Genocídio
no Ruanda: Kabuga começa a
ser julgado
Bissau, 29 Set
22 (ANG) - Félicien Kabuga, suspeito de financiar o genocídio no Ruanda em
1994, começou a ser julgado esta quinta-feira, 29 de Setembro, num tribunal das
Nações Unidas, em Haia.
O julgamento iniciou esta manhã diante do
Mecanismo Internacional, responsável por concluir o trabalho do Tribunal Penal
Internacional para o Ruanda.
Na sessão de abertura, o procurador Rashid
S Rachid declarou que, vinte e oito anos depois, o julgamento pretende fazer
com que Félicien Kabuga assuma as responsabilidades que teve no genocídio do
Ruanda.
Félicien Kabuga, que beneficia de uma
autorização médica para seguir a audiência em videoconferência, não esteve
presente na sala de audiências.
O antigo homem de negócios é acusado de
ter colocado a sua riqueza e os seus contactos ao serviço do genocídio que fez
mais de 800 mil mortos, essencialmente na minoria tutsi.
Depois de ter passado 25 anos a ser
procurado pela polícia, Félicien Kabuga foi detido em 2020, em Paris, sob a
acusação de ter participado na criação das milícias Hutu Interahamwe, o braço
armado do regime genocida hutu.
Félicien Kabuga é igualmente suspeito de
ter contribuído em 1993 para a compra maciça de catanas que foram distribuídas
às milícias em 1994. Ele foi também presidente da Radio Televisão Libre das Mil
Colinas, em 1994, que transmitia chamadas telefónicas que incitavam à morte de
tutsis.
A acusação vai apresentar mais de 50
testemunhas durante o julgamento de Félicien Kabuga, um dos últimos suspeitos
do genocídio ruandês a ser julgado, depois de 62 condenações já proferidas pelo
Tribunal Penal Internacional para o Ruanda.
Aos 87 anos, Félicien Kabuga declara-se
inocente. ANG/RFI
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