processo, tem os autos, tem delações, tem provas e a pessoa que está sendo
acusada tem o direito à presunção da inocência. Ele pode-se defender como eu
não pude me defender e eu não reclamei. Eu não fiquei chorando. Eu fui à luta.
Se é inocente, prove que é inocente. Prove que não tem nada a ver com isso.
Está de bom tamanho. O que eu espero é isso que seja feita justiça, respeitando
o direito da presunção de inocência de quem está sendo julgado. É só isso que
eu desejo", disse o actual Presidente brasileiro.
O julgamento continua hoje e Jair Bolsonaro está novamente ausente, acompanhando o julgamento pela televisão em casa, onde se encontra em prisão domiciliária. Os seus advogados vão falar hoje ao tribunal e a sessão deve continua na próxima terça-feira.ANG/RFI

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