Cimeira dos Oceanos/ "O fundo do mar não pode tornar-se um Velho Oeste", diz Guterres
Bissau, 09 Jun 25 (ANG) - O Secretário-Geral da ONU,
António Guterres, disse hoje na abertura da terceira Cimeira dos Oceanos da ONU
em Nice, em França, que o fundo do mar não pode tornar-se num "Velho
Oeste".
O fundo do mar não pode
tornar-se um Velho Oeste (...). Espero que possamos inverter esta situação. Que
possamos substituir a pilhagem pela proteção", alertou na abertura da
Cimeira dos Oceanos da ONU em Nice.
António Guterres, apelou também a uma mudança de rumo em relação
à biodiversidade marinha, uma vez que "os 'stocks' de peixe estão em
colapso".
O secretário-geral da ONU pediu igualmente uma ação global
urgente durante a cimeira para salvar os ecossistemas marinhos, pois "sem
um oceano saudável, não pode haver um planeta saudável".
Guterres referiu a adoção do Acordo sobre a Diversidade
Biológica Marinha em Áreas para Além da Jurisdição Nacional como um avanço
histórico, depois de instar todos os países a ratificarem o texto para garantir
a sua rápida entrada em vigor.
No discursos de abertura alertou também para a poluição causada
pelos plásticos, que "está a sufocar os ecossistemas" e ameaça
sobrecarregar os mares com um volume de resíduos que pode eventualmente
sobrecarregar as populações de peixes.
Lamentou ainda as emissões de carbono que impulsionam a
acidificação e o aquecimento dos oceanos e pediu um compromisso firme com um
tratado global e juridicamente vinculativo para conter a poluição por plástico.
"Os pequenos Estados insulares, particularmente vulneráveis
às alterações climáticas e à subida do nível do mar, precisam de apoio para
reforçar a sua resiliência e garantir o acesso a alimentos sustentáveis: muitos
ainda lutam para ter acesso a produtos saudáveis e acessíveis", afirmou.
António Guterres apelou ainda a um acordo com a Organização
Mundial do Comércio (OMC) sobre a pesca sustentável e chamou a atenção para o
baixo nível de financiamento para o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável
(ODS 14), que considera ser um dos objetivos mais negligenciados.
Para inverter esta situação, Guterres pediu mais fundos
públicos, apoios dos bancos de desenvolvimento e novas formas de mobilizar
capital privado.
Apesar de tudo, o líder da ONU manifestou confiança em possíveis
mudanças e recordou que, quando foi estabelecida uma moratória global sobre a
caça comercial de baleias, as populações recuperaram.
A cimeira que arrancou hoje e decorre até 13 de junho e é
organizada pela França e pela Costa Rica, procura travar a rápida degradação
dos oceanos, essenciais para a produção de oxigénio e para a regulação do
clima.
Os chefes de Estado e de Governo vão discutir temas em 10
painéis que vão decorrer durante toda a semana e que abordarão assuntos
relacionados com o oceano, desde a poluição por plásticos à conservação e
gestão sustentável dos ecossistemas marinhos e costeiros.
A conferência reúne governos, organizações intergovernamentais,
instituições financeiras internacionais, organizações não governamentais,
organizações da sociedade civil, universidades, a comunidade científica, povos
indígenas e comunidades locais.
A presença portuguesa está assegurada pelo primeiro-ministro, a
ministra do Ambiente e Energia, o ministro da Agricultura e Mar e o secretário
de Estado das Pescas e do Mar, "refletindo o compromisso do Governo com a
agenda da conservação marinha e da economia azul sustentável", segundo o
gabinete da ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho.
Durante a conferência é esperada a apresentação do Pacto Europeu
para os Oceanos, pela presidente da Comissão Europeia.ANG/RFI

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