Ucrânia/UE
adverte na Índia que resposta a agressão russa definirá ordem internacional
Bissau,
26 Abr 22(ANG) – A presidente da Comissão Europeia advertiu segunda-feira, na
Índia, um país que se tem mantido neutral relativamente à guerra na Ucrânia,
que a resposta da comunidade internacional à agressão militar russa vai definir
a futura ordem internacional.
“Este
é um momento decisivo. As nossas decisões nestes dias irão moldar as décadas
vindouras. A nossa resposta de hoje à agressão da Rússia decidirá o futuro do
sistema internacional e da economia global”, alertou Ursula Von der Leyen,
durante um discurso na mais importante conferência multilateral na Índia
consagrada à geopolítica, o «Diálogo Raisina», em Nova Deli.
“Será
que a abominável devastação vencerá ou a humanidade prevalecerá? Será o direito
de poder a dominar ou será o Estado de direito? Haverá conflitos e lutas
constantes ou um futuro de prosperidade e paz comum?”, questionou, durante a
sua intervenção, retransmitida em Bruxelas.
Von
der Leyen, que termina hoje uma viagem de dois dias à Índia, alertou que “o
desfecho da guerra não só determinará o futuro da Europa, mas também afetará
profundamente a região do Indo-Pacífico e o resto do mundo”.
Sublinhando
que, “para a região do Indo-Pacífico é tão importante como para a Europa que as
fronteiras sejam respeitadas e que as esferas de influência sejam rejeitadas”,
a presidente da Comissão alertou para “a amizade sem limites” declarada entre
China e Rússia e, falando perante as principais figuras políticas da Índia –
país que, face às suas relações com a Rússia, tem mantido uma postura neutral
no conflito -, advertiu que é necessária uma reflexão sobre o que significa,
“para a Europa e para a Ásia, que a Rússia e a China tenham forjado um pacto
aparentemente desenfreado”.
Rússia
e China “declararam que a amizade entre si não tem «limites» e que não existem
«áreas de cooperação proibidas». Isto foi em Fevereiro deste ano. E depois
seguiu-se a invasão da Ucrânia. O que podemos esperar das «novas relações
internacionais» que ambos reclamaram?”, questionou.
Iniciando
a sua intervenção sublinhando que União Europeia e Índia são parceiros naturais
e próximos apesar da distância geográfica, a presidente do executivo
comunitário ressalvou que, no entanto, nem todos partilham os valores do estado
de direito e liberdades fundamentais pelos quais UE e Índia se regem, apontando
que “a realidade é que os princípios fundamentais que sustentam a paz e a
segurança em todo o mundo estão em jogo”.
Focando
então a sua intervenção na guerra em curso no leste da Europa, Von der Leyen
deu conta da sua recente deslocação à Ucrânia, onde pôde testemunhar no terreno
a devastação provocada pelo exército russo e as graves violações do direito
internacional.
“As
imagens provenientes do ataque da Rússia à Ucrânia chocaram e continuam a
chocar o mundo inteiro. Há duas semanas, visitei Bucha, um subúrbio de Kiev que
foi devastado pelas tropas russas, à medida que se retiravam do norte da
Ucrânia. Vi com os meus próprios olhos os corpos alinhados no chão. Vi as valas
comuns. Ouvi os sobreviventes de crimes atrozes cometidos pelos soldados do
Kremlin. Vi as cicatrizes de escolas, casas de residentes e hospitais
bombardeados”, disse.
A
presidente da Comissão enfatizou então que “visar e matar civis inocentes”,
redefinir as fronteiras “pela força” e “subjugar a vontade de um povo livre”
são “graves violações do direito internacional” e vão contra os princípios
fundamentais consagrados na Carta das Nações Unidas.
“Na
Europa, vemos a agressão da Rússia como uma ameaça direta à nossa segurança.
Garantiremos que a agressão não provocada e injustificada contra a Ucrânia será
um fracasso estratégico. É por isso que estamos a fazer tudo o que está ao
nosso alcance para ajudar a Ucrânia a lutar pela sua liberdade. É por isso que
impusemos imediatamente sanções maciças, severas e eficazes”, disse.
Argumentando
que as sanções impostas pela UE à Rússia estão “inseridas numa estratégia mais
ampla que tem também elementos diplomáticos e militares” e foram concebidas de
modo a poderem ser mantidas durante um longo período de tempo, o que dá força
negocial em busca de “uma solução diplomática que garanta uma paz duradoura”,
Von der Leyen exortou então “todos os membros da comunidade internacional a
apoiarem” os esforços em prol dessa paz duradoura.
A
Rússia lançou em 24 de Fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou
mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade
de o número real ser muito maior.
A
guerra causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de
5,16 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a
pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
ANG/Inforpress/Lusa