Mali/Autoridades militares anunciam que vão processar autores de relatório da ONU por espionagem
Bissau, 21 Jun 23 (ANG)
- O Mali anunciou hoje que vai processar por espionagem as pessoas que assinam
um relatório das Nações Unidas que acusa os militares, juntamente com os
mercenários russos do grupo Wagner, de violarem direitos humanos.
O anúncio, citado pela
agência Associated Press (AP), surge no contexto da crescente incerteza sobre o
futuro da missão de paz das Nações Unidas no Mali, depois de o ministro dos
Negócios Estrangeiros, Abdoulaye Diop, ter formalmente pedido que os 'capacetes
azuis' abandonem o país.
O relatório de Maio do
Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos acusou o exército
maliano e o grupo paramilitar russo Wagner de terem morto pelo menos 500 civis
durante uma missão de ataque aéreo a Moura, cidade na região central do Mali,
em Março do ano passado.
Recorrendo a entrevistas
e análise de dados, o relatório da ONU dizia então que havia "fortes
indícios" de execuções sumárias, tortura e violações por parte das forças
militares malianas e do grupo Wagner.
"Quem está por trás
do relatório são co-autores ou cúmplices dos crimes de espionagem, minando a
moral das forças armas ou da força aérea, falsificação e uso de documentos
falsificados e de prejudicar a segurança externa do Estado", disse o
procurador interino, Ladji Sara, citado pela AP.
A declaração é a mais
recente numa série de críticas feita pelo governo interino do Mali ao
envolvimento estrangeiro neste país da África Ocidental.
Desde que tomou o poder
em dois golpes de Estado em 2020 e 2021, o coronel Assimi Goita lidera o
governo de transição, que já expulsou membros da imprensa internacional e
responsáveis das Nações Unidas, além de ter restringido operações de manutenção
de paz lideradas pela ONU, e fortaleceu os laços com o grupo mercenário russo
Wagner.
Ao chegar ao poder, Assimi
Goïta foi empossado como presidente para um período de transição, que deverá
terminar no início de 2024 com eleições, as quais devolverão o poder a civis.
ANG/Angop
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