ONU/”Crises globais deixam Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável fora de alcance”,diz Guterres
Bissau,
19 Set 22 (ANG) – O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse hoje que
as crises globais “atiram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
para fora de alcance” e pediu unidade aos líderes internacionais para
“recolocar o mundo nos eixos”.
Guterres
avaliou que os ODS estão cada vez mais longe de serem atingidos, com o mundo em
“grande perigo”, afetado por “conflitos e catástrofes climáticas, “desconfiança
e divisão”, “pobreza, desigualdade e discriminação”, “aumento dos custos de
alimentos e energia”, “desemprego e rendimentos em declínio”, “deslocamentos em
massa”, “efeitos contínuos de uma pandemia global” e “falta de acesso a
financiamento para os países em desenvolvimento recuperarem da maior crise numa
geração”.
“Diante
de tais perigos, é tentador deixar de lado as nossas prioridades de
desenvolvimento de longo prazo, deixá-los para tempos mais favoráveis. Mas o
desenvolvimento não pode esperar”, frisou, apontando para a urgência de avanços
na Educação, emprego digno, igualdade total para mulheres e meninas, Saúde,
ação climática significativa e proteção da biodiversidade.
De
acordo com o ex-primeiro-ministro português, os jovens – e as gerações futuras
– exigem ação por parte dos líderes internacionais e “não podem ser
dececionados”.
Num
momento em que chefes de Estado e de Governo de todo o mundo se encontram
reunidos na sede da ONU, em Nova Iorque, Guterres tem nessa reunião “esperança
de que possam colocar a mão na roda do progresso e seguir um novo rumo”.
Numa
longa lista de necessidades e objetivos, o líder da ONU advogou ser preciso um
maior financiamento e investimento dos setores público e privado; uma
arquitetura financeira reformada que beneficie os países em desenvolvimento
através de financiamento crítico e alívio da dívida; que Governos invistam
fortemente na saúde, educação e bem-estar de todas as pessoas – incluindo
refugiados e migrantes; assim como uma proteção social universal expandida para
proteger os cidadãos contra choques económicos, ao mesmo tempo em que aumenta a
criação de empregos.
Em
relação ao clima, uma das maiores prioridades de Guterres, este exortou para
que seja travada a “dependência suicida de combustíveis fósseis e iniciada a
transição de energia renovável em todos os países”.
“Precisamos
de salvar o nosso planeta – que está literalmente a arder. Isso significa
enfrentar a tripla crise planetária de colapso climático, perda de
biodiversidade e poluição”, sublinhou.
Sem
referir diretamente a guerra da Rússia na Ucrânia, António Guterres salientou
que “acima de tudo, não pode haver futuro sustentável sem paz”.
“A
tarefa diante de nós é imensa. (…) Vamos ao trabalho. Vamos colocar o nosso
mundo de volta nos eixos”, conclui o chefe das Nações Unidas, apontando a
necessidade de unidade perante “os perigos que enfrentamos”.
Também
o presidente da 77ª Assembleia-Geral, Csaba Korosi, discursou no “Momento ODS”,
avaliando que este não é um evento político comum, mas um alerta anual, um
“lembrete para todos nós do que deveríamos ter feito e, mais importante, o que
devemos fazer para tornar realidade a visão da Agenda 2030”.
Com
um discurso mais duro do que o de Guterres, o diplomata húngaro recordou que
quando os ODS foram criados, foi alcançada uma “união entre o sul e o norte do
globo para um acordo histórico”, mas advogou que os Estados-Membros estão hoje
a falhar nos seus objetivos.
“Aceito
que tivemos a covid-19 a varrer o mundo, mas isso não pode ser desculpa para a
inação nos restantes ODS”, disse.
“Precisamos
de iniciativas da sociedade civil, da voz e da paixão da juventude, do apoio do
setor privado, mas, sobretudo, a vós, Estados-Membros, para cumprir as
promessas feitas. Os 17 Objetivos Globais são a nossa ‘Lista de Tarefas’. Eles
devem ser a lista de tarefas de todos os líderes nesta sala. Nós somos as
pessoas que podem fazer isso”, concluiu Korosi.
ANG/Inforpress/Lusa
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