Ucrânia/Rússia quer controlar sul e leste para criar corredor para a Crimeia
Bissau, 22 Abr 22(ANG) – A Rússia quer controlar o sul da Ucrânia e a região do Donbass (leste) para criar um corredor para a Crimeia, a península ucraniana anexada por Moscovo em 2014, disse hoje um comandante militar russo.
“Desde
o início da segunda fase da operação especial, há dois dias, um dos objetivos
do exército russo é estabelecer o controlo total sobre o Donbass e o sul da
Ucrânia”, afirmou o comandante-adjunto do Distrito Militar Central da Rússia,
general Rustam Minnekayev, citado pela agência francesa AFP.
Durante
uma reunião com empresas do complexo militar industrial russo em Yekaterinburg
(Urais), Minnekayev explicou que esse controlo “assegurará um corredor
terrestre para a Crimeia”.
Assegurará
também “influência nas infraestruturas vitais da economia ucraniana, os portos
do Mar Negro, através dos quais os produtos agrícolas e metalúrgicos são
entregues”, acrescentou.
As
declarações do general russo parecem confirmar que Moscovo também pretende
conquistar Odessa, o maior porto ucraniano e a terceira maior cidade do país,
segundo a AFP.
Minnekayev
disse que o domínio do sul da Ucrânia também ajudará os separatistas pró-russos
da Transnístria, que controlam, desde 1992, este território moldavo que faz
fronteira com a Ucrânia e onde a Rússia mantém uma guarnição militar.
“O
controlo do sul da Ucrânia é também um corredor para a Transnístria, onde há
também casos de opressão da população de língua russa”, afirmou.
Antiga
república soviética, a Moldova é um pequeno país de língua romena com um
governo pró-ocidental.
A
Rússia apresenta a ofensiva na Ucrânia, lançada em 24 de Fevereiro, como uma
operação para proteger a população de língua russa.
“Estamos
a combater o mundo inteiro, neste momento, como na Grande Guerra Patriótica”,
disse ainda o general Minnekayev, recorrendo ao nome dado na Rússia à Segunda
Guerra Mundial (1939-1945).
“Toda
a Europa, todo o planeta estava contra nós na altura. Agora, é a mesma coisa,
eles nunca gostaram da Rússia”, acrescentou.
O
Presidente Vladimir Putin anunciou, na quinta-feira, a “libertação” do porto
estratégico ucraniano de Mariupol (sudeste), que está no centro de uma grande
batalha há quase dois meses.
Putin
ordenou ao ministro da Defesa, Serguei Shoigu, a suspensão do assalto à
metalúrgica Azovstal, em cujos túneis estão entrincheirados os defensores de
Mariupol, mas mantendo o enorme complexo cercado para que nem uma “mosca possa
passar”.
Horas
depois, a empresa de tecnologia espacial norte-americana Maxar Technologies
divulgou imagens de satélite da possível existência de mais de 200 valas comuns
perto de Mariupol, que as autoridades ucranianas dizem ter sido usadas pelos
russos para enterrar 9.000 civis.
ANG/Inforpress/Lusa
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