quarta-feira, 5 de março de 2025

       Egípto/Liga Árabe adopta Plano para reconstrução de Faixa de Gaza

Bissau, 05 Mar 25 (ANG)  - Os países da Liga Árabe adoptaram ,terça-feira, numa cimeira no Cairo um plano de reconstrução da Faixa de Gaza orçado em 53 mil milhões de Dólares sobre 5 anos prevendo a permanência dos habitantes do enclave no seu território e a instalação de um poder interino de tecnocratas para gerir o processo.

No âmbito deste plano que se apresenta como uma alternativa àquele que foi preconizado pelos Estados Unidos, prevê-se uma primeira fase de seis meses incidindo sobre a remoção de detritos e explosivos, sendo que num período ulterior, antevê-se a construção de infraestruturas essenciais bem como habitações permanentes e, em seguida, um porto comercial, hotéis e um aeroporto.

Este plano apoiado firmemente pela ONU, mas igualmente pelo Hamas e a Alta Autoridade Palestiniana, foi rejeitado por Israel que exige o desarmamento imediato do Hamas e não vê o executivo de Mahmud Abbas como um parceiro de confiança.

Outro ponto de incerteza é o financiamento deste plano, refere Ivo Sobral, coordenador de Mestrado de Relações Internacionais na Universidade de Abu Dhabi.

RFI: quem poderia financiar este plano de reconstrução a seu ver?

Ivo Sobral: O problema básico é que o Egipto, quase involuntariamente, está a apontar para os países do Golfo, ou seja, a Arábia Saudita, o Bahrein, o Qatar e os Emirados Árabes Unidos, assim como o Kuwait para pagar este enorme investimento, os cerca de 50 biliões de Euros que estão na mesa. Obviamente, estes países apoiaram, estão a aceitar o plano como uma evolução positiva para Gaza, mas ainda não confirmaram efectivamente que iriam pagar este enorme plano. O próprio Egipto, por exemplo, apesar de ser um dos países mais importantes do Médio Oriente, não tem a capacidade económica para avançar para um plano destes. Na economia do Egipto existem enormes problemas estruturais, uma inflação galopante e o próprio Egito está dependente de pacotes financeiros de ajuda dos países do Golfo. Portanto, o Egipto, por si só, não poderia de nenhuma maneira sequer apoiar este plano economicamente, assim como outros países. A própria Jordânia, que já também confirmou o apoio a este plano, está numa capacidade completamente impossível para suportar este plano economicamente, porque a própria Jordânia também depende de pacotes financeiros do Golfo para continuar a manter-se e a sobreviver no Médio Oriente economicamente.

RFI: Este plano também tem o apoio do próprio Hamas e também da Autoridade Palestiniana, que diz-se pronta a desempenhar o seu papel na Faixa de Gaza.

Ivo Sobral: Exactamente. Há aqui um factor interessante, uma nomenclatura bastante curiosa para encontrar no Médio Oriente, que é a designação de "tecnocracia". Ou seja, o Egito está a propor um governo constituído por tecnocratas de origem palestiniana, em particular da Autoridade Palestiniana para fazer a gestão da infraestrutura, da logística de Gaza. Portanto, é aqui algo novo, um modelo sui generis. Nunca se ouviu falar sequer esta nomenclatura aqui para o Médio Oriente. Mas depende de figuras palestinianas que iriam fazer essa mesma gestão de Gaza. O Hamas já concordou, apesar de manter alguma exigências relativamente ao próprio desarmamento do Hamas. Ou seja, o Egipto ainda não providenciou detalhes nenhuns neste plano relativamente ao que vai acontecer com o Hamas. Portanto, isso é uma questão que continua em aberto.

RFI: No seu discurso, o Presidente egípcio também lançou uma achega ao presidente Trump. Disse que ele acha que "ele é perfeitamente capaz de conduzir o processo de paz". E, aliás, esse plano não parece ser completamente incompatível com o plano previsto por Donald Trump que quer fazer uma "Riviera no Médio Oriente".

Ivo Sobral: Sim, o Egipto aqui é muito cauteloso como sempre, tentando jogar com todos os ângulos desta situação. O Egipto não pode hostilizar os Estados Unidos porque está na dependência económica e militar directa dos Estados Unidos, assim como de outros países, e, portanto, está aqui muito cautelosamente, a não fechar a porta aos Estados Unidos. E, ao mesmo tempo, está a tentar apelar para esta espécie de orgulho árabe, esta noção de identidade árabe, onde seriam os árabes a preparar um plano para reconstruir Gaza. Para Sissi, o Presidente do Egipto, é fundamental conseguir fazer isto internamente e externamente. O Egipto está muito interessado que este plano vá avante, apesar de o Egipto também ter os seus problemas internos económicos, mas poderá também ser inclusive, uma boa oportunidade para o Egipto. Portanto, esta logística de todas estas máquinas, estes produtos, tudo o que seja necessário para construir, inevitavelmente terão que vir do lado do Egipto para entrar em Gaza. Portanto, também é uma oportunidade para o Egipto em termos económicos.

RFI: Facto curioso, nesta reunião não estava o Príncipe herdeiro da Arábia Saudita. Isto significa alguma coisa?

Ivo Sobral: Não estava quase nenhum líder importante do Golfo. Foram todos representados quase ao nível dos seus "vices" e, assim como de outras entidades governamentais secundárias. Isso não quer dizer que não existe o apoio da Arábia Saudita ou de outro país do Golfo. Agora, obviamente, os países do Golfo estão muito cautelosos. Estamos numa situação bastante sensível em termos de política internacional por causa da nova presidência americana. E ninguém quer aqui correr riscos de irritar o Presidente Trump numa situação tão delicada. Neste momento, a Arábia Saudita está envolvida também no processo de negociação entre os Estados Unidos e a Rússia. A Arábia Saudita tem outras prerrogativas também activas para a sua diplomacia.

RFI: O Egipto agora está de olhos postos sobre a cimeira na sexta-feira dos países islâmicos. Julga que isto pode marcar um novo patamar?

Ivo Sobral: Poderá. Mas existem muitas incongruências neste plano. Países que não são árabes, mas terão obviamente interesse em tudo o que está a acontecer em Gaza, em particular a Turquia e o Irão estarão presentes nessa mesma conferência. Mas o jogo aqui é árabe, sem dúvida. Portanto, tudo o que poderá acontecer nessa mesma cimeira terá, no fundo, pouco interesse para o que acontecerá em Gaza. Provavelmente existirá uma oportunidade para estes mesmos dois países, a Turquia, o Irão manifestarem o interesse em recuperarem, em reconstruir Gaza. Provavelmente, inclusive poderão preparar algum pacote financeiro de ajuda. Mas, politicamente, o Egipto, se este plano for para a frente ou alguma versão futura deste plano, terá a totalidade dos dividendos políticos deste plano. Portanto, só gostava de dizer que se calhar o elefante da loja, que é Israel, não apoia este plano porque critica que não existe nenhuma denominação, nem nenhuma característica do plano que fale do desarmamento do Hamas. Portanto, há aqui um problema que Israel é bastante crítico em relação a este plano, porque há aqui disputas muito grandes relativamente ao Hamas. Uns dizem que foi desarmado, outros dizem que foi parcialmente desarmado. Poderá ser totalmente desarmado no futuro, mas não existe nenhum plano específico que enquadre este desarmamento do Hamas. Israel insiste muito no desarmamento imediato do Hamas e a maioria dos países árabes, em particular a Jordânia e o Egipto, falam num processo que progressivamente irá desarmar. Mas já existe aqui um contraste bastante grave.

RFI: Israel diz que é contra este projecto, lá está, porque quer aniquilar o Hamas e também porque considera que a Alta Autoridade Palestiniana é corrupta. O que acha desse cálculo de Israel de rejeitar tudo em bloco?

Ivo Sobral: Em Israel, neste momento, a visão proposta por Israel é mostrar que tanto Gaza como o West Bank (a Cisjordânia) é tudo basicamente igual. Portanto, há aqui um desejo de unificar estas duas partes e demonstrar que as duas são incompatíveis com os desígnios de Israel. Quando Israel aponta muitos deste pensamento como o que aconteceu em Gaza anteriormente nos últimos dez anos, onde todas as outras forças políticas que existiam em Gaza foram completamente aniquiladas pelo Hamas. O Hamas provou ser sempre mais forte que qualquer força ou outra força política palestiniana. E, basicamente, Israel não acredita que um processo de desarmamento do Hamas possa sequer ser feito por outros palestinianos. Portanto, há aqui uma clara incompatibilidade relativamente a isto. E isso é algo que Benjamin Netanyahu já confirmou várias vezes nos seus discursos e é aqui um grave problema para o futuro de Gaza. Portanto, choca aqui muito com este plano egípcio que mete todo o ênfase num alegado conselho de tecnocratas de "sábios" palestinianos que, independentemente iriam fazer a gestão de Gaza e -não se sabe como- trabalhar na questão do desarmamento do Hamas. Portanto, aqui, de facto, Israel, apesar da generalização, aponta para um grave problema que ainda não foi sequer mencionado pelo Egito neste plano.

RFI: O cessar-fogo, que está em vigor desde 19 de Janeiro, está neste momento por um fio. A primeira fase terminou oficialmente no dia 1 de Março. Era suposto começar nessa data a segunda fase, que é marcada por um cessar-fogo permanente e a entrega dos últimos reféns. Isto não aconteceu porque, entretanto, não houve sequer negociações e Israel quer prolongar a primeira fase e não entrar nessa segunda fase mais decisiva. Porquê a seu ver?

Ivo Sobral: Para já, toda a operação de Gaza em si, toda a teatralização que foi feita pelo Hamas, a entrega dos corpos dos reféns, assim como os reféns em si, provocou bastante mal-estar no governo de coligação do primeiro-ministro Netanyahu. Os conservadores criticaram Netanyahu por aceitar um acordo em que se estaria a usar israelitas para promover politicamente o Hamas, assim como a toda esta questão actual, porque todas as fronteiras de Gaza foram abertas. Entrou e começou a entrar já a ajuda alimentar, assim como muitas máquinas e material de construção. Isso já foi apontado imediatamente pelos israelitas como uma situação em que se deve verificar exactamente onde vai ser utilizada esta maquinaria e estes materiais de construção. Há aqui uma desconfiança mútua inevitável para uma situação tão grave como esta, onde Israel basicamente não pode confiar nunca no Hamas. E igualmente, o Hamas não pode confiar no que Israel está a fazer aqui. Há uma quebra óbvia para as duas facções. Neste momento há uma paralisia normal. Eu recordo também aqui que estamos no momento do Ramadão e o Ramadão é um momento crucial que Israel pode utilizar ulteriormente. Há aqui muita ajuda alimentar, inclusive aqui dos Emiratos, que foi direccionada para Gaza, portanto, centenas de milhares de toneladas de alimentos que simplesmente agora não vão entrar em Gaza. Está aqui outra possibilidade para Israel para pressionar ulteriormente o Hamas e a população, porque basicamente o Ramadão é uma festa mais importante para todos os muçulmanos. E Israel pode usar esta falta de alimentos, toda esta questão logística, como ulteriormente uma forma de pressão sobre o Hamas e sobre a população de Gaza. Portanto, há aqui uma série de jogos que estão a acontecer para terem o melhor acordo possível onde Israel possa ter mais reféns, assim como o Hamas do outro lado, está a tentar ser o mais duro possível para não libertar reféns e ter o máximo dos seus prisioneiros que ainda estão nas prisões em Israel, assim como outros factores.

RFI: A seu ver, qual é o futuro imediato do processo de paz? Para já, essa trégua e a mais longo prazo, esse plano que foi apresentado ontem?

Ivo Sobral: É muito difícil fazer previsões neste momento em todo o mundo em termos de relações internacionais. Há aqui um factor novo, que é uns Estados Unidos bastante instáveis politicamente e que impõem de uma maneira bastante agressiva os seus pontos de vistas em todo o mundo. Especialistas em relações internacionais começam a ter que repensar o que pode realmente acontecer e, em particular no Médio Oriente, em Gaza, onde temos jogadores como Israel ou o Egipto, assim como todo um outro grupo de países árabes com muitas opiniões diversas. Há aqui uma espécie de repetição do que aconteceu nos anos 70, em particular antes dos acordos de Camp David com o Egipto e os Estados Unidos, onde o mundo árabe era basicamente um caos e que existiam muitas forças que lutavam entre si e que somente nos Estados Unidos, mais agressivo, mais focalizado em encontrar uma solução, naquele tempo, em 78/79, conseguiu consolidar este acordo de paz entre Israel e o Egipto. Neste momento, infelizmente, eu creio que estamos reféns de uma política norte-americana muito agressiva, que tem uma série de peças no tabuleiro de xadrez que é o Médio Oriente, e que temos a impressão que os próprios Estados Unidos não sabem o que vão fazer com estas mesmas peças. E temos que aguardar. Muitas coisas estão a acontecer contemporaneamente, cimeiras americanas e russas na Arábia Saudita, reuniões entre Israel, os Estados Unidos ao mais alto nível, e o mundo árabe observa tudo o que está a acontecer com uma grande preocupação, como é óbvio. E a maioria destas capitais árabes está chocada com o que está a acontecer e basicamente espera pelo que os Estados Unidos vão fazer e propor quase unilateralmente, para reagir. Este plano egípcio para Gaza é uma tentativa de fugir a esta imposição. Mas o Egipto não tem, como eu disse anteriormente, capacidade financeira para sequer providenciar 5% destes 50 biliões de Euros propostos. E está totalmente dependente da boa vontade dos outros países do Golfo, que somente estes têm a capacidade financeira abundante para suportar este plano para Gaza. Mas obviamente, estes países do Golfo irão esperar por Donald Trump em relação ao que ele propõe para Gaza.ANG/RFI

 

Ucrânia/ Governo pede à Rússia que mostre disponibilidade para um cessar-fogo

Bissau, 05 Mar 25 (ANG) - A Ucrânia recusa a ideia de um cessar-fogo unilateral e pede à Rússia que mostre também essa disponibilidade, nomeadamente com o fim dos ataques em território ucraniano.

As autoridades ucranianas insistem que só aceita um cessar-fogo quando a Rússia também o aceitar. De acordo com uma fonte conhecedora da estratégia de Presidente Volodymyr Zelensky, a Ucrânia recusa a ideia de um cessar-fogo unilateral e pretende que a Rússia mostre também essa disponibilidade e com passos concretos.

Ao inicio da tarde desta quarta-feira, 5 de Março, Andrii Yermak, o chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky sugeriu, através da sua conta numa rede social, que um sinal de Moscovo poderia ser a suspensão de todos os ataques russos a diversas cidades da Ucrânia. 

Porém, nas últimas horas, cidades como Odesa, Kharkiv ou Pavlograd têm sofrido ataques com bombas lançadas pela aviação russa, mostrando que não há sinais da Rússia querer parar com os bombardeamentos à Ucrânia. No passado, Volodymyr Zelensky propôs a troca de prisioneiros de guerra para além da trégua nos céus e no Mar Negro.

Na relação com os EUA, a disponibilidade ucraniana para negociar uma "paz justa e duradoura" foi expressa por escrito por Zelensky numa publicação na rede social X que, tudo indica - terá sido interpretada por Trump como uma "carta" dirigida aos EUA pelo Presidente ucraniano. Kiev diz estar pronta a assinar o acordo de exploração dos recursos minerais, incluindo um parágrafo sobre segurança, permanecendo por desenhar um conjunto de garantias de segurança que poderão passar pela mobilização de forças militares europeias para a Ucrânia.ANG/RFI


Angola/Presidente João Lourenço condena tentativas de deslocalização do povo palestiniano

Bissau, 05 Mar 25 (ANG) - O Presidente angolano rejeitou as tentativas de deslocalização do povo palestiniano e a contínua política israelita de expansão dos colonatos e ocupação de territórios pertencentes à Palestina.

As declarações de João Lourenço foram feitas na cimeira extraordinária da Liga Árabe sobre a situação na Faixa de Gaza, que decorre no Cairo, Egipto, onde falou na qualidade de presidente em exercício da União Africana.

O Presidente angolano condenou quaisquer tentativas de deslocalizar o povo palestiniano e a política israelita de expansão dos colonatos, com a anexação ilegal do território palestiniano.

“Repudiamos quaisquer tentativas de deslocalização do povo palestino, dos seus territórios, da contínua política de expansão dos colonatos, da ocupação e anexação ilegal do território pertencente à Palestina”, denunciou.

João Lourenço defendeu ainda “a tolerância e coexistência entre religiões, evitando-se o fanatismo, radicalismo que podem conduzir ao exacerbar do ódio e da violência entre os povos”.

O chefe de Estado angolano, que participa na cimeira extraordinária da Liga Árabe sobre a situação na Faixa de Gaza, que decorre no Cairo, Egipto, reconheceu o papel da organização “na prossecução de iniciativas que visam o alcance de soluções pacíficas e duradouras para os dois países e a região”.

Os dirigentes dos países membros da Liga Árabe anunciaram nesta terça-feira, 4 de Março, um plano no valor de 53 mil milhões de dólares para a reconstrução da Faixa de Gaza, uma alternativo ao projecto de Donald Trump transformar o território à imagem da Riviera francesa.

Foi na qualidade de presidente em exercício da União Africana que João Lourenço reiterou “o compromisso de juntos trabalharmos em prol do alcance de uma paz duradoura e sustentável no conflito que opõe Israel ao Hamas”.

O Presidente angolano mostrou-se igualmente satisfeito com o processo de libertação de reféns e israelitas em curso, assegurando que este continue até à libertação incondicional da totalidade dos cidadãos palestinos mantidos em cativeiro”.

João Lourenço disse esperar que “esta acção reflita o início da construção definitiva da paz, através da instauração de um cessar-fogo permanente, facilitando o incremento da ajuda humanitária aos habitantes de Gaza, bem como o início da reconstrução dos seus territórios”.

O chefe de Estado angolano instou as autoridades israelitas a permitirem “a abertura dos corredores humanitários” e o “regresso de mais de 2 milhões de cidadãos palestinianos internamente deslocados e refugiados nos países vizinhos”.ANG/RFI

EUA/Trump aumenta taxas aduaneiras sobre produtos do México, Canadá e China

Bissau, 05 Mar 25 (ANG) - A administração Trump colocou em prática, na terça-feira, as suas ameaças e passou a cobrar aumentos de 20% nas taxas aduaneiras aplicadas sobre os produtos importados da China e 25% sobre os produtos provenientes dos vizinhos imediatos dos Estados Unidos, ou seja o Canadá e o México.

Inicialmente adiados por um período de um mês, estes aumentos das taxas alfandegárias surgem na ausência de um qualquer acordo dos Estados Unidos com os países visados que acusa de não combater o suficiente a circulação de Fentanyl, droga que se tornou um problema de saúde pública em território americano.

Os Estados Unidos acabam de intensificar um pouco mais a guerra comercial encetada com o regresso de Donald Trump à Casa Branca, fazendo designadamente voar em estilhaços o acordo trilateral até agora em vigor entre Washington, México e Ottawa que previa trocas comerciais quase isentas de quaisquer direitos aduaneiros durante três décadas.

Perante este cenário que diz respeito a 918 mil milhões de Dólares de produtos importados do México e do Canadá, a Presidente mexicana reservou ainda a sua reacção, mas o Canadá já anunciou medidas de retaliação. Ao sublinhar que esses "direitos alfandegários vão perturbar uma relação comercial particularmente bem-sucedida", o Primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, anunciou ontem à noite que o seu país iria passar a implementar a partir desta terça-feira direitos aduaneiros de 25% sobre cerca de 20 mil milhões de Dólares de importações dos Estados Unidos.

Ottawa prometeu ainda que 86 mil milhões de Dólares de produtos americanos suplementares seriam alvo destas mesmas taxas se a administração Trump mantivesse a sua nova política aduaneira para além do prazo de 21 dias.

Por seu lado, Pequim anunciou a implementação a partir do 10 de Março de aumentos compreendidos entre 10 e 15% das taxas aduaneiras sobre produtos como os frangos, o trigo e o milho americanos de que a China é o principal cliente. Pequim nunca cedeu à intimidação disse hoje o Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros. "Tentar exercer pressão extrema sobre a China é um erro de cálculo", acrescentou ainda Pequim ao anunciar igualmente restrições às exportações e investimentos de 25 empresas americanas, por motivos de segurança nacional.

Desde que reassumiu as rédeas do poder nos Estados Unidos, Donald Trump tomou uma série de medidas indiciando uma viragem proteccionista do seu país. Para além de anunciar a sua intenção de restabelecer direitos aduaneiros de 25% sobre as importações de aço e de alumínio, a partir do dia 12 de Março, o Presidente americano decidiu igualmente mandar encetar uma auditoria sobre as importações de madeira e seus derivados, o que poderia resultar na imposição de direitos aduaneiros com forte impacto sobre o Canadá.

Estas medidas vêm juntar-se ao projecto de Donald Trump sobre os chamados "direitos aduaneiros recíprocos" sobre as importações provenientes de países ou blocos que cobram impostos sobre os produtos americanos, uma política que poderia visar a União Europeia que já prometeu reagir com firmeza, no caso de ela se concretizar. ANG/RFI

Portugal/Amnistia Internacional denuncia maus tratos a presos ucranianos pela Rússia

Bissau, 05 Mar 25 (ANG) – A Amnistia Internacional publicou nesta terça-feira um relatório intitulado "Um silêncio ensurdecedor: Ucranianos mantidos incontactáveis, desparecidos à força e torturados em cativeiro russo".


Esta organização não governamental baseou-se em entrevistas de mais de 100 pessoas detidas na Ucrânia, entre Janeiro e Novembro de 2024. A Amnistia alega ser provável que milhares de ucranianos, militares e civis, estejam detidos em cativeiro na Rússia e na Ucrânia ocupada.

A incomunicabilidade seria uma arma usada pela Rússia na guerra que leva a cabo na Ucrânia, à revelia do direito internacional, para condenar os presos ao esquecimento dos seus entes queridos, nomeadamente.

Miguel Marujo, director de comunicação da ong Amnistia Internacional em Portugal, resumiu à RFI os dados apurados e a metodologia usada para a elaboração deste relatório.

"Aquilo que, basicamente, a Amnistia concluiu, com este novo relatório, é que as autoridades russas submeteram prisioneiros de guerra ucranianos e civis cativos a tortura, detenção prolongada, em regime sem comunicação, um desaparecimento forçado e outros tratamentos desumanos que constituem crimes de guerra e crimes contra a humanidade.

No relatório, aquilo que é documentado é o modo como os prisioneiros de guerra e os civis ucranianos são mantidos em cativeiro pela Rússia desde Fevereiro de 2022 e estão a ser deliberadamente isolados no mundo exterior, muitas vezes durante anos.

E a falta de transparência sobre o seu paradeiro tem permitido que a tortura e outros maus tratos durante a detenção e até mesmo os assassinatos ilegais de prisioneiros de guerra continuem com total impunidade.

No caso da detenção sistémica, num regime em que não há qualquer comunicação por parte dos prisioneiros de guerra e de civis ucranianos mantidos em cativeiro por parte da Rússia, reflecte uma política deliberada destinada a desumanizá-los e a silenciá-los, deixando também as suas famílias em agonia, à espera de notícias sobre os seus familiares.

E a tortura tem tido lugar em completo isolamento do mundo exterior, estando as vítimas inteiramente à mercê dos seus captores para sobreviverem. E não se trata de uma série de incidentes isolados. Aquilo que a Amnistia constatou é que é uma política sistemática que viola todos os princípios de direito internacional.

Este relatório baseia-se em entrevistas em que foram ouvidas mais de 100 pessoas na Ucrânia, entre Janeiro e Novembro do ano passado, e estas pessoas ouvidas incluíram cinco antigos prisioneiros de guerra ucranianos, familiares de outros 38 prisioneiros de guerra, familiares também de 23 ucranianos que estão desaparecidos actualmente em circunstâncias especiais e 28 civis que estiveram também antes detidos e as respetivas famílias, para além de 10 prisioneiros de guerra russos que estão actualmente detidos na Ucrânia." ANG/RFI

segunda-feira, 3 de março de 2025

Desfile Carnaval 2025/Ministra da Cultura apela união de todos para impulsionar a diversidade cultural do país

Bissau, 03 Fev 25 (ANG) – A ministra da Cultura, Juventude e Desporto, apelou  domingo,  na abertura do desfile do Carnaval 2025, a união de todos os guineenses, para impulsionar a diversidade cultural do país.

Maria da Conceição Évora disse que a festa de carnaval em curso no país conta com o patrocínio do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e que nela tomam parte  várias etnias e culturas, que no desfile exibiram  diferentes danças, cânticos e  trajes nacionais.

“É essa a Guiné-Bissau. É essa a  unidade que nós queremos incutir na mente de cada guineense. Somos um povo grande mas pequeno ao mesmo tempo. No desfile não há política, nem raças, cor ou religião, porque mesmo fazendo política temos que nos aceitar uns aos outros na diversidade. É isso que queremos com esse Carnaval, mostrar que mesmos na diversidade, nós podemos conviver”, disse ministra.

Segundo Maria da Conceição Évora, a Comissão Organizadora do Carnaval 2025 trabalhou, afincadamente, para tentar resgatar o Carnaval, que ao longo dos anos está a desaparecer, e governante disse ser  um Carnaval com maior representatividade  dos bairros de Bissau, e com a participação de todas as regiões.

“Observamos a presença de algumas máscaras, e isso faz-nos recordar do ano em que o Bairro de Tchada, Sintra e Chão de Pepel concorriam com as máscaras. Podemos dizer que neste Carnaval 2025, a  Comissão Organizadora conseguiu resgatar o Carnaval vivido há alguns anos transato”, disse Sãozinha Évora.

A abertura do primeiro dia de desfile do Carnaval 2025, que decorre  sob o lema, “Diversidade Cultural o Fator da Unidade Nacional, contou com a participação de 12 grupos e no segundo  e terceiro dia  contará com a presença de 15 grupos no desfile.

De acordo com a Comissão Organizadora  cada grupo receberá um prémio simbólico  de participação num montante não revelado.ANG/LLA/ÂC//SG    

     
  Obituário
/Músicos guineenses rendem homenagem ao Américo Gomes

Bissau, 03 Mar 25 (ANG) – Os músicos guineenses renderam homenagem póstuma ao falecido Américo Gomes no seu último adeus, conspirando-lhe uma marca de génio e ídolo  que inspira outros músicos de diferentes gerações.

Na cerimónia, o veterano músico Sidónio Pais realçou  Américo como uma marca de génio que não era um simples artista, mas sim um exemplo excecional de quem surgiu na música guineense como uma trovoada, visto que chegou e dominou na sua geração no momento, criando ideias novas.

Sidónio Pais Quaresma disse que nos anos 80, Américo Gomes era apenas uma pessoa que fazia músicas programadas, enquanto eles cantavam em conjunto, frisando que continuava a desenvolver a sua capacidade criativa, fazendo músicas e as letras com facilidade e capacidade de programação, porque já tinha uma noção muito avançada da música que queria fazer.

País destacou que o falecido era  um grande intérprete que cantava muito bem a música norte americana, em ritmo blus com pronúncia em inglês perfeito.

"A experiência que tive com o Américo, um dos mais recentes, era quando gravava o seu disco de 20 anos de carreira, em Setembro de 1992. Estava a procura de como deveria fazer a capa do disco, e ele me disse: mais velho…, penso que podes fazer uma capa assegurando uma pomba branca . Foi lá que cantei aquela música Ntene-Ntene e daí foi buscar a pomba no jardim e me deu para tirar a foto,"disse.

Sidónio Pais acrescentou que a outra marca do Américo é a sua inspiração, sua ideia avançada.

A artista Amy Injai disse que Américo foi aquela pessoa que lhe estendeu a mão quando mais precisava , num  momento mais difícil da sua vida, em que não tinha ninguém do seu lado.

Contou que sempre brigavam, porque descordavam um com o outro mas que acabam depois a se chegar à um acordo. Ami Injai disse que aprendeu muito com  o músico e que vai continuara  aprender com as obras que deixou.

O músico da nova geração Flavnais (fidju de bidera)  considerou Américo um ídolo e tudo para a nova geração, porque o caminho que estão a seguir hoje é feito por ele.

Para o músico Lesmes Monteiro, Américo é uma lenda para os músicos sobretudo, os da nova geração. Monteiro disse que  interpretou muitas músicas do malogrado, antes de começar a cantar, considerando que depois de Justino Delgado e Sidónio, entre artistas de nova geração, o Américo não tem igual.

"A morte do Américo é uma perda não só para a família e músicos, é para todo o país e espero que novos músicos vão poder inspirar na sua obra para continuar a sua caminhada e manter o seu legado," frisou Monteiro.

Para o produtor da música Juca Delegado, o dia do enterro de Américo Gomes deve ser um dia de reflexão para a classe artística, tendo  em conta o que Américo foi em vida , com as suas posições muito clara. Quando tinha que dizer Juca não gosto disso dizia sem rodeios.

"Tomemos isso em conta, que seja um dia de reflexão para crescemos na nossa forma de ser, no nosso interior. Devemos ouvir músicas de Américo, porque vai nos ensinar muita coisa,"disse Delgado.

Falecido no dia 20 de Fevereiro em Lisboa, onde vivia há muito tempo, Américo Gomes foi a enterrar no Sábado, no Cemitério Municipal de Bissau,  numa cerimónia fúnebre presidida pela ministra da Juventude, Cultura e Desportos, Maria da Conceição Évora.ANG/MI/ÂC//SG        

Religião/”O período de jejum é um momento de paz e de perdão nentre os guineenses”, diz Presidente da República

Bissau, 03 Mar 25 (ANG) - O Presidente da República disse no  fim-de-semana que o período de  jejum, o Ramadão, representa para os  fiéis muçulmanos  um momento para promoção de paz  interna e de perdão entre os guineenses, para que o país possa ter  a paz e  tranquilidade .

Umaro Sissoco Embaló dirigia uma mensagem aos  fiéis muçulmanos e aos guineenses em geral, para assinalar o início de jejum de 30 dias que começou no dia 01 de Março.

“Desejo aos fiéis muçulmanos um bom Ramadão. Que se esforcem  na reza e sacrifício para aclamar à Deus e pedir o progresso da Guiné-Bissau”, desejou o Chefe de Estado.

Por outro lado, O chefe de Estado desejou   rápidas melhorias aos doentes que não estarão a altura de cumprir esse período de jejum, e disse esperar  que no próximo ano consigam estar em condições de  cumprir com um dos pilares do islão.

O  Ramadão é uma tradição islâmica que consiste em abster-se de comer, beber, fumar, ter relações sexuais durante o dia, e é igualmente um dos princípios mais cumpridos do islão, no qual os fiéis muçulmanos aumentem a quantidade de orações e se esforcem em praticar mais caridade.

No período de jejum, os muçulmanos são incentivados a dar esmola aos pobres, a não praticar atos negativos tais como  fofocas, mas sim praticar boas ações  conhecidas  como “zakat al Fitr”.

Os fiéis cristãos vão, igualmente, iniciar a penitência de 40 dias a partir de 05 do corrente mês, para  louvar à Deus e  recordar o momento em que Jesus Cristo sofreu e deu sua vida para a salvação d a vida humana.ANG/AALS/ÂC//SG

         Diplomacia/CEDEAO diz ter sido ameaçada de expulsão  de Bissau

Bissau, 03 Mar 25  (ANG) - A missão política de alto nível da CEDEAO afirma ter sido ameaçada de expulsão  da Guiné-Bissau na sequência de ameaças do Presidente Umaro Sissoco Embaló proferidas nesse sentido, noticiou a RFI

Segundo a RFI, num  comunicado publicado sábado e assinado pelo chefe da missão da CEDEAO, o embaixador Bagudu Hirse, ex-ministro dos negócios estrangeiros da Nigéria, a organização afirma que a delegação "partiu de Bissau na madrugada deste sábado [1 de Março], na sequência de ameaças de S.E (Sua Excelência) Umaro Sissoco Embaló para expulsá-la”.


Contactado pela RFI, um dos membros da missão política da CEDEAO, presente em Bissau desde 21 de Fevereiro, recusou reagir, mas confirmou o caso, alegando que o Presidente Sissoco Embaló terá considerado que a missão extravasou as suas funções ao reunir-se com certos líderes da oposição.

O roteiro inicial da CEDEAO não previa reuniões com líderes da oposição. Depois de cartas enviadas à organização, a delegação cedeu e agendou encontros com representantes do PAI-Terra Ranka e da API Cabas Garandi. 

O Presidente guineense, que se encontra fora do país em visitas de Estado à Rússia, ao Azerbaijão e à Hungria não terá apreciado os encontros entre a CEDEAO e os membros da oposição.

Antes de viajar, o chefe de Estado recebeu a missão da CEDEAO, que se deslocou a Bissau “sob a directiva da autoridade dos chefes de Estado e de Governo” da Comunidade, como se lê na declaração final.

Esta missão serviu “para apoiar os esforços dos políticos intervenientes e outras partes interessadas para chegar a um consenso político sobre um roteiro para eleições inclusivas e pacíficas em 2025”.

A missão foi realizada conjuntamente pela CEDEAO e pelo Escritório das Nações Unidas para a África Ocidental e o Sahel (UNOWAS).

Na resenha feita, a missão dá conta de que foi recebida em audiência pelo Presidente guineense e realizou consultas com um vasto leque de intervenientes nacionais, incluindo autoridades, intervenientes políticos, entidades de gestão eleitoral e representantes da sociedade civil, bem como parceiros bilaterais, regionais e internacionais.

“A missão tomou nota das questões e preocupações levantadas pelas partes interessadas durante as consultas e elogia o compromisso de todas as partes interessadas no diálogo político para promover um amplo consenso sobre um roteiro para a condução das eleições legislativas e presidenciais em 2025”, refere.

O documento revela que foi preparado “um projecto de acordo sobre o roteiro para a realização das eleições legislativas e presidenciais em 2025” e que a missão “começou a apresentá-lo às partes interessadas para aprovação”.

A missão apela ainda “a todas as partes interessadas e cidadãos para que continuem a manter a calma e a defender a paz e a tranquilidade no país”.

A missão da CEDEAO decorreu na semana em que a oposição diz que expirou o mandato do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, que completou cinco anos na presidência a 27 de Fevereiro.

A delegação já se encontrava em Bissau quando o chefe de Estado anunciou que vai marcar para 30 de Novembro eleições gerais, legislativas e presidenciais.

Umaro Sissoco Embaló dissolveu o parlamento há mais de um ano e marcou as legislativas antecipadas para Novembro de 2024, que adiou, por alegada  falta de condições.

A oposição põe condições, que transmitiu à CEDEAO, para o diálogo com vista à marcação de eleições, nomeadamente que seja reposta a comissão permanente da Assembleia Nacional Popular e que seja esta a conduzir o processo.ANG/RFI/Lusa

   
Desporto-Futebol
/ Manuel Pedro eleito presidente do Sport Bissau e Benfica 

Bissau,03 Mar 25(ANG) - Os sócios do Sport Bissau e Benfica (SBB) elegeram, no domingo, Manuel Pereira (Manel Pedro) como novo presidente do clube encarnado para um mandato de quatro anos.

A eleição decorreu numa reunião de assembleia geral de sócios realizada  na sede das águias de Bissau, e Manuel Pedro Vieira obteve 113 votos, contra 16 do seu oponente Francisco Sofia da Costa, num universo de 131 votantes.

Manuel Pedro vai substituir no cargo, o Wilson Pereira Batista que esteve no leme do conjunto encarnado ao longo dos últimos quatro anos.

A votação decorreu num clima de desconfiança, com o candidato Francisco Sofia a não marcar presença no momento da votação, alegando não ter conhecimento do acto.

"O que aconteceu hoje no Benfica foi um simples carnaval", afirmou, desvalorizando a eleição de Manuel Pedro.

"Vou organizar outras eleições. Que os sócios fiquem à vontade, Manuel Pedro não é legítimo para participar [nas eleições], muito menos para ser candidato", afirmou.

Refere-se que o pleito eleitoral em causa, estava prevista para o dia 22 de fevereiro último, mas foi adiado para ultimar os trabalhos preliminares do processo, tal como afirmou o presidente da Comissão Eleitoral Justino Sá, em entrevista ao FUT 245.

Este responsável sublinhou naquela ocasião que o processo só podia avançar com a fixação da lista dos candidatos admitidos e consequentemente a abertura do processo de reclamação.ANG/FUT245


      Médio Oriente
/ Europeus apelam à retoma das negociações para Gaza

Bissau, 03 Mar 25 (ANG) – São muitas as reacções internacionais ao bloqueio da ajuda humanitária por Israel na sequência da recusa pelo Hamas de prolongar a primeira fase do cessar-fogo. Numa altura em que Israel confirmou ter recebido armas americanas para lutar contra o Irão.

A União Europeia, em comunicado no domingo à noite, condenou tanto a recusa do Hamas em prolongar a primeira fase do cessar-fogo, como a decisão israelita, que se lhe seguiu, de bloquear a entrada da ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

Bruxelas apela a uma retoma rápida das negociações e da segunda fase do acordo de cessar fogo.

A Jordânia ou ainda o Egipto condenaram a medida israelita. O Cairo, em comunicado da sua diplomacia, acusou Tel Aviv de usar a fome como arma contra o povo palestiniano, nomeadamente, e de, por isso, estar a violar de forma flagrante o acordo de cessar fogo.

O movimento palestiniano Hamas, que gere a faixa de Gaza, insiste, por seu lado, em que se passe, logo, para a segunda fase do acordo que poderia permitir o fim definitivo do conflito.

Entretanto o primeiro-ministro israelita, Benjamin Nethanyahu, agradeceu neste domingo ao presidente norte-americano Donald Trump ter autorizado o envio ao seu país de armas que permitiriam, segundo ele, "acabar o trabalho contra o eixo iraniano." ANG/RFI

   Rússia/"Zelensky demonstrou uma total falta de diplomacia" na Casa Branca

Bissau, 03 Mar 25 (ANG) - A Rússia responsabilizou hoje o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela altercação sem precedentes com o seu homólogo norte-americano, Donald Trump, e acusou a Ucrânia de não querer a paz.

 

“O que aconteceu na Casa Branca na sexta-feira mostrou como será difícil encontrar o caminho para um acordo na Ucrânia", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, numa conferência de imprensa.

"Zelensky demonstrou uma total falta de diplomacia", acusou Peskov, citado pela agência francesa AFP.

Trump e Zelensky protagonizaram uma discussão acesa perante os jornalistas na presidência norte-americana, em Washington, que terminou sem a esperada assinatura de um acordo que permitiria aos Estados Unidos acesso aos minerais ucranianos em troca de garantias de segurança à Ucrânia.

Na sequência do confronto verbal na Casa Branca, Peskov apelou para que Zelensky seja forçado a fazer a paz com a Rússia, que invadiu o país vizinho há três anos.

Peskov afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, repetiu em várias ocasiões que as autoridades ucranianas "recusam um acordo através de negociações".

"Alguém tem de obrigar Zelensky a mudar de ideias. Ele não quer a paz. Alguém tem de o obrigar a querer a paz", disse Peskov.

"Se os europeus o fizerem, honra e glória para eles", acrescentou, referindo-se a uma cimeira dos aliados europeus de Kyiv realizada em Londres no domingo.

Peskov insistiu que o que aconteceu na sexta-feira na Casa Branca "mostrou como será difícil encontrar uma solução para a Ucrânia" e acusou Zelensky de ter demonstrado "uma total falta de diplomacia".

"Nesta situação, apenas os esforços dos Estados Unidos e a boa vontade de Moscovo não serão suficientes" para pôr fim ao conflito na Ucrânia, afirmou, também citado pela agência espanhola EFE.

Para o porta-voz do Kremlin, Zelensky confirmou também a incapacidade de Kiev em aceitar a anexação dos seus territórios pela Rússia, não reconhecida pela Ucrânia nem pela generalidade da comunidade internacional.

"Só um cego não consegue ver a realidade e só um surdo não a quer ouvir", afirmou, referindo-se à anexação da Crimeia, em 2014, e de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, em 2022.

Peskov acrescentou que Moscovo vai prosseguir as negociações com Washington, iniciadas em meados de fevereiro em Riade, para normalizar as relações bilaterais.

A imprensa e a televisão russas têm-se regozijado com a discussão acrimoniosa entre Zelensky e Trump, considerando que prova a afirmação de Putin de que o homólogo ucraniano é "um líder tóxico", segundo a EFE.ANG/Lusa

 

China /Pequim adverte que vai retaliar aumento de taxas alfandegárias dos EUA

Bissau, 03 Mar 25 (ANG) - A China advertiu hoje que vai tomar "todas as medidas necessárias" para defender os seus interesses, em resposta às taxas alfandegárias que os Estados Unidos planeiam implementar a partir de terça-feira.

 

China opõe-se firmemente à decisão dos Estados Unidos de impor mais taxas sob o pretexto de alegadas ameaças à sua segurança", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lin Jian, em conferência de imprensa.

"Tomaremos todas as medidas necessárias para proteger os nossos interesses legítimos", acrescentou.

O porta-voz acusou Washington de "politizar questões económicas e comerciais" e disse que "numa guerra comercial não há vencedores".

"As ações dos EUA minam a cooperação económica normal e prejudicam a sua própria economia e credibilidade internacional", disse Lin.

O Governo chinês não detalhou como vai retaliar, mas um jornal oficial afirmou que Pequim pode tomar contramedidas contra produtos agrícolas e alimentares dos EUA.

Pequim também avisou hoje que "tentar desacreditar e confrontar a China não trará qualquer benefício para as relações bilaterais" e instou os EUA a regressar ao "caminho correto do diálogo e da cooperação com base no respeito mútuo".

"Uma mentira, por mais vezes que seja repetida, nunca se tornará verdade", concluiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

As tensões comerciais entre as duas potências voltaram a intensificar-se nos últimos dias, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado um novo aumento de 10% das taxas sobre produtos chineses, para além dos 10% já aplicados recentemente, citando os esforços insuficientes de Pequim para travar o tráfico de fentanil.

Pequim rejeitou estas acusações e defendeu, na semana passada, que mantém "uma das políticas de controlo de drogas mais rigorosas do mundo".ANG/Lusa

 

               Angola/Cólera matou mais de 200 pessoas  desde janeiro

Bissau, 03 Mar 25 (ANG) - Mais de 200 pessoas morreram de cólera em Angola, desde janeiro passado, num total de 5.749 casos registados, segundo dados do Ministério da Saúde angolano.

De acordo com o boletim epidemiológico, divulgado na noite de domingo, Angola conta já um total de 204 óbitos desde o início da doença e 97 novos casos fazendo um cumulativo de 5.749 casos, com a província de Luanda a liderar as ocorrências com 2.963 casos.

Depois de Luanda, epicentro do surto, a província do Bengo totaliza 2.004 casos, Icolo e Bengo (642), Malanje (68), Cuanza Sul (29), Uíje (10), Huambo (10), Huíla (07), Cabinda (07), Zaire (05), Cuanza Norte (02), Cunene e Cubango com caso respetivamente.

A capital angolana também lidera com o número de óbitos, um total de 105, seguido do Bengo (74), Icolo e Bengo (19), Malanje (03), Cuanza Sul dois e Cabinda com um óbito.

De acordo com a mesma fonte, estão internadas nos hospitais de Angola 145 pessoas com cólera. Ang/Lusa

      Bélgica/União Europeia longe de reduzir níveis de poluição até 2030

Bissau, 03 mar 25 (ANG) - A União Europeia (UE) ainda está longe de atingir os
objetivos de redução da poluição estabelecidos para 2030, alertou um relatório da Agência Europeia do Ambiente divulgado hoje.

 

De acordo com um documento, "são necessárias ações mais concretas" para que a UE "alcance os objetivos de redução da poluição para 2030".

O relatório escrito pela agência europeia aponta que as políticas da União Europeia "contribuíram para a redução da poluição do ar, utilização de pesticidas e presença de plástico no mar" e que no geral isso contribuiu para a redução da poluição no bloco comunitário.

No entanto, "os níveis de poluição ainda são demasiado elevados, em particular na poluição ruidosa, libertação de microplásticos, poluição de nutrientes e produção de resíduos".

"Os princípios de poluição zero têm de ser integrados em todas as políticas e esforços, e a todos os níveis, para assegurar que se continua a avançar. Neste contexto, adotar a economia circular na UE vai ajudar a reduzir o consumo de recurso e, desse modo, vai aliviar as pressões sobre os ecossistema e a saúde humana", sustentou o relatório.

No geral, a qualidade do ar melhorou nos 27 países do bloco comunitário, devido a "desenvolvimentos na regulamentação e redução das emissões, diminuindo significativamente as mortes prematuras" -- esta era uma das maiores preocupações da Agência Europeia do Ambiente em relatórios anteriores.

Ainda assim, o número de mortes provocadas pela poluição do ar "é demasiado elevado", particularmente por exposição a amónia e óxidos de nitrogénio, que continuam a "afetar os ecossistemas" no território da UE.

"São necessários mais esforços, em especial em áreas urbanas, para diminuir o número de pessoas cronicamente afetadas pelo ruído dos transportes".

Por isso, a agência que monitoriza as consequências ambientas para a saúde humana e dos ecossistemas nos 27 países da UE, propõe um plano de ação para a redução total da poluição, com decisões mais audazes e severas, não só para atingir os objetivos traçados nos próximos cinco anos, mas também para reduzir significativamente os níveis de poluição e as consequências sanitárias.ANG/Lusa