terça-feira, 20 de junho de 2023

Mudanças climáticas/Aquecimento mais forte na Europa segundo Organização Meteorológica Mundial

Bissau, 20 Jun 23 (ANG) - A Europa conheceu, em 2022,um ano mais quente de 2,3 graus do que o clima do final do século XIX, temperatura de referência utilizada no Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, indicou hoje no seu relatório anual a Organização Meteorológica Mundial (OMM) das Nações Unidas juntamente com a rede europeia Copernicus, isto numa altura em que a temperatura subiu 1,2 graus no conjunto do planeta.

No passado mês de Novembro, a OMM já tinha anunciado que a temperatura média na Europa tinha aumentado 0,5 graus por década desde 1980, ou seja o dobro da média das outras cinco regiões meteorológicas mundiais.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, 2022 foi o ano mais quente jamais registrado para a França, cuja zona sul tem estado a conhecer este ano um novo período de seca, mas também para Portugal e Espanha a braços com a falta de chuva há quatro anos, e ainda para a Alemanha, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Bélgica, Suíça e Reino Unido.

"A Europa é a região do mundo que mais está a aquecer", sublinhou Petteri Taalas, secretário-geral da OMM referindo que estas "altas temperaturas exacerbaram as secas intensas e generalizadas, alimentando violentos incêndios florestais responsáveis pela segunda maior área queimada jamais registada e causando milhares de vítimas".

Na óptica de Francisco Ferreira, presidente da ONG ambientalista portuguesa Zero, estes dados são "alarmantes para um continente que até do ponto de vista da redução das emissões de gases com efeito de estufa, tem estado na linha da frente no que respeita aos países desenvolvidos".

Na sua perspectiva, este fenómeno pode ter algumas explicações. "Nós não temos a acção moderadora dos oceanos, como acontece com os países e continentes do hemisfério sul. Além disso, temos um continente bastante povoado em comparação com a própria América do norte, incluindo o Canadá. Estamos também já próximos de uma zona que tem sido, de acordo com os registos, também bastante afectada, que é o Arctico", constata o responsável, para quem esta situação constitui "um alerta para que a Europa tenha a necessidade de se adaptar mais rapidamente".

De referir que segundo dados oficiais, o aumento da temperatura e catástrofes daí decorrentes em 2022 na Europa, afectaram directamente 156 mil pessoas e causaram cerca de 16 mil mortos essencialmente devido às ondas de calor, sendo que os prejuízos materiais foram estimados em um pouco mais 2 biliões de Dólares. Menos do que os 50 biliões de Dólares de prejuízos registados em 2021, depois de cheias excepcionais.

Única nota de esperança nesse quadro sombrio, segundo a OMM, em 2022, na Europa, as energias solar e eólica produziram, pela primeira vez, mais electricidade (22,3%) do que o gás fóssil (20%) e o carvão (16%). ANG/Lusa

 

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