Itália/Vaticano impôs sanções
disciplinares a Ximenes Belo há dois anos
Bissau, 29 Set 22 (ANG) -
O Vaticano anunciou hoje ter imposto sanções disciplinares ao bispo timorense
Ximenes Belo nos últimos dois anos, após alegações de que o Nobel da Paz teria
abusado sexualmente adolescentes no seu país nos anos 1990.
Em comunicado, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, diz que o
gabinete que lida com casos de abuso sexual recebeu alegações "sobre o
comportamento do bispo" em 2019 e, no prazo de um ano, tinha imposto
sanções.
As penas incluem limites
aos movimentos do bispo e ao exercício do seu ministério, bem como a proibição
de manter contactos voluntários com menores ou com Timor-Leste.
Estas medidas foram
"modificadas e reforçadas" em Novembro de 2021 e em ambas as ocasiões
Ximenes Belo aceitou formalmente o castigo, acrescenta-se no comunicado, do
porta-voz Matteo Bruni.
O jornal holandês De Groene
Amsterdammer publicou na quarta-feira testemunhos de alegadas vítimas de abusos
sexuais, quando eram crianças, crimes que terão sido cometidos durante vários
anos pelo bispo, ex-administrador apostólico de Díli e Nobel da Paz.
Na sua edição 'online',
o jornal explica ter ouvido várias vítimas e 20 pessoas com conhecimento do
caso, incluindo "individualidades, membros do Governo, políticos,
funcionários de organizações da sociedade civil e elementos da Igreja".
"Mais de metade das
pessoas pessoalmente conhecem uma vítima dos abusos e outros têm conhecimento
do caso. O De Groene Amsterdammer falou com outras vítimas que recusaram contar
a sua história nos 'media'", refere a jornalista Tjirske Lingsma.
O jornal explica que as
primeiras investigações a este alegado abuso remontam a 2002, quando um
timorense denunciou que o seu irmão era vítima de abusos.
Em Novembro desse ano,
Ximenes Belo anunciou a sua resignação do cargo, alegando problemas de saúde e
a necessidade de um longo período de recuperação.
Ximenes Belo, hoje com
74 anos, explicou que o seu pedido - escrito com base no Cânone 401 do código
de direito canónico - foi aceite pelo então papa João Paulo II.
Na quarta-feira, o
representante do Vaticano em Timor-Leste disse à agência Lusa que o caso estava
com os órgãos competentes da Santa Sé, sem confirmar se o prelado foi ou não
investigado.
"Pessoalmente não
posso nem confirmar nem desmentir porque é uma questão de seriedade da minha
parte, visto a competência ser dos meus superiores na Santa Sé", disse à
Lusa Marco Sprizzi, representante do Vaticano em Timor-Leste.
"Esta questão deve
ser dirigida directamente à Santa Sé", referiu, questionado sobre a
veracidade das denúncias de alegados abusos de menores cometidos ao longo de
vários anos por Ximenes Belo, actualmente a residir em Portugal, que foram
publicadas pelo jornal holandês. ANG/Angop
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