Rússia/ Governo acusa NATO de ser "instrumento de agressão e de confrontação"
Bissau, 09 Jun 25 (ANG) - A Rússia considera a NATO
um "instrumento de agressão e de confrontação" e reserva-se o direito
à liberdade de ação após o fim da moratória russa sobre mísseis, afirmou hoje o
porta-voz do Kremlin (presidência).
"A NATO, depois de ter tirado a
máscara, demonstra de todas as formas possíveis a sua natureza de instrumento
de agressão e de confrontação", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri
Peskov, durante a conferência de imprensa telefónica diária.
A declaração surge numa altura em que o
secretário-geral da NATO, Mark Rutte, deverá apelar aos países membros da
organização para que aumentem em 400% as capacidades de defesa aérea e
antimíssil, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
"O que está em causa é que os
contribuintes europeus estão a gastar o seu dinheiro na luta contra uma ameaça
que dizem vir do nosso país. Não é mais do que uma ameaça ilusória",
afirmou, também citado pela agência de notícias espanhola EFE.
O porta-voz também aludiu ao possível
levantamento da moratória russa sobre a instalação de mísseis de curto e médio
alcance em resposta às ações da NATO.
Referia-se às limitações autoimpostas
por Moscovo depois de Washington ter abandonado unilateralmente o tratado de
eliminação de mísseis de curto e médio alcance (INF), assinado em 1987 pelos
Estados Unidos e pela União Soviética, em 2019.
"De uma forma ou de outra, a Rússia
terá de responder a essas ações expansionistas e agressivas por parte da NATO e
dos países membros da NATO, novos membros da NATO, bem conhecidos por nós, que
estão muito próximos das nossas fronteiras", afirmou Peskov, citado pela
agência russa Interfax.
Peskov respondia a uma pergunta sobre a
possibilidade de a Rússia instalar mísseis em regiões do mundo vulneráveis,
após o fim da moratória russa sobre mísseis de alcance intermédio e de curto
alcance.
Em tal situação, a Rússia manterá a
"liberdade de ação", afirmou Peskov.
"É claro que, a certa altura,
quando nada limitar as nossas ações, manteremos essa liberdade de ação para nós
próprios", disse o porta-voz do Presidente Vladimir Putin.
Desde que invadiu a Ucrânia, em
fevereiro de 2022, a Rússia viu a Finlândia e a Suécia tornarem-se membros da
NATO, a sigla em inglês por que é conhecida a Organização do Tratado do
Atlântico Norte.
O vice-ministro dos Negócios
Estrangeiros russo Serguei Riabkov disse no domingo à agência oficial TASS, que
a moratória russa está a chegar ao fim, uma vez que o Ocidente não apreciou a
medida de Moscovo.
Riabkov disse que, sob a administração
do Presidente Donald Trump, os Estados Unidos pretendem intensificar os
esforços na implantação de mísseis de alcance intermédio e curto.
"Neste momento, não vemos quaisquer
mudanças (...) nos planos dos Estados Unidos sobre a implantação de mísseis
terrestres de alcance intermédio e curto nas várias regiões do mundo",
referiu.
Segundo Riabkov, Washington tem dado
"passos práticos" na implementação do programa, o que demonstra que
"essa atividade só irá aumentar".
O diplomata disse que a "contenção
da Rússia na realidade pós-Tratado INF" não foi apreciada nem
correspondida pelos Estados Unidos e seus aliados.
"Consequentemente, declarámos
aberta e diretamente que a nossa anterior moratória unilateral sobre a
instalação de mísseis de alcance intermédio e curto lançados do solo está a
chegar ao seu fim lógico", afirmou.
Riabkov disse ainda que Moscovo terá de
reagir ao aparecimento de quaisquer ameaças de mísseis, tal como determinou
Vladimir Putin.
"As decisões sobre os parâmetros
específicos desta reação cabem aos nossos militares e, naturalmente, aos
dirigentes russos", acrescentou.
Os Estados Unidos planeiam instalar
mísseis na Alemanha a partir de 2026.
Na cimeira da NATO de 2024, Alemanha,
França, Itália e Polónia concordaram em desenvolver conjuntamente mísseis de
cruzeiro com um alcance superior a 500 quilómetros.ANG/RFI

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