ONU/ 150 dirigentes debruçam-se sobre os desafios mundiais na Assembleia Geral
Bissau, 20 Set 22 (ANG) - Esta semana, todos os
olhares estão voltados para Nova Iorque onde decorre a 77ª Assembleia Geral da
ONU, com 150 líderes mundiais a tomar a palavra sobre um mundo dilacerado pela
guerra na Ucrânia, a insegurança alimentar, a urgência climática e a crise
da covid-19.
Depois de uma cimeira nesta segunda-feira
sobre a educação, os chefes de Estado e de governo da ONU vão suceder-se a
partir de amanhã na tribuna das Nações Unidas em modo presencial pela primeira
vez desde a pandemia.
Com efeito, nestes últimos dois anos,
devido à covid-19, boa parte dos discursos dos representantes de cada país
foram proferidos através de gravações vídeo.
Única excepção à regra será o Presidente
ucraniano Volodymyr Zelensky, que na impossibilidade de sair do seu
país, foi autorizado por uma votação especial a expressar-se numa gravação.
Outras ausências notáveis, a do
Presidente russo e do seu homólogo chinês, numa altura em que acabam na semana
passada de participar na 22ª Cimeira da Organização de Cooperação de Xangai,
entidade que reúne vários países hostis aos Estados Unidos e seus parceiros.
Ainda
antes da Assembleia geral da ONU, o secretário-geral da organização denunciou
este fim-de-semana as divisões geoestratégicas que a seu ver “nunca foram tão
importantes pelo menos desde a Guerra Fria” Referindo-se nomeadamente à
questão da Ucrânia, António Guterres apelou à "união" para
encontrar soluções aos "desafios dramáticos" enfrentados
pelo mundo. Neste sentido, uma reunião do Conselho de Segurança da ONU está
desde já agendada para esta quinta-feira.
Estão igualmente previstas discussões
sobre a pandemia, a crise energética que ameaça a Europa assim como as mudanças
climáticas, a dois meses da COP27 no Egipto, depois de várias semanas
em que os Estados Unidos e outros países industrializados sentiram na pele
várias ondas de forte calor, incêndios e secas inabituais. Na quarta-feira,
está precisamente marcada uma mesa redonda sobre o aquecimento climático.
Igualmente em cima da mesa, estará a
questão do nuclear iraniano cujas negociações continuam por desbloquear. Ainda
antes de viajar rumo a Nova Iorque, o Presidente
iraniano Ebrahim Raisi reclamou “garantias” de que os Estados
Unidos não iriam voltar atrás em caso de acordo, como já aconteceu durante a
era Trump.
Respondendo de forma indirecta, a chefe da
diplomacia da França, país que também participa nas negociações, considerou que
a “oportunidade
de relançar o acordo parece estar prestes a encerrar”.
Catherine Colonna não excluiu contudo a possibilidade de se
organizar um encontro entre o Presidente francês e o seu homólogo iraniano
sobre esta questão.
À margem da Assembleia Geral da ONU,
deverá também decorrer a cimeira da CEDEAO, com a situação do Mali a ser
um dos pratos fortes.
Entretanto, apesar da ausência de uma
parte substancial dos responsáveis mundiais que hoje foram prestar uma última
homenagem à Rainha Isabel II cujo funeral foi organizado esta
segunda-feira em Londres, o secretário-geral da ONU manteve a sua cimeira sobre
educação.
No âmbito da abertura deste encontro no
qual estão presentes 50 líderes mundiais, António Guterres considerou que
actualmente os sistemas de educação "não estão à altura" e
que "muitas
vezes aprofundam as desigualdades", tornando-se fonte de "grande
divisão”.
Ao sublinhar que nos países pobres, 70%
das crianças de 10 anos não sabem ler textos elementares, o dirigente da ONU
observou ainda que “numa era de desinformação desenfreada, de negação
do desafio climático e ataques contra os Direitos Humanos, precisamos de
sistemas de educação que façam a distinção entre os factos e as teorias da
conspiração, incutam respeito pela ciência e celebrem a humanidade em toda a
sua diversidade”.ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário