ONU/Secretário-geral defende mecanismo de alívio da dívida aos países vulneráveis
Bissau, 23 Jun 23 (ANG) - O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu quinta-feira que se crie um novo mecanismo de alívio da dívida externa para os países mais vulneráveis, considerando que o actual sistema financeiro é disfuncional.
"Uma das etapas concretas (para uma nova arquitectura
mundial) é criar um mecanismo de alívio da dívida, com reembolsos mais
prolongados no tempo e juros mais baixos, especialmente no que diz respeito a
investimentos feitos para combater o aquecimento global", declarou António
Guterres na abertura da Cimeira para o Novo Pacto Financeiro, em Paris.
A conferência decorre entre hoje e sexta-feira entre o Palácio
Brongniart, o Palácio do Eliseu, a sede da UNESCO e também a sede da OCDE, que
se situam em Paris, e conta com a participação de cerca de 100 delegações de
diferentes países, dezenas de chefes de Estado e de Governo, assim como
empresas multinacionais.
O secretário-geral da ONU salientou que a actual arquitectura
financeira já não serve as populações no século XXI no objectivo de encontrar
novas soluções para estimular a economia global e combater o aquecimento global
através do desenvolvimento sustentável.
"A arquitectura financeira está ultrapassada, disfuncional
e injusta. Ela não responde ao Mundo do século XXI", indicou, dando como
exemplo os 52 países no Mundo que estão em incumprimento porque não conseguem
pagar a sua dívida externa ou mesmo o facto de muitos países africanos gastarem
mais no reembolso da dívida do que em cuidados de saúde.
Para António Guterres, estas são "regras imorais" para
as populações dos países menos desenvolvidos, com o ex-primeiro-ministro
português a defender um "novo Bretton Woods", referindo-se ao sistema
que regulou a seguir à II Guerra Mundial as relações financeiras entre os
estados do Ocidente e levou à criação do Banco Mundial e do Fundo Monetário
Internacional.
Em discussão quinta e
sexta-feira está, segundo esperam muitos líderes africanos e muitos líderes da
América do Sul presentes em Paris, novos mecanismos de redução da dívida
soberana entre Estados, mas também a nível das grandes instituições financeiras
como o FMI e o Banco Mundial. ANG/Angop
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