Rússia/Kremlim quer "relações construtivas" em África e afasta acusações de Macron
Bissau, 23 jun 23 (ANG) – O Kremlin comprometeu-se hoje a desenvolver "relações construtivas" em África, afastando as críticas do Presidente francês, Emmanuel Macron, de que a Rússia é "uma potência desestabilizadora" na região.
"A
Rússia está a desenvolver relações amigáveis e construtivas [com os países
africanos] baseadas no respeito mútuo", afirmou o porta-voz da Presidência
russa, Dmitri Peskov, aos jornalistas.
Estas
relações "não são e não podem ser dirigidas contra países terceiros",
sublinhou.
Desde
o início da invasão da Ucrânia, a Rússia tem procurado reforçar os seus laços
económicos e diplomáticos com África, competindo em alguns países com a França,
antiga potência colonial do continente.
No
final de julho, a Rússia vai organizar uma segunda cimeira Rússia-África em São
Petersburgo (noroeste), uma forma de demonstrar o seu entendimento com os seus
parceiros africanos, apesar do conflito na Ucrânia.
Uma
delegação de chefes de Estado africanos também visitou a Rússia no passado fim
de semana, defendendo o fim da guerra junto de Vladimir Putin e apresentando
propostas que o Kremlin considera "muito difíceis de implementar".
A
Rússia está a tentar atrair os líderes africanos para o seu campo, afirmando
ser um baluarte contra o imperialismo e acusando o Ocidente de usar sanções
para bloquear as exportações de cereais e fertilizantes russos, que são
essenciais para muitos países.
Em
entrevista aos meios de comunicação franceses France 24, Franceinfo e Radio
France International, Emmanuel Macron afirmou que a Rússia "é uma potência
desestabilizadora em África através de milícias privadas que desempenham um
papel predatório e abusam da população civil", numa aparente referência ao
envio de mercenários do Grupo Wagner para vários países, incluindo o Mali, a
Líbia e a República Centro-Africana (RCA).
"Esta
situação foi documentada pelas Nações Unidas na RCA, às mãos da milícia
Wagner", disse, referindo-se ao grupo mercenário detido pelo oligarca
Yevgeni Prigozhin, próximo do Presidente russo, Vladimir Putin.
Macron
não excluiu a possibilidade de manter conversações com Vladimir Putin, se a
oportunidade surgisse e as condições fossem adequadas. ANG/Lusa
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