Ucrânia/Rússia nega “categoricamente” massacre de civis em Busha
“Rejeitamos categoricamente todas as
acusações”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a jornalistas,
alegando que especialistas do Ministério da Defesa russo encontraram sinais de
“adulteração de vídeo” e de “falsificações” nas imagens apresentadas pelas
autoridades ucranianas como prova de um massacre de civis atribuído à Rússia.
O chefe da Comissão de Investigação da
Rússia, Alexander Bastrykin, ordenou “uma avaliação judicial da provocação por
parte da Ucrânia sobre o homicídio de civis em Busha”, indicou hoje um
comunicado deste órgão responsável pelas principais investigações criminais no
país.
“Para desacreditar os militares
russos, o Ministério da Defesa ucraniano divulgou à comunicação social
ocidental imagens filmadas em Busha, na região de Kiev, como prova de um
homicídio em massa de civis”, refere.
No entanto, acrescenta, “de acordo com
informações do Ministério da Defesa russo, todos os materiais divulgados pelo
regime de Kiev sobre os crimes dos militares russos nesta localidade não
correspondem à realidade e são de natureza provocativa”.
Segundo a mesma fonte, Bastrykin
ordenou que fossem tomadas “medidas exaustivas” para identificar todos os
envolvidos e determinar se devem ser processados por divulgar “informações
falsas” sobre o exército russo, crime introduzido no código penal russo após a
invasão da Ucrânia e passível de 15 anos de prisão.
Imagens nas televisões e jornais de
dezenas de corpos em valas comuns ou espalhados pelas ruas dos arredores da
capital ucraniana, no fim de semana, na sequência da retirada russa, estão a
chocar os países ocidentais.
O número total de mortos ainda é
incerto, mas, segundo a Procuradora-Geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, os
corpos de 410 civis foram encontrados nos territórios da região de Kiev
recentemente recapturados às tropas russas.
O presidente ucraniano, Volodymyr
Zelensky, acusou no domingo a Rússia de cometer “genocídio” na Ucrânia, depois
de o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, ter
denunciado o que descreveu como “massacre deliberado”.
A União Europeia, Espanha, Polónia,
Alemanha, Reino Unido, França, Japão, Canadá e Estados Unidos, entre outros,
condenaram publicamente e defenderam novas sanções à Rússia.
Moscovo já tinha anunciado a intenção
de investigar o que considera uma “provocação” destinada a “desacreditar” as
forças russas na Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de Fevereiro uma
ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.417 civis, incluindo 121
crianças, e feriu 2.038, entre os quais 171 menores, segundo os mais recentes
dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis
ser muito maior.
A invasão russa foi condenada pela
generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de
armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a
Moscovo. ANG/Inforpress/Lusa
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