Legislativas
antecipadas/CEDEAO destaca tranquilidade e “participação
notável”, acima de 70 por cento
Bissau,05 Jun
23(ANG) - O chefe da missão de observadores da
CEDEAO, Jorge Carlos Fonseca, considerou que as eleições legislativas de domingo
decorreram num ambiente de “tranquilidade e civismo” e destacou a
“participação notável” acima de 70%.
Em
declarações à agência Lusa após o encerramento das urnas, às
17:00 locais, o ex-presidente de Cabo Verde disse que, pelas “mais de duas
dezenas” de mesas por que passou, ficou “bem impressionado”, nomeadamente pela
“boa convivência” entre delegados de partidos rivais.
“Houve
pessoas que até usaram o esquema de colocarem pedras para marcarem o lugar
antes das 07:00”, hora a que começou a votação, disse o líder da missão da
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Jorge
Carlos Fonseca falou à Lusa na Unidade Escolar Dr. José Ramos-Horta, no bairro
de Quelelé, na periferia da capital guineense, Bissau, onde já se tinha
iniciado a contagem dos votos pelos delegados das mesas.
Sobre
a participação eleitoral, referiu que pelo que viu “é superior a 70, 75% e
em alguns casos acima de 80%, o que é notável, comparando, por
exemplo, com um país como Portugal, ou mesmo Cabo Verde seriam votações
extraordinárias.
“Então
isso demonstra uma vontade e uma vitalidade de participação dos guineenses para
construir a democracia, construir o Estado de direito, o que sempre é
muito louvável”, acrescentou.
Jorge
Carlos Fonseca alertou, no entanto, que “depois dos resultados podem surgir
eventualmente outro tipo de problemas que já ultrapassam a natureza e
função de uma missão de observação eleitoral”.
Dizendo
esperar que esses problemas não aconteçam e que “o resultado seja
interessante e positivo”, o ex-chefe de Estado cabo-verdiano ressalvou que não
pode falar pela CEDEAO, mas aconselhou a organização a “estar atenta”.
“Normalmente
é o pós-eleições que tem gerado alguns problemas, vamos estar atentos e ver
esperando o melhor”, disse, acrescentando que “os problemas que poderão vir têm
a ver mais com a gestão política, com as maiorias, com a formação do Governo,
com a relação entre os atores políticos”.
Questionado
sobre se os confrontos no Senegal, após a condenação a dois anos de prisão do
opositor Ousmane Sonko e que já provocaram pelo menos 16 mortos, poderão ter um
efeito de contágio na Guiné-Bissau, Jorge Carlos Fonseca disse que não pode
falar em nome da CEDEAO, mas considerou que o Senegal “é
uma democracia consolidada”, em termos africanos.
“É
uma democracia de referência, tem instituições mais ou menos com
solidez, não é um país onde haja tradição de golpes de Estado, de golpes
de força e, portanto, espero que as coisas sejam resolvidas
institucionalmente através do diálogo”, concluiu.
Mais
de 900 mil guineenses foram chamados nodomingo a eleger os 102 novos deputados
do parlamento e o partido que irá formar Governo, entre 20 partidos e duas
coligações.ANG/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário