Madagáscar/ Exército põe fim ao poder de Rajoelina após semanas de contestação
Bissau, 15 Out 25 (ANG) – O exército de Madagáscar anunciou, terça-feira, a tomada do poder, confirmando o fim do mandato de Andry Rajoelina, em exílio, depois de quase três semanas de manifestações conduzidas pela juventude malgaxe.
O coronel Michael Randrianirina, chefe da unidade de elite
CAPSAT e figura central do movimento militar que se juntou aos manifestantes,
declarou que as forças armadas assumiam a direcção do Estado e anunciou a
dissolução do Senado e do Alto Tribunal Constitucional. A Assembleia Nacional,
que acaba de adoptar uma moção de destituição contra o chefe de Estado, é por
enquanto mantida.
Eleito em 2018 e reeleito em 2023 num escrutínio boicotado pela
oposição, Andry Rajoelina enfrentava, desde finais do mês de Setembro,
contestações na rua. Inicialmente provocadas pela falta de água e
electricidade, as manifestações passaram rapidamente a denunciar a corrupção, a
degradação dos serviços públicos e a apropriação das riquezas por uma elite
restrita.
O movimento, liderado pela geração designada Gen Z, provocou
fracturas dentro do exército. No domingo, o Presidente deixou discretamente
Madagáscar a bordo de um avião militar francês, segundo várias fontes da RFI.
Os oficiais responsáveis pela tomada de poder afirmam querer
instaurar um Conselho de Defesa Nacional de Transição, que vai exercer o poder
executivo com um governo civil reduzido. Deve ser designado um
primeiro-ministro de consenso "em
concertação com a juventude mobilizada", com a promessa de
organizar eleições num prazo máximo de dois anos.
A presidência malgaxe denunciou uma "tentativa de golpe de
Estado" e garantiu que o Andry Rajoelina permanecia "em funções". Mas
as imagens de blindados em frente às instituições e a partida do chefe de
Estado fragilizam esta versão.
Em Paris, o Presidente francês Emmanuel Macron apelou à manutenção
da "ordem
constitucional", enquanto Washington exortou as partes a
procurarem uma solução pacífica. No terreno, a tensão mantém-se: milhares de
jovens juntaram-se esta terça-feira à noite em Antananarivo, gritando palavras
de ordem hostis a Andry Rajoelina e à França.
Em 2009, o mesmo corpo militar, o Capsat, contribuiu para a
ascensão de Andry Rajoelina ao poder. 17 anos depois, o ciclo repete-se, mas
desta vez sob a pressão directa de uma geração que rejeita a classe política
tradicional.ANG/RFI

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