sexta-feira, 22 de abril de 2022

                     França/Último dia de campanha para as presidenciais

Bissau, 22 Abr 22 (ANG) – Em França esta sexta-feira é o último dia de campanha para a segunda volta das eleições presidenciais deste domingo, 24 de Abril.

As atenções estão voltadas para os apoiantes de Jean-Luc Mélenchon e para a taxa de abstenção, que foi de 26,31% na primeira volta, assim como para os votos em branco e nulos que já tinham atingido um recorde em 2017.

Emmanuel Macron e Marine Le Pen realizam as últimas acções de campanha para convencer os indecisos e tentar conquistar, nomeadamente, o voto dos que escolheram Jean-Luc Mélenchon na primeira volta, a 10 de Abril, e que representaram cerca de 7,7 milhões de votos (21,95%).

 O terceiro candidato mais votado pediu aos seus apoiantes para não darem “uma única voz a Marine Le Pen”, mas não disse para votarem em Emmanuel Macron.

Uma sondagem realizada, esta semana, pelo instituto Ipsos-Sopra indica que cerca de um terço dos eleitores de Jean-Luc Mélenchon pretendem votar no Presidente cessante, mas que metade dos eleitores não sabem ainda o que farão. A campanha para esta segunda volta ficou, assim, marcada pela caça ao voto dos eleitores de Jean-Luc Mélenchon. Marine Le Pen prometeu “proteger os mais vulneráveis” e Emmanuel Macron resgatou a ecologia para os seus discursos.

Os politólogos ouvidos pela AFP apontam para o risco de uma elevada abstenção, que foi de 26,31% na primeira volta, e para os votos em branco e nulos que já tinham atingido um recorde na segunda volta das presidenciais de 2017, com os mesmos candidatos: mais de 10%, ou seja, três milhões de votos em branco e um milhão de boletins nulos. Algo que foi visto como a recusa de milhões de franceses de escolherem entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen.

As últimas sondagens apontam para uma vantagem de Emmanuel Macron com 54% dos votos contra 46% para Marine Le Pen. Porém, se a abstenção ou os votos em Marine Le Pen forem mais importantes do que o previsto pelas sondagens, a batalha será bem mais apertada entre os dois candidatos.

Esta quinta-feira, os primeiros-ministros de Portugal e Espanha e o chanceler alemão apelaram à votação em Emmanuel Macron, defendendo que a França deve permanecer do lado dos valores da Europa.

No estrangeiro, como em França, muitos temem ver a extrema-direita a chegar ao poder e a dirigir os destinos de uma potência mundial, membro do Conselho de Segurança da ONU e dotada da arma nuclear. Na primeira volta, a 10 de Abril, mais de 30% dos eleitores votaram na extrema-direita: 23,15% em Marine Le Pen e 7,07% em Éric Zemmour.

Em 2017, na noite em que foi eleito, Emmanuel Macron prometeu fazer “tudo” para que os eleitores “não tivessem mais razões para votar nos extremos”, mas o seu mandato foi marcado pela contestação dos coletes amarelos, pelos protestos contra a reforma das pensões e pela crise social provocada pela Covid-19.

O debate televisivo de quarta-feira e a campanha para esta segunda volta destacaram as divergências dos dois candidatos nos mais diversos temas: Europa, economia, poder de compra, relações com a Rússia, pensões e imigração.

Seja quem for o vencedor, as eleições legislativas de Junho já são apresentadas como “a terceira volta”. Jean-Luc Mélenchon revelou a sua ambição de ser primeiro-ministro e impor uma coabitação, apelando ao voto em massa pelos deputados do seu partido, a França Insubmissa, num contexto em que Emmanuel Macron e Marine Le Pen poderão ter dificuldades em obter uma maioria. ANG/RFI

 

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