França/Macron quer tributação para
combater fome e alterações climáticas
Bissau, 23 Jun 23 (ANG) - O presidente francês, Emmanuel Macron,
apelou hoje à criação de impostos internacionais sobre transações financeiras,
bilhetes de avião e transportes marítimos para financiar a luta contra as
alterações climáticas e a pobreza.
"Ajudem-nos a encontrar todos os países que hoje não têm o
ITF (imposto sobre transações financeiras) e que hoje não têm um imposto sobre
os bilhetes de avião. Ajudem-nos na mobilização junto à Organização Marítima
Internacional, em Julho, para que haja tributação internacional", declarou
Emmanuel Macron numa entrevista aos 'media' France Info, RFI e France 24.
"A tributação internacional aplicada por um único país não
funciona", acrescentou Macron, pouco antes do final da cimeira para um
Novo Pacto Financeiro Global, que acontece desde a quinta-feira em Paris.
O presidente francês não descartou completamente a defesa de um
imposto solidário sobre a riqueza (ISF) a nível global para financiar a luta
contra as mudanças climáticas, depois de o abolir em grande parte em França.
"Removi parte do ISF em França porque fomos quase os únicos
a aplicá-lo", explicou.
É preciso um "ISF climático global"? Penso que
precisamos de um imposto internacional que financie" a luta contra as
alterações climáticas, acrescentou Emmanuel Macron.
O chefe de Estado francês reafirmou, em tom de brincadeira, que
a França está na vanguarda "em matéria de fiscalidade", já que tem
impostos próprios sobre transações financeiras e sobre bilhetes de avião.
"Quem mais fez isso? Ao redor de nós, quase ninguém. Não
funciona quando fazemos sozinhos, porque acabámos por ser punidos, os fluxos
financeiros vão para outro lugar", disse.
"O sector dos transportes marítimos não é de todo tributado
(...). Deve ser tributado, mas não só os intervenientes franceses",
insistiu o chefe de Estado, apelando a outros países ocidentais e à China que
adoptem este projecto em discussão.
Emmanuel Macron elogiou também os progressos "muito
concretos" da cimeira -- organizada pelo chefe de Estado francês -, em
particular sobre a reestruturação da dívida da Zâmbia e o pacto para uma
transição energética "justa" com o Senegal.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou na quinta-feira a
decisão de enviar aos países pobres 100 mil milhões de dólares (92 mil milhões
de euros) dos Direitos Especiais de Saque (DES), espécie de moeda de reserva da
instituição.
"E nós, franceses, vamos deslocar 40% do nosso direito
especial de saque. Já está decidido", anunciou o presidente Macron. ANG/Angop
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