UNOC3/ Líderes mundiais discutem oceano em Nice, Estados Unidos boicotam
Bissau, 09 Jun 25 (ANG) - Arrancou esta
segunda-feira, em Nice, França, a 3.ª
Conferência dos Oceanos das Nações Unidas (UNOC3), evento que reúne cerca de 50 chefes de Estado e de
Governo.
Sob o mote “Acelerar a acção e mobilizar todos os intervenientes
para conservar e utilizar o oceano de forma sustentável”, a terceira edição da
Conferência dos Oceanos das Nações Unidas assume especial importância num
contexto em que as questões climáticas enfrentam múltiplas barreiras políticas.
O Presidente francês Emmanuel Macron sublinha o carácter de “mobilização” da
cimeira, que pretende acelerar acções concretas em áreas como a pesca ilegal, a
poluição plástica ou a mineração dos fundos marítimos.
Os grandes ausentes desta cimeira são os Estados Unidos da
América. Uma decisão da administração norte-americana particularmente
controversa após o anúncio do Presidente Donald Trump, no final de Abril, de
autorizar a extracção mineira em águas internacionais do Pacífico, à margem da
Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, da qual os EUA não fazem parte.
Até 13 de Junho, na Côte d'Azur, a exploração mineira dos fundos
marinhos, o tratado internacional sobre a poluição plástica e a regulamentação
da sobrepesca e da pesca ilegal vão estar na agenda das discussões.
Em entrevista à RFI, o presidente da associação ambientalista portuguesa ZERO, Francisco
Ferreira defende
que esta conferência “é uma
oportunidade de acção” para “dar prioridade àquilo que o oceano
representa”.
O ambientalista espera, ainda, que Nice sirva de “estímulo
ao aumento das ratificações para conseguirmos a entrada em vigor do Tratado do
Alto Mar. Estamos com 29 países que já ratificaram e precisamos de 60. Estamos
a falar de um território que representa mais de 70% dos oceanos e que é
fundamental ser reconhecido como bem comum da humanidade e gerido com base na
ciência”.
Um dos objectivos da UNOC3 é a ratificação do Tratado do Alto
Mar, documento que pretende proteger a biodiversidade dos oceanos que não estão
sob jurisdições nacionais e assegurar a utilização sustentável dos recursos
marinhos. Contudo, as expectativas foram revistas em baixa, uma vez que são
necessárias 60 ratificações para a entrada em vigor do tratado.
França também espera alargar a coligação de 33 países favoráveis
a uma moratória sobre a exploração mineira dos fundos marinhos. A
protecção dos oceanos, que cobrem 70,8% do planeta, é o objectivo de desenvolvimento
sustentável menos financiado da ONU.
Embora não se trate oficialmente de uma conferência de
financiamento, a Costa Rica expressou a esperança de angariar até 100 mil
milhões de dólares em novos financiamentos para o desenvolvimento sustentável
dos oceanos.
As ong's de protecção dos oceanos sublinham que o problema não é
a falta de dinheiro, mas a falta da vontade política”, No final, a
conferência adoptará o “Plano de Acção para os Oceanos de Nice” (“Nice Ocean
Action Plan”), e a “Declaração de Nice para a Acção no Oceano” (“Nice Ocean
Action Declaration”), um documento político não vinculativo, adoptado por
consenso.ANG/RFI

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