Ambiente/Micro-plásticos podem transportar para os oceanos germes que causam doenças – investigação
Bissau, 26 Abr 22(ANG) – Os micro-plásticos que poluem os oceanos podem ser veículos para germes patogénicos terrestres que provocam doenças em organismos marinhos e seres humanos, concluíram cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
A
investigação, publicada hoje no boletim Scientific Reports, é a primeira em que
se admite que os micro-plásticos – fragmentos com tamanho inferior a cinco
milímetros – podem disseminar doenças transmitidas por organismos como
‘Toxoplasma gondii’, ‘Cryptosporidium’ ou ‘Giardia’, que podem chegar aos seres
humanos através do consumo de marisco.
“É
fácil as pessoas desvalorizarem o problema dos plásticos nos oceanos como algo
que não lhes diz respeito, mas quando se fala de doenças e saúde, torna-se mais
fácil adoptar mudanças. Os micro-plásticos deslocam germes de um lado para o
outro e podem acabar na nossa comida e água”, afirmou a investigadora Karen
Shapiro, especialista em doenças infecciosas.
O
‘Toxoplasma gondii’ é um parasita que se encontra nas fezes dos gatos e que já
infectou muitas espécies oceânicas com a doença toxoplasmose, como espécies de
golfinhos e focas, além de provocar doenças prolongadas em seres humanos e
problemas reprodutivos.
‘Cryptosporidium’
e ‘Giardia’ provocam doenças gastrointestinais e podem ser fatais para crianças
pequenas e pessoas imunocomprometidas.
Os
autores do estudo estudaram em laboratório maneiras como os patogénicos
analisados se podem associar aos plásticos na água do mar, sobretudo os que são
utilizados em produtos cosméticos e os que vão parar ao mar com as águas de
lavagem de roupa ou a partir de redes de pesca.
Embora
os parasitas se fixem mais aos micro-plásticos da roupa e das redes de pesca,
todos os tipos de plástico analisados são capazes de transportar patogénicos.
Os
micro-plásticos que flutuam à superfície podem deslocar-se grandes distâncias,
espalhando microrganismos para bem longe da sua origem. Os que se afundam
concentram-se no leito do mar, onde animais como ostras e outros tipos de
bivalves vivem, aumentando a probabilidade de consumirem quer o plástico quer
os microrganismos que causam doenças.
“Os
plásticos enganam os invertebrados. Estamos a alterar as redes naturais de
alimentação ao introduzir este material de fabrico humano que também pode
transportar parasitas mortíferos”, referiu Shapiro.
A
investigadora Chelsea Rochman, especialista em poluição e professora de
Ecologia na Universidade de Toronto, afirmou que há maneiras de evitar que os
plásticos cheguem ao oceano, como a colocação de filtros nas máquinas de lavar
e secar e nas saídas de águas residuais. ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário