Diplomacia/Presidente da República diz que secretário executivo da CPLP "é atrevido"
Bissau,08 Out 24(ANG) - O Presidente da República, Umaro Sissoco
Embaló, chamou segunda-feira de "atrevido" o secretário executivo da Comunidade de Países
de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, por ter comentado, de forma
considerado “pouco abonatória” a situação política guineense.
Zacarias da Costa pronunciou-se por duas vezes sobre a Guiné-Bissau, que assumirá a presidência da CPLP em 2025, afirmando que a comunidade "segue com alguma preocupação os desenvolvimentos" no país da África Ocidental.
"Ele é atrevido, não tem limites, nem tem a noção das declarações que proferiu. Tinha que se preocupar é com a situação de Timor-Leste", reiterou o presidente da República, referindo-se à origem timorense de Zacarias da Costa.
O chefe de Estado guineense considerou que o secretário executivo da CPLP "está a agir a mando de uma mão oculta", sem adiantar mais pormenores.
"Espero que seja a última vez que se refere à Guiné-Bissau. Da próxima vez, haverá consequências diretas", afirmou.
Umaro Sissoco Embaló salientou que a Guiné-Bissau "já presidiu a uma organização muito maior que a CPLP", referindo-se à presidência da CEDEAO, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental.
Sissoco Embaló disse já ter abordado a questão com o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, à margem da última Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, e que lhe foi dirigido um pedido de desculpas da parte do chefe do Governo timorense.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Carlos Pinto Pereira, também já manifestou descontentamento com as declarações do secretário executivo da CPLP.
Em entrevista à Lusa, em Lisboa, o responsável pela diplomacia guineense mostrou-se preocupado com as declarações que considerou "pouco abonatórias" para o país e lembrou que a CPLP tem um órgão político que é o Conselho de Ministros, presidido por São Tomé e Príncipe.
"Que eu saiba [Zacarias da Costa] não consultou, não ouviu ninguém. Pergunto-me com que legitimidade é que o secretariado assume este tipo de questões, sem ouvir ninguém?", referiu.ANG/lusa/DW
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