Nova Iorque/Líderes da CEDEAO decidem aplicar sanções à junta militar da Guiné-Conacri
Bissau, 23 Set 23(ANG) – Os dirigentes dos Estados da África ocidental decidiram, numa cimeira extraordinária na quinta-feira à noite, em Nova Iorque, aplicar “sanções progressivas” contra a junta militar no poder na Guiné-Conacri.
“Decidimos aplicar sanções contra a Guiné”, declarou o presidente da comissão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Omar Aliou Touray, no final de uma cimeira à porta fechada, em Nova Iorque, à margem da Assembleia-Geral da ONUA
decisão foi tomada perante a inflexibilidade dos militares em reduzir o período
de transição do poder para os civis, previsto em 36 meses, para 24.
De
acordo com um documento, consultado pela agência de notícias France-Presse e
confirmado por vários participantes na cimeira, “foi decidido adotar sanções
progressivas contra indivíduos e contra a junta guineense”.
No
mesmo texto é indicado que “muito rapidamente, o presidente em exercício da
CEDEAO [o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló] e o presidente da
comissão da CEDEAO vão estabelecer uma lista de pessoas e, de forma gradual, aplicar as sanções”.
Reunidos
durante várias horas, os líderes da CEDEAO, com exceção do Mali, da
Guiné-Conacri e do Burquina Faso, países dirigidos por juntas militares,
exigiram também a libertação de 46 soldados da Costa do Marfim, detidos no
Mali.
“Condenamos
a detenção dos militares costa-marfinenses. Na terça-feira [27 de setembro], a
CEDEAO vai enviar ao Mali os Presidentes do Gana, do Togo e do Senegal para
obter a libertação” dos soldados, disse Omar Aliou Touray.
“O
tempo dos golpes de Estado acabou”, reiterou.
Na
quarta-feira, o presidente em exercício da CEDEAO e chefe de Estado da
Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, tinha advertido que a junta militar na
Guiné-Conacri poderá enfrentar “pesadas sanções” se insistir em permanecer no
poder por mais três anos.
Em
julho, Embaló afirmou ter convencido a junta militar, que chegou ao poder
através de um golpe de Estado, em setembro de 2021, a reduzir o período de
transição do poder para os civis para 24 meses, mas autoridades nunca
confirmaram e mantêm os 36 meses.
Desde
2020, a região da CEDEAO, que conta 15 países-membros, tem assistido a uma onda
de golpes de Estado, nomeadamente no Mali, na Guiné-Conacri e no Burquina Faso
e alarmada com o risco de contágio a outras nações da zona tem multiplicado
mediações e pressões para o regresso do poder aos civis nestes países. ANG/Inforpress/Lusa
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