Cabo Verde/PM
reitera condenação à Rússia face a
interesses divergentes na CPLP
Bissau, 14 Mai 24 (ANG) – O primeiro-ministro cabo-verdiano
reiterou a condenação à invasão russa da Ucrânia e considerou “ideal” que a
CPLP pudesse ter uma posição, mas admitiu que essa não é a missão da comunidade
e pode haver interesses divergentes.
“O nosso posicionamento
foi muito claro e reiteramos: nós condenamos a invasão da Rússia à Ucrânia”,
refletida em votações nas Nações Unidas, e Cabo Verde tem “parcerias muito
fortes” que faz questão de manter, disse Ulisses Correia e Silva, num encontro
com órgãos de comunicação social no Mindelo, ilha de São Vicente, na
segunda-feira, para balanço de três anos do segundo mandato de governação.
“A CPLP é uma comunidade
de países de língua portuguesa, não tem como objetivo definir a concertação
única relativamente a relações externas. O ideal era que, de facto, pudesse
haver um posicionamento que pudesse refletir a posição da CPLP, mas não é essa
a [sua] natureza e missão: são países livres e independentes”, referiu.
A comunidade integra
estados “com interesses políticos que às vezes são convergentes e outras vezes
divergentes”, acrescentou.
Alinhando-se com os
aliados de Kiev, o líder do Governo classificou a parceria de Cabo Verde com a
União Europeia (UE) como “estruturante” em matérias sociais, económicas e
também de defesa e segurança, além da forte diáspora em solo europeu.
Da mesma forma,
classificou como “muito forte” a ligação com os EUA, país onde o arquipélago
tem também uma grande diáspora e com o qual tem “valores partilhados”.
“A integração com a
Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO)” rege-se “pelos
mesmo princípios”, acrescentou.
“As nossas opções são
claras, as nossas ações são consistentes”, concluiu.
Portugal manifestou a
São Tomé e Príncipe "estranheza" e "apreensão" pelo acordo
de cooperação técnico militar assinado com a Rússia, revelou, na quinta-feira à
noite, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel.
O secretário executivo
da CPLP afirmou, também na quinta-feira, que “não há dramas” sobre o assunto,
enquanto o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou importante
"salvaguardar a unidade da CPLP", recordando que "quando começou
a invasão pela Federação Russa da Ucrânia [em 2022] houve votações nas Nações
Unidas e nalgumas das votações a CPLP dividiu-se, e dividiu-se muito".
A notícia do acordo com
São Tomé e Príncipe surgiu a par de uma visita do Presidente guineense, Umaro
Sissoco Embaló, à Rússia, durante a qual o chefe de Estado guineense garantiu
ao homólogo russo, Vladimir Putin, que pode contar com a Guiné-Bissau
"como aliado permanente".
Embaló disse na segunda-feira
ter “mais de 100 oficiais militares em formação na Rússia”, tendo pedido
formação também para as forças especiais guineenses.
ANG/Lusa
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