terça-feira, 20 de setembro de 2022

ONU/ 150 dirigentes debruçam-se sobre os desafios mundiais na Assembleia Geral

Bissau, 20 Set 22 (ANG) - Esta semana, todos os olhares estão voltados para Nova Iorque onde decorre a 77ª Assembleia Geral da ONU, com 150 líderes mundiais a tomar a palavra sobre um mundo dilacerado pela guerra na Ucrânia, a insegurança alimentar, a urgência climática e a crise da covid-19. 

Depois de uma cimeira nesta segunda-feira sobre a educação, os chefes de Estado e de governo da ONU vão suceder-se a partir de amanhã na tribuna das Nações Unidas em modo presencial pela primeira vez desde a pandemia.

Com efeito, nestes últimos dois anos, devido à covid-19, boa parte dos discursos dos representantes de cada país foram proferidos através de gravações vídeo.

Única excepção à regra será o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que na impossibilidade de sair do seu país, foi autorizado por uma votação especial a expressar-se numa gravação.

Outras ausências notáveis, a do Presidente russo e do seu homólogo chinês, numa altura em que acabam na semana passada de participar na 22ª Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai, entidade que reúne vários países hostis aos Estados Unidos e seus parceiros.

Ainda antes da Assembleia geral da ONU, o secretário-geral da organização denunciou este fim-de-semana as divisões geoestratégicas que a seu ver “nunca foram tão importantes pelo menos desde a Guerra Fria” Referindo-se nomeadamente à questão da Ucrânia, António Guterres apelou à "união" para encontrar soluções aos "desafios dramáticos" enfrentados pelo mundo. Neste sentido, uma reunião do Conselho de Segurança da ONU está desde já agendada para esta quinta-feira.

Estão igualmente previstas discussões sobre a pandemia, a crise energética que ameaça a Europa assim como as mudanças climáticas, a dois meses da COP27 no Egipto, depois de várias semanas em que os Estados Unidos e outros países industrializados sentiram na pele várias ondas de forte calor, incêndios e secas inabituais. Na quarta-feira, está precisamente marcada uma mesa redonda sobre o aquecimento climático.

Igualmente em cima da mesa, estará a questão do nuclear iraniano cujas negociações continuam por desbloquear. Ainda antes de viajar rumo a Nova Iorque, o Presidente iraniano Ebrahim Raisi reclamou “garantias” de que os Estados Unidos não iriam voltar atrás em caso de acordo, como já aconteceu durante a era Trump.

Respondendo de forma indirecta, a chefe da diplomacia da França, país que também participa nas negociações, considerou que a “oportunidade de relançar o acordo parece estar prestes a encerrar”. Catherine Colonna  não excluiu contudo a possibilidade de se organizar um encontro entre o Presidente francês e o seu homólogo iraniano sobre esta questão.

À margem da Assembleia Geral da ONU, deverá também decorrer a cimeira da CEDEAO, com a situação do Mali a ser um dos pratos fortes.

Entretanto, apesar da ausência de uma parte substancial dos responsáveis mundiais que hoje foram prestar uma última homenagem à Rainha Isabel II cujo funeral foi organizado esta segunda-feira em Londres, o secretário-geral da ONU manteve a sua cimeira sobre educação.

No âmbito da abertura deste encontro no qual estão presentes 50 líderes mundiais, António Guterres considerou que actualmente os sistemas de educação "não estão à altura" e que "muitas vezes aprofundam as desigualdades", tornando-se fonte de "grande divisão”.

Ao sublinhar que nos países pobres, 70% das crianças de 10 anos não sabem ler textos elementares, o dirigente da ONU observou ainda que “numa era de desinformação desenfreada, de negação do desafio climático e ataques contra os Direitos Humanos, precisamos de sistemas de educação que façam a distinção entre os factos e as teorias da conspiração, incutam respeito pela ciência e celebrem a humanidade em toda a sua diversidade”.ANG/RFI

 

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