segunda-feira, 5 de maio de 2025

Desporto-luta livre/Diamantino e Wotna conquistam medalhas de ouro e bronze no Campeonato Africano de Luta Livre

Bissau, 05 Mai 25(ANG) - O  Diamantino Iuna Fafé continua no trono de Luta Livre Africana na categoria de 57 kg, ao conquistar no domingo(04) uma medalha de Ouro no Campeonato Africano de Luta, a decorrer na cidade de Casablanca, em Marrocos.

Segundo a página da Federação de Luta da Guiné-Bissau no Facebook, outro lutador, Wotna Cana Ndoc, conquistou uma medalha de Bronze na categoria de 65 quilos .

Gino Intchala, na categoria de  97 kg, está na final na sua categoria, enquanto que Caetano António Sá, de 74, vai lutar pela medalha de Bronze (3º) lugar.

Com cinco atletas na competição, a caravana guineense que já conquistou duas medalhas, (Ouro e Bronze), com os lutadores Diamantino e Wotna, aguarda pelos resultados das  competições de Gino [final (97kg) - Ouro ou prata] e Caetano [3º lugar - Bronze].ANG/FLGB

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Liberdade de Imprensa /SINJOTECS defende criação de politicas públicas que promovam inclusão digital e acesso à informação

Bissau, 02 Mai 25 (ANG) – O Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social da Guiné-Bissau (SINJOTECS) defendeu, em comunicado à imprensa, a criação de politicas públicas  que promovam a inclusão digital e  o acesso à informação.

Por via desse comunicado à imprensa, tornado público por  ocasião da celebração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que se assinala sábado, 03 de Maio de 2025, o Sinjotecs  ainda defendeu o fortalecimento dos meios de comunicação social locais, sobretudo, nas regiões mais isoladas do país.

O Sinjotecs reafirma, por outro lado, o seu compromisso com a defesa da liberdade de expresão, da ética profissional e da voalorização dos jornalistas guineenses.

A organização que zela pela defesa dos jornalistas e técnicos da Comunicação social, diz que a Guiné- Bissau não está imune dos novos desafios da  liberdade de imprensa , como a desinformação, a censura digital e a intimidação de profissionais, que o mundo enfrenta atualmente.

“Os jornalistas guineenses continuam a exercer  o seu trabalho com coragem e dedicação, muitas vezes em contextos de instabilidade política, precáridade laboral e falta de proteção legal adequada”, refere o comunicado.

Por isso, neste dia, o SINJOTECS rende homenagem à todos os jornalistas  e técnicos da comunicação social que, com profissionalismo, informam a população de forma responsavel e ética.

Apela ao governo e ás autoridades nacionais a reforçarem o compromisso com a liberdade de imprensa, respitando os direitos dos jornalistas  e garantindo melhores condições sociais.

O Sinjotecs condena  qualquer forma de assédio,intimidação ou sensura contra jornalistas e meios de comunicação social.

“O   jornalismo é essencial para a demopcracia, a justiça e o desenvolvmento. Não há liberdade sem imprensa livre. E não há imprensa livre sem jornalistas protegidos, valorizados e respeitados”, diz o Sinjotecs em comunicado. ANG/LPG//SG

Caju/“ “Combate ao contrabando da castanha de caju é um desafio nacional que requer envolvimento de todos”, diz Inspetor-geral do Comércio

Bissau, 02 mai 25 (ANG) – O Inspetor-geral do Comércio disse que o combate ao contrabando da castanha de caju é uma questão de soberania, por isso,  um desafio nacional que requer o envolvimento de todos.

“Ninguém, mas ninguém deve brincar com processo da fiscalização da castanha de caju, porque é o nosso ouro e petróleo ”, disse  Anselmo Mendes, numa recente reunião de sensibilização de elementos da Guarda Nacional colocados em postos avançados de fiscalização da comercialização da castanha na Região de Oio, nomeadamente em Guidadji, Dungal, Bacar Ndjai e Sidif.

Mendes acrescentou  que mais de 90 por cento de exportações  do país é  da castanha de caju, e que se não sair do  Porto de Bissau diminuirá a capacidade económica do país em termos de arrecadação de receitas, e que, se assim for,  os reflexos acabam por atingir à todos.

Anselmo Mendes afirmou que o país depende muito da castanha de caju, razão pela qual exorta a colaboração dos populares no cambate ao seu contrabando .

O Governador da região de Oio, Bacar Camará reconheceu  dificuldade no processo de fiscalização, devido a existência de milhares de pequenos caminhos junto das linhas fronteiriças da Guiné-Bissau com o Senegal.

Mesmo assim, Bacar Camará encoraja aos fiscalizadores a serem determinantes no exercício das suas funções, porque, diz, “a castanha é o maior  produto que o país exporta”.

O Comandante de Guarda Nacional na zona Norte, Badjunco Sanhã  recomendou rigor aos  agentes de fiscalização da castanha de caju, sobretudo os afectos ao posto Bacar Ndaji, onde no ano passado foi apreendido  um Canter cheio de castanha de caju.

Badjunco Sanhã  declarou tolerância zero a qualquer agente  envolvido  no contrabando da castanha de caju.

Este ano foram criados 35 postos na linha de fronteiras com o Senegal para travar o contrabando da castanha de caju.ANG/LPG//SG

 

 Liberdade de imprensa/ Declínio preocupante em muitos países africanos

Bissau, 02 Mai 25 (ANG) - O "Índice Mundial da Liberdade de Imprensa 2025” dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) foi publicado, esta sexta-feira, na véspera do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. No topo da classificação aparecem a Noruega, a Estónia e os Países Baixos. Portugal surge em oitavo lugar.

Poucos países africanos têm razões para comemorar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa porque o relatório revela que "a liberdade de imprensa está a sofrer um declínio preocupante em muitos países africanos". A Eritreia é o pior país do planeta para os jornalistas e detém "o triste recorde das mais longas detenções de jornalistas no mundo", aparecendo em último lugar nos 180 países analisados. Outros países africanos com pior classificação são o Uganda (143.º), a Etiópia (145.º lugar) e o Ruanda (146.º lugar).

A Guiné-Bissau está em 110° lugar e o sindicato da profissão alerta que “os jornalistas estão a sofrer”. Cabo Verde aparece como um dos melhores países africanos para a profissão, ao lado da África do Sul e da Namíbia. Angola também aparece a laranja no mapa da RSF e surge na posição número 100. Moçambique surge logo depois, em 101º lugar. São Tomé e Príncipe não fez parte da lista.

Na pior posição entre os países afro-lusófonos avaliados, aparece a Guiné-Bissau que caiu da posição 92 para a 110ª. O relatório aponta que “na Guiné-Bissau, nos últimos anos, a forte degradação do contexto de segurança para a imprensa e as pressões políticas e económicas colocaram o jornalismo à prova”.

Questionada sobre esta classificação e sobre a dificuldade de ser jornalista neste país, Indira Baldé, a presidente do Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social da Guiné-Bissau, diz que “a classificação vem revelar, mais uma vez, a situação que os jornalistas e os profissionais da Guiné-Bissau têm vivido ao longo dos tempos” porque a pressão política e a pressão económica continuam a fazer parte do dia-a-dia dos profissionais da comunicação social guineenses.  

Vimos cada vez mais a liberdade de imprensa a ser limitada, o acesso à fonte de informação continua a ser limitado, a precariedade continua a falar cada vez mais alto. Essas situações continuam a fazer com que a Guiné-Bissau esteja cada vez mais a regredir no ranking da liberdade de imprensa dos Repórteres Sem Fronteiras”, explica a jornalista.

Como é que os jornalistas resistem às pressões? Indira Baldé diz que “está a ser difícil a resistência”, que “os que resistiram continuam a sofrer pressões” e “outros estão a resistir com alguma reticência porque podem perder o emprego”. No fundo – resume - “os jornalistas estão a sofrer” e “fazer um jornalismo isento de qualquer interesse está a ser cada vez mais difícil, como vem referido na classificação” da RSF.

No que toca aos órgãos públicos da Guiné-Bissau, a presidente do Sindicato dos Jornalistas acrescenta que “o cenário é extremamente difícil porque os jornalistas têm ou de alinhar com o que a direcção do órgão quer, ou perder o emprego”. Por outro lado, “o mercado não é aberto nem actractivo para se procurar emprego”.

Segundo a RSF, a Guiné-Bissau caiu da posição 92, em 2024, para a 110ª, em 2025. O que aconteceu num ano? Indira Baldé responde: “A questão política piorou bastante. Vimos jornalistas a serem insultados publicamente. Vimos jornalistas a serem expulsos das actividades das coberturas. Vimos jornalistas a serem limitados de acederem a certas actividades políticas. Vimos também que, para precaverem essas situações, muitos jornalistas já não vão a certas coberturas, decidem ficar nas suas redacções (…) A situação política não tem ajudado a classificação da Guiné-Bissau. Depois vem a situação económica. Os órgãos de comunicação social enfrentam muitos problemas de sustentabilidade, funcionam com apoios dos parceiros, prestação dos serviços, ainda não temos uma subvenção do Estado aos órgãos de comunicação com serviço público prestado. Isto tem prejudicado bastante e tem limitado muita produção de qualidade nos nossos órgãos de comunicação.”

Em ano de eleições presidenciais e legislativas na Guiné-Bissau, o cenário arrisca-se a piorar. Indira Baldé acredita que “os jornalistas vão ter grandes desafios” e alerta que “a pressão política vai continuar e a precariedade económica vai continuar”.

Cabo Verde é o terceiro melhor país africano em termos de liberdade de imprensa na classificação da Repórteres Sem Fronteiras. O arquipélago aparece na 30ª posição, apenas antecedido pela África do Sul em 27° lugar e pela Namíbia em 28°. Cabo Verde sobe 11 posições já que em 2024 se encontrava em 41°.

Geremias Furtado, presidente da Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), congratula-se com a classificação, mas avisa que ainda se tem que melhorar vários aspectos.

Eu vejo essa subida com muita alegria tendo em conta que sempre queremos estar bem posicionados nos rankings de liberdade de imprensa. Entendemos que muito mais do que estar bem posicionado, temos que sentir que, de facto, há liberdade de imprensa em Cabo Verde e que é uma liberdade plena e absoluta. Ficámos felizes, sim, confiamos muito na análise dos Repórteres Sem Fronteiras, mas acho que não nos devemos contentar com esta simples subida e dizer que tudo já foi feito”, adverte Geremias Furtado.

O jornalista diz que “há que se trabalhar, reflectir e ter acções concretas no sentido de se garantir que a liberdade de imprensa seja plena em Cabo Verde” porque “a precariedade laboral é um problema crónico dos jornalistas em Cabo Verde”, nomeadamente, os “contratos a prazo, salários que não condizem, sobrecarga no horário, poucas condições de trabalho”.

Geremias Furtado considera que se deve “aproveitar esta subida” para pedir a clarificação do Código do Processo Penal no que toca ao segredo de justiça porque é ambíguo: “Num artigo diz que os jornalistas não estão vinculados pelo segredo de justiça e num outro artigo logo a seguir diz que quem divulgar parte de peças processuais incorre no crime de desobediência”, explica.

Além disso, o sindicato está preocupado com “os ataques e discursos de ódio contra jornalistas que vêm surgindo de forma proliferada nas redes sociais”, apontando, como exemplo, o caso de um deputado que sugeriu “umas palmadas aos jornalistas”. Acima de tudo – diz- “há que respeitar o trabalho dos jornalistas”.

Por outro lado, o relatório da RSF escreve que “o país se destaca na região pelo ambiente de trabalho favorável aos jornalistas”, recorda que “a liberdade de imprensa é garantida pela Constituição”, mas adianta que “os chefes dos meios de comunicação públicos, que dominam o cenário mediático, são nomeados directamente pelo governo”. Jeremias Furtado diz que agora isso apenas acontece com a agência de notícias Inforpress, já que a RTC tem um conselho independente que escolhe os cargos do topo.

O que acontece na Rádio e Televisão de Cabo Verde é que há um conselho independente – embora a AJOC discorde da forma como esse conselho é composto- mas há um conselho independente que nomeia os gestores desse órgão. A nossa preocupação prende-se, agora, com a Inforpress que é a única agência de notícias cabo-verdiana e o administrador é escolhido directamente pelo governo. Entendemos que se há da parte da RTC um conselho independente que elege os administradores porque é que o administrador único da Inforpress não pode ser nomeado por um conselho independente? O director e o chefe de redação também são nomeados e não há concursos internos para escolha destas chefias intermédias”, conclui Geremias Furtado.

Angola também aparece a laranja no mapa da RSF e surge na posição número 100 de uma lista de 180 países. Em 2024 estava na posição 104. O relatório aponta que “após 40 anos de governo do clã Dos Santos, a chegada ao poder do Presidente João Lourenço, em Setembro de 2017, não foi um ponto de viragem para a liberdade de imprensa” e “a censura e o controlo da informação ainda pesam sobre jornalistas angolanos”.

Quanto a Moçambique,que surge na 101ª posição e também melhora relativamente a 2024 (105°), a ONG aponta que“a eleição de Daniel Chapo em Outubro de 2024, seguida de confrontos violentos que deixaram mais de 300 mortos, agravou o preocupante declínio da liberdade de imprensa em Moçambique”. ANG/RFI

 EUA/Acordo entre Washington e Kiev "retira tapete vermelho” estendido a Putin

Bissau, 02 Mai 25 (ANG) - Os Estados Unidos e a Ucrânia assinaram, na quarta-feira, em Washington, um vasto acordo económico que dá acesso aos recursos naturais ucranianos e que vai passar também por um fundo de investimento para a reconstrução do país devastado pela guerra.

Sandra Dias Fernandes, professora de Relações Internacionais da Universidade do Minho, diz que este acordo parece salvaguardar a soberania ucraniana, mas só dá uma “garantia de segurança indirecta” a Kiev. Por outro lado, é o fim do “tapete vermelho” que Donald Trump tinha estendido a Vladimir Putin.

Foi numa mensagem de vídeo que o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, anunciou o que descreveu como acordo histórico de parceria económica”. A ministra ucraniana da Economia, Ioulia Svyrydenko, foi assinar o documento a Washington e disse que o acordo vai financiar “projectos de extracção de minerais, de petróleo e de gás, considerando que o fundo vai “atrair investimentos mundiais, mas sublinhando que a Ucrânia “conserva a propriedade e o controlo dos seus recursos”. E é justamente aqui que reside a diferença relativamente ao primeiro acordo apresentado em Fevereiro e que era, então, visto como “uma autêntica extorsão”, sublinha Sandra Dias Fernandes, professora de Relações Internacionais da Universidade do Minho, em Portugal.

“A grande diferença é que a primeira proposta de Fevereiro era considerada uma autêntica extorsão. Neste momento, nós não temos, obviamente, os detalhes todos, mas as declarações oficiais dos representantes ucranianos sublinharam uma dimensão que é o facto de os ucranianos continuarem proprietários do seu solo, do seu subsolo e de controlar toda a extracção. Pelo menos foi isso que foi declarado”, explica Sandra Dias Fernandes.

O esboço precedente do texto deveria ter sido assinado durante a visita do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Casa Branca, no final de Fevereiro, mas o incidente na conferência de imprensa - com Trump a repreender Zelensky - precipitou o seu regresso e cancelou a assinatura do acordo. Entretanto, o documento foi revisto, mas não parece incluir garantias de segurança americanas face à Rússia, algo que Kiev tinha pedido e no qual insistia Zelensky. De recordar que dois meses depois do polémico encontro na Casa Branca, Trump e Zelensky voltaram a ver-se e a reunir-se em plena Basílica de São Pedro, à margem do funeral do Papa Francisco. Esta quarta-feira, no canal NewsNation, Donald Trump declarou que, durante esse encontro, disse ao seu homólogo que se o acordo fosse assinado seria bom porque a Rússia é bem maior e mais forte”.

Por isso, este é, acima de tudo, “um acordo económico”, sem nenhuma garantia directa de segurança para a Ucrânia, admite Sandra Dias Fernandes, ressalvando que Kiev obtém uma certa “garantia de segurança indirecta”.

A Ucrânia obtém o interesse dos Estados Unidos da América na sua própria segurança, daí ser uma garantia de segurança indirecta. Portanto, é dado um acesso aos Estados Unidos que permite também que os Estados Unidos, na sua perspectiva, se sintam compensados, porque o Presidente Trump tem muitos problemas com todo o dinheiro que já foi investido na Ucrânia. Ele quer ser ressarcido desse dinheiro, comenta.

Outro “avanço também positivo para os ucranianos”, no sentido diplomático, é de sair um bocadinho do isolamento que Trump tinha criado à volta da Ucrânia a favor dos russos”, acrescenta a investigadora. É, por isso, o fim do ciclo iniciado no célebre episódio da Casa Branca, no final de Fevereiro.

“Este acordo fecha um ciclo que se iniciou em Fevereiro e que surpreendeu toda a gente quando o Presidente Trump, por iniciativa dele, apresenta este acordo que não estava, de todo, previsto nem falado. E fecha o ciclo do Presidente Zelensky ser acusado de ingratidão na Sala Oval no passado dia 28 de Fevereiro. Temos aqui o fechar de um ciclo menos positivo na relação dos Estados Unidos com a Ucrânia, em que a Ucrânia era muito pressionada e até, de alguma forma, acabava por sair isolada”, continua a investigadora.

O acordo acontece paralelamente às negociações em curso para encontrar uma saída para o conflito, três anos depois do início da invasão russa. O Tesouro americano usou, curiosamente, essa expressão “invasão russa”, algo que era evitado desde o regresso ao poder de Donald Trump. “O acordo reconhece a importante ajuda financeira e material que o povo americano forneceu à defesa da Ucrânia desde a invasão a grande escala da Rússia”, afirma o Tesouro.

Na Fox News, o secretário do Tesouro acrescentou que Donald Trump quer que ambas as partes se sentem à mesa e indiciou que é um trunfo o facto de os Estados Unidos mostrarem que têm um interesse económico na Ucrânia“É um sinal para os dirigentes russos. É também um sinal para o povo americano que temos uma oportunidade para participar e obter uma compensação em troca dos financiamentos e armas fornecidas à Ucrânia, declarou Scott Bessen. Será que o acordo vai permitir acelerar as conversações para se chegar a um cessar-fogo na Ucrânia? Não, na opinião de Sandra Dias Fernandes, que fala antes no fim do “tapete vermelho estendido a Putin” por Trump.

Não creio que venha acelerar. Creio que veio retirar aquela espécie de tapete vermelho que Trump tinha estendido a Putin e, portanto, vem temperar a posição americana no sentido de não ser tão má para os ucranianos. Há aqui sinais que fazem com que já não seja uma espécie de mão dada à Rússia relativamente à questão ucraniana. Portanto, não há aqui uma relação directa, mas há um ambiente que poderá ser interpretado por parte da Rússia como o momento em que a Rússia tem que deixar de dilatar no tempo a ideia do cessar-fogo (…) Eu vejo isso tudo como obviamente mais positivo para a Ucrânia e, sobretudo, menos facilitado do ponto de vista diplomático para os russos, no sentido da estratégia de fazer durar no tempo a ideia de que um cessar-fogo está a ser negociado para continuar os seus ataques de forma absolutamente igual e até, às vezes, mais intensa do que tem sido nos últimos meses”, acrescenta.

Sandra Dias Fernandes lembra, ainda, que o anúncio de um cessar-fogo de 8 a 10 de Maio, “foi muito mal recebido” “o próprio enviado de Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg, apelidou essa trégua de ridícula” porque “o que eles querem é uma trégua de 30 dias”. ANG/RFI

 

 Angola/Conjuntura económica afeta capacidade de produção jornalística

Bissau, 02 Mai 25 (ANG) - A Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana (ERCA) considerou hoje que os profissionais do setor em Angola trabalham numa conjuntura económico-financeira "menos favorável", que afeta, em grande medida, a sua capacidade de produção e de cobertura jornalística.


AERCA, na sua mensagem alusiva ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que se assinala no dia 03 de maio, saúda os profissionais da comunicação social angolana pela sua "resiliência e capacidade de adaptação", numa conjuntura económico-financeira "menos favorável, que afeta, em grande medida, a capacidade de produção e de cobertura dos factos por muitos órgãos".

O regulador refere que todos os profissionais da comunicação social, independentemente do seu estatuto, são chamados a trabalhar nos marcos legais, para a salvaguarda dos direitos dos cidadãos a uma informação objetiva, isenta e imparcial.

Apela para a necessidade de se prestar atenção aos problemas da atualidade, "atrelados" ao advento das novas tecnologias de informação e comunicação, tais como a "informação falsa, a desinformação e o discurso do ódio, que se disseminam com alguma facilidade nas plataformas digitais".

É aos média tradicionais que cabe a responsabilidade de "desencorajar e contrariar essa tendência nociva dos dias correntes", promovendo o debate público, através da difusão de factos verídicos, contados com clareza e relatados de acordo com os princípios da ética e envolvendo todos os atores dos factos a relatar, refere-se na mensagem.

"Impacto da Inteligência Artificial na Liberdade de Imprensa e nos Meios de Comunicação Social" é o lema das celebrações do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa 2025, como recorda a ERCA, considerando que "o exercício pleno das liberdades de expressão, de informação e de imprensa, consagrados na Constituição angolana, representa um compromisso do Estado angolano" com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

A ERCA defende igualmente que não obstante os avanços tecnológicos que se observam, com enfoque na Inteligência Artificial, "é imperioso que, no exercício da sua nobre missão, os profissionais dos média não se deixem substituir pelas novas tecnologias por mais avançadas que se apresentem".

Encoraja ainda a classe profissional angolana a cumprir escrupulosamente o Estatuto dos Jornalistas, o Código de Ética e Deontologia e implementar os Conselhos de Redação, "enquanto mecanismos de autorregulação e como fator de equilíbrio nas relações entre profissionais e o patronato".ANG/Lusa

 

Política/ Governo  anuncia admissão de mais quadros na Educação e Saúde

Bissau, 02 Mai 25 (ANG) - O Governo  anunciou  quinta-feira(01) a efetivação de 9.117 novos ingressos nos setores da saúde e educação,  e que  no âmbito da reforma do quadro remuneratório da administração pública, estão previstas  a unificação da grelha salarial e  aumento do salário mínimo para 2026.

O anúncio foi feita pela ministra da Função Pública, Reforma Administrativa, Emprego, Formação Profissional e Segurança Social, Mónica Buaro da Costa, ao intervir no ato comemorativo  do dia internacional dos trabalhadores,  assinalado quinta-feira , sob o lema “União, Disciplina e Trabalho”, no largo da Câmara Municipal de Bissau. 

A governante assegurou na sua comunicação que o Executivo vai trabalhar na atualização de quadro orgânico do pessoal e as plantilhas de setor da defesa e segurança, como também vai ser adquerido o sistema de controlo electrónico de presençasem  em substituição do livro de ponto.

A governante anunciou que o governo vai atribuir 150 bolsas de formação profissional à jovens guineenses para Cabo Verde, Reino de Marrocos e Portugal.

Buaro da Costa disse que o Executivo está comprometido com a garantia do trabalho digno e a promoção do crescimento económico do país, razão pela qual tem trabalhado nos últimos anos para reduzir a taxa de desemprego, particularmente o desemprego jovem e não só, como também priorizou a formação e qualificação de jovens, através da formação profissional.

O titular da pasta de Comunicação Social, Florentino Fernando Dias, em representação do chefe do Governo, Rui Duarte Barros, disse que a celebração da data é uma oportunidade para o governo exprimir a sua consideração e o seu reconhecimento aos trabalhadores guineenses por seu contributo para a promoção e desenvolvimento do país e do bem-estar colectivo. 

Dias  sublinhou que a Guiné-Bissau é um país rico em potencial humano e recursos naturais, razão pela qual só pode alcançar o desenvolvimento pleno quando todos os trabalhadores, de campo a cidade, do setor público e privado, tiverem oportunidades dignas, salários justos e proteção social assegurada.

Para o Secretário da Confederação Geral dos Sindicatos Independentes da Guiné-Bissau, Central Sindical, Malam Li Baldé, o exercício do direito sindical na Guiné-Bissau exige de cada  um esforço titânico. 

Li Baldé criticou que tanto os dirigentes sindicais como sindicalistas, são tidos ou vistos como inimigos ou adversários do Governo no poder. 

“Desde os primórdios da implementação do regime democrático em 1991, os governantes nunca respeitaram os sindicatos e seus associados que são trabalhadores e únicos criadores da riqueza do país”, disse.

Malan Li Baldé acrescentou que  apesar das lutas sindicais levadas a cabo em todas as áreas do trabalho, neste país as condições  de vida dos trabalhadores e trabalhadoras continuam  péssimas “sem poder de compra, levando toda a vida a mendigar para poder assegurar a si e a própria familia”. 

Baldé defende que  é preciso continuar a luta para a dignificação da classe trabalhadora, e diz que, por isso, deve haver união, solidariedade e confiança mútua entre os trabalhadores da Guiné-Bissau.

Tal como em épocas passadas, o dia dos trabalhadores foi assinalado com desfiles de diferentes grupos profissionais. ANG/O Democrata

 

 Cultura/O casamento precoce é o tema do novo filme de Mussa Baldé 

Bissau, 02 Mai 25 (ANG) - O sábado passado marcou o fim das rodagens na região do Biombo, do novo filme de Mussa Baldé, jornalista  correspondente da RFI e colaborador da Lusa em Bissau, mas que também escreve guiões e produz cinema.

A fita co-realizadas com o ator e diretor de Casting, Jorge Biague, é intitulada 'Minina di Bandeja' e tem como temática o casamento precoce, uma problemática ainda muito presente na Guiné-Bissau.

Depois de várias semanas de intenso trabalho, Mussa Baldé fez um balanço positivo e disse que espera colocar o filme nos ecrãs até ao final deste ano. Ao dizer o que o levou a rodar esta fita, o guionista e cineasta começa por contar o enredo em torno de 'Sofy', protagonista de 'Minina di Bandeja'.

RFI : Do que fala o filme 'Minina di Bandeja'?

Mussa Baldé : 'Minina di Bandeja' é uma ficção a partir de uma realidade que acontece na Guiné-Bissau, infelizmente. Nós quisemos aventurar-nos no cinema contando a história de uma menina que foi trazida do interior da Guiné-Bissau para ter uma vida melhor. A ideia da menina, a 'Sofy', era vir a Bissau estudar, formar-se como enfermeira e voltar para a sua comunidade, no interior, e servir a sua comunidade como enfermeira. A 'Sofy' tinha um sonho, mas a tia dela tinha um outro objetivo com ela. Foi buscar a 'Sofy' e meteu a 'Sofy' aqui em Bissau como vendedora ambulante. Um trabalho que, para já, é um crime, porque trabalho infantil é uma coisa que o Código Civil da Guiné-Bissau criminaliza. Mas nesse trabalho infantil, na venda ambulante, 'Sofy' e acaba por ser confrontada com uma situação ainda mais desagradável, que é o casamento forçado. Foi pedida em casamento por uma pessoa que ela nem conhecia, nunca viu na vida. A 'Sofy' é uma menina esperta, também empoderada, também orientada, consciencializada dos seus direitos por uma associação que luta contra o casamento forçado. Ela foi informada de que tem a opção de qualquer dia, quando for confrontada com o casamento forçado, poder fugir de casa. Foi o que ela fez. Fugiu daquela casa. Foi para um centro de acolhimento. Foi acolhida, Foi orientada. Estudou. Acabou por ser médica. Sendo médica, acabou por criar uma organização com mais outras duas colegas que também fugiram do casamento forçado. Criaram uma organização, uma associação e lançaram uma grande campanha a nível da Guiné-Bissau, de consciencialização das meninas sobre o perigo do casamento forçado. Eu não quero levantar aqui o 'spoiler' do filme, mas penso que vai ser um filme de que as pessoas vão gostar.

RFI : Isto é inspirado em factos reais?

Mussa Baldé : Todos os guineenses conhecem casos de casamento forçado nas comunidades. Aqui em Bissau, infelizmente, o casamento forçado de meninas é uma prática que parece que se enraizou na nossa sociedade. Ainda há duas semanas, estive no interior da Guiné-Bissau, no Sul profundo, em Catió, a visitar um centro de acolhimento que tem neste momento 37 meninas fugidas do casamento forçado nas várias comunidades limítrofes duma cidade chamada Catió. Portanto, são coisas que acontecem. O casamento forçado, infelizmente, cristalizou-se na nossa sociedade. Eu diria que o casamento forçado em tempos remotos era uma prática cultural. Agora, eu diria que é uma prática comercial. Os adultos utilizam as meninas como elemento de troca para ganhar alguma benesse, algum dinheiro, algum bem material. Infelizmente é o que acontece no nosso país, mas todos nós temos que levantar as nossas vozes contra esta prática, porque é uma prática degradante, é uma prática que põe em causa toda a dignidade de uma menina. Imagina uma menina de 14 anos é dada em casamento com uma pessoa de 60 anos. Portanto, aquilo não existe nem amor, nem afecto, nem respeito. Eu, enquanto jornalista e outras pessoas que trabalham nesta temática, temos que reforçar o nosso compromisso com esta causa, dar a voz, consciencializar as nossas comunidades e, sobretudo, denunciar. Foi o que nós procuramos fazer neste filme: denunciar o trabalho infantil. Porque estas meninas que são postas nas ruas a vender coisas, passam por situações que nem passa pela cabeça de nenhum comum mortal, porque são meninas que são sujeitas a situações extremamente degradantes e, ainda por cima, são sujeitas ao casamento forçado, porque estando nesta actividade de venda ambulante, estão expostas. Os adultos conseguem localizá-las, aliciá-las, às vezes até pressioná-las para um casamento que elas nem nem sequer fazem ideia do que seja. Infelizmente, é a nossa realidade.

RFI : As temáticas societais e em particular, a condição das meninas e das mulheres é um assunto que me toca particularmente, uma vez que as tuas personagens principais são mulheres. Foi o que aconteceu, por exemplo, com 'Clara di Sabura'.

Mussa Baldé : Sim. Há muitos anos que tenho vindo a trabalhar nesta temática dos direitos das mulheres. Das meninas porque sou sensível a estas questões. Eu devo ser dos jornalistas aqui na Guiné-Bissau que mais acompanhou a senhora Fátima Baldé, uma grande activista do nosso país dos Direitos Humanos, dos Direitos das Mulheres. Ela foi presidente do Comité Nacional de Luta contra as Práticas Nefastas da Saúde da Mulher e Criança. Eu andava com ela, seguia os trabalhos dela sempre que ela tinha uma denúncia de uma situação de mutilação genital feminina, do casamento forçado, casamento precoce, violência doméstica, abuso contra as meninas. Ela ligava-me a mim enquanto jornalista para fazer cobertura, para dar visibilidade a essa luta que ela travou na Guiné-Bissau contra esta sociedade machista. Portanto, eu fui-me acostumando e fui gostando desta temática. E agora disse 'Bom, já que tenho algum conhecimento e algum saber, digamos assim, desta temática, porque não elaborar sobre esta temática com outros elementos?' Portanto, o filme 'Clara di Sabura' foi um filme que quis mostrar que as meninas que estão aqui no Centro Urbano de Bissau têm outras alternativas que não a vida fácil. Muita gente não gostou da perspectiva que eu dei ao filme, mas é a minha visão. É isso que faz uma sociedade democrática e plural. Cada um dá a sua versão de como é que vê a sociedade. Há muita gente que achou que eu fiz uma crítica muito sarcástica em relação àquilo que é a condição da vida das meninas na Guiné-Bissau, mas eu quis mostrar na 'Clara di Sabura' que há outra alternativa. Agora este filme aqui é mais um filme de denúncia e de trazer ao de cima uma realidade que muita gente finge que não vê. Porque lugar de uma menina, na minha perspectiva, é na escola ou a brincar. Imagina uma menina de 12 anos, de 11 anos, nove anos a vender nas ruas até às 22h00 os perigos que esta menina enfrenta?

RFI : Como é que foram as filmagens de 'Minina di Bandeja'? Isto envolveu actores profissionais e não-actores.

Mussa Baldé : Sim. Envolveu actores profissionais e actores amadores. Eu penso que as pessoas vão se surpreender pela qualidade de performance, sobretudo de actores e actrizes amadores. Porquê? Porque eu fui buscar jovens dos liceus e das universidades. Tivemos quase dois anos nos ensaios para perceber o que é que se pretende com o filme. Fizemos visitas a esse centro de acolhimento de meninas fugidas do casamento forçado duas vezes. E fui buscar uma pessoa com alguma experiência no domínio da arte cénica, que é o Jorge Biague. Jorge Biague é um personagem muito conhecido aqui na Guiné-Bissau porque participou e trabalhou com Flora Gomes e Sana Na N'Hada durante vários anos. E o Jorge trouxe a sua experiência, sobretudo na encenação do roteiro. O roteiro foi escrito por mim. Mas o Jorge Biague trouxe esse roteiro para a cena. Conseguiu transformar o roteiro em arte dramática. Trabalhou com com a minha equipa durante quase sete meses e depois partimos para as filmagens. E mesmo durante as filmagens, ele tem sido o meu coadjuvante principal, o realizador comigo. Estamos a avançar. Os primeiros dias, curiosamente, foram muito fáceis, porque os jovens estavam tão ávidos, com expectativas muito altas para iniciarmos as filmagens. Agora, na parte final das filmagens é que se nota já algum cansaço. É normal, porque levamos imenso tempo nas filmagens e depois com o sol que se faz na Guiné-Bissau neste momento, filmar em altas temperaturas às vezes não tem sido fácil. Mas tenho estado a falar com jovens, a incentivá-los, a mostrar que estamos a fazer um trabalho que vai ficar na história deste país, porque estamos a falar de um tema que toca a todos ou que devia tocar a todos. Também trabalhamos com algumas pessoas já com experiência, o Luís Morgado Domingos o Tio Silva, a Fati, a Verónica, o Albino. São pessoas que já têm alguma experiência porque trabalharam também com outros, como o Flora Gomes e Sana Na N'Hada, que são os expoentes máximos do cinema da Guiné-Bissau. Portanto, eu fui buscar algumas das pessoas que trabalharam com estas duas personagens para virem emprestar a sua experiência, a sua sapiência, ao filme 'Minina di Bandeja'. Fizemos aqui uma mescla da juventude e da experiência de pessoas que já estão no cinema da Guiné-Bissau.

RFI : Encaminha-se agora a fase de pós-produção, a montagem e a fase praticamente final da preparação do filme. Como é que encaras esse novo período agora do filme 'Minina di Bandeja'?

Mussa Baldé : A minha grande preocupação, neste momento, é arranjar recursos para esta fase. Nesta fase da captação do filme, nós conseguimos, com mais ou menos dificuldades, levar o barco a bom porto. O problema agora é como vamos arranjar recursos? Onde vamos arranjar recursos? Neste momento estamos na fase da pré-edição. Vamos entrar na fase de edição, depois na pós-produção do filme que pretendemos fazer em Portugal, a pós-produção e a correção das cores, da luz, do som e inserção de legendas. O filme é falado em crioulo, mas a minha intenção é meter legendas em francês, português, inglês e espanhol, porque é minha intenção pôr este filme no circuito internacional do cinema, sobretudo nas mostras, nos festivais, mostrar esse filme porque o tema é actual. O tema está na agenda mundial. É um assunto que preocupa quase todos os países da África subsaariana, particularmente a Guiné-Bissau. Vamos fazer aqui na Guiné-Bissau a pré-edição e a edição. Depois vamos para Portugal fazer a pós-produção do filme. Esperamos ter os recursos necessários para fazer esse trabalho, que não será também um trabalho fácil.

RFI : Quais são as tuas expectativas relativamente a este filme? Pensas que até ao final do ano vai estar nos ecrãs?

Mussa Baldé : Sim, decididamente, o filme tem que estar nos ecrãs até Dezembro. Não tenho uma data precisa. Quando é que vamos acabar todo este trabalho da edição e da pós-produção? Não sei, porque há muita coisa que eu não controlo. Mas decididamente, até ao final deste ano de 2025, o filme vai estar em exibição. As pessoas vão poder ver o filme. Devo salientar uma coisa: o filme não será comercializado. O filme vai ser doado, digamos assim, às organizações que trabalham nesta temática dos direitos das meninas na Guiné-Bissau. Todas as organizações que trabalham nesta temática vão ter uma cópia do filme. Basta a organização solicitar por carta e através de um dispositivo de armazenamento, um disco, uma pen. Recebe uma cópia do filme. A minha intenção é mostrar o filme, como eu disse nas mostras internacionais nos festivais. Mas há uma meta que eu tenho fixado, que é um festival de audiovisual que acontece na Suíça, sobre o material ligado aos Direitos Humanos e a minha intenção é que o filme 'Minina di Bandeja' esteja nesse festival para que o mundo possa ver também a minha perspectiva sobre estas duas temáticas. Queria salientar que contei com alguns parceiros que eu não gostaria de descurar ou não mencionar nesta entrevista, parceiros que acreditaram neste projecto desde o início: a UNICEF e o Banco da África Ocidental, que é um banco aqui da Guiné-Bissau. Mas também tive outros parceiros que não apoiaram financeiramente, mas ainda assim, a sua contribuição foi muito determinante para esta fase da captação do filme: a Liga dos Direitos Humanos desde o início, o Comité Nacional de Luta contra as Práticas Nefastas, a Casa do Acolhimento das Crianças em Risco, a AMIC, a Associação Amigos da Criança da Guiné-Bissau, a Federação de Futebol e outras instituições que, de uma forma ou outra, ajudaram à realização deste filme e alguns amigos, particulares, que me ajudaram com escritórios, com carros, com gasóleo. A ajuda de toda a gente foi determinante ou tem sido determinante até aqui. Espero que mais instituições que nós contactámos vão se interessar por este projecto do filme e vão ajudar a conclusão do filme 'Minina di Bandeja' . ANG/RFI

 França/Ataques a prisões  ligados ao narcotráfico. Há 21 suspeitos

Bissau, 02 mai 25 (ANG) - As autoridades francesas confirmaram hoje que traficantes de droga são suspeitos de estar por trás de ataques recentes a prisões, no dia em que 21 suspeitos apresentados hoje aos juízes de instrução de criminalidade organizada em Paris.

Os suspeitos, incluindo dois menores e sete pessoas já detidas, foram objeto de um pedido de prisão preventiva, de acordo com um comunicado conjunto da Procuradoria Nacional Antiterrorista (Pnat) e do Tribunal Nacional de Luta contra a Criminalidade Organizada (Junalco), único responsável pela investigação.

Entre os suspeitos encontra-se "a pessoa que provavelmente será o criador da primeira conta de Telegram intitulada 'DDPF' (sigla para Defesa dos Presos Franceses) e o autor do texto difundido nesse canal, criticando as condições prisionais", sublinharam.

Já detido e condenado por delitos comuns, deverá ser julgado em breve por delitos ligados ao tráfico de droga, próximo da máfia DZ, em Marselha (sul), a segunda maior cidade de França.

O grupo até então desconhecido tinha publicado vídeos e ameaças num canal no Telegram, plataforma de mensagens encriptadas, que depois eliminou.

As investigações "revelaram um 'modus operandi' semelhante, utilizado de forma repetida: a partir de uma ordem de ação dada pelo instigador no Telegram, foram difundidas e transmitidas ofertas de ação nas redes sociais, recrutados operacionais, mediante uma remuneração significativa", refere o comunicado.

"Este modo de operação corresponde ao que é agora habitualmente empregue pelas organizações criminosas para que sejam realizadas missões em seu nome", acrescentaram.

Um total de 30 pessoas, incluindo quatro menores, foram detidas entre segunda e quarta-feira numa grande operação em toda a França. Sete pessoas foram libertadas da custódia da polícia sem serem processadas nesta fase.

A investigação judicial aberta pela Junalco, por conspiração criminosa para a preparação de crimes e delitos e tentativa de homicídio em grupo organizado, diz respeito a cerca de quinze ações levadas a cabo contra prisões e funcionários prisionais a partir de 13 de abril.

Nesse dia, em Agen (sudoeste), a sigla "DDPF" apareceu pela primeira vez ao lado de sete carros incendiados no parque de estacionamento da Escola Nacional de Administração Penitenciária (Enap).

Seguiram-se uma série de incêndios em carros de funcionários prisionais em toda o país, ataques com morteiros de fogo-de-artifício a prisões e até disparos de Kalashnikov como em Toulon (sudeste).

A investigação está também a analisar os disparos e o lançamento de dois cocktails Molotov, em 21 de abril, num bairro residencial em Villefontaine, perto de Lyon (leste), onde residem funcionários prisionais, perto da prisão de Saint-Quentin-Fallavier.

Em 15 de abril, a Pnat assumiu a investigação devido "à natureza destes atos, aos alvos escolhidos e à natureza concertada de uma ação cometida em múltiplos pontos do território, bem como ao objetivo que perseguem de perturbar gravemente a ordem pública através da intimidação, tal como reivindicado nas redes sociais por um grupo denominado DDPF".

No entanto, no final da rusga, "não parece que estas ações coordenadas sejam o resultado de um empreendimento terrorista, cujo objeto teria sido a prática de infrações com o único objetivo de perturbar gravemente a ordem pública através da intimidação ou do terror", explicaram a Pnat e a Junalco.

"Não foi possível identificar qualquer ideologia radical violenta ou ingerência estrangeira, pistas que foram objeto de uma análise aprofundada", afirmaram em comunicado, referindo que, no entanto, "as investigações permitiram enquadrar firmemente estas ações no âmbito da criminalidade organizada grave".

Para o Ministro francês da Justiça, Gérald Darmanin, estes ataques estão "claramente ligados ao tráfico de droga" desde o início. ANG/Lusa

 

 EUA/Trump determina cortes no financiamento da rádio e da televisão públicas

Bissau, 02 mai 25 (ANG) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na quinta-feira à noite uma ordem executiva com o objetivo de cortar os subsídios públicos à rádio e à televisão públicas, a NPR e a PBS, acusando as emissoras de parcialidade. 


De acordo com os mais recentes dados divulgados, mais de 40 milhões de norte-americanos ouvem a rádio pública dos Estados (NPR - National Public Radio) todas as semanas e 36 milhões sintonizam a televisão pública (PBS -- Public Broadcasting Service) todos os meses.

Trump ordenou à Corporação para a Radiodifusão Pública (CPB, na sigla em inglês) e outras agências federais que tutelam os sistemas de comunicação social públicos a cessarem o financiamento federal a ambas as estações.

O decreto do Presidente exige ainda que o departamento que tutela a radiodifusão pública trabalhe para neutralizar as fontes indiretas de financiamento da rádio e da televisão do Estado. 

A Presidência dos Estados Unidos, numa publicação difundida através das redes sociais, referiu ainda que os meios de comunicação públicos recebem milhões de dólares dos contribuintes para difundirem "propaganda radical disfarçada de notícias".

Em março, a diretora da NPR, Katherine Maher, estimou que a rádio pública receberia 120 milhões de dólares em 2025, menos de 5% do orçamento necessário.

Esta vontade da administração norte-americana inscreve-se na intenção de reduzir significativamente a despesa pública destinada aos meios de comunicação social públicos.

Anteriormente, Donald Trump estabeleceu como compromisso o desmantelamento das estações de rádio Voz da América, Rádio Ásia Livre e Rádio Europa Livre/Rádio Liberdade, que transmitem a nível internacional.

A medida anunciada na quinta-feira é a mais recente decisão da administração norte-americana a utilizar os poderes federais para controlar ou dificultar a operacionalidade de instituições que transmitem pontos de vista independentes.

Desde que assumiu o cargo, em janeiro, Trump destituiu dirigentes, colocou funcionários em licença administrativa e cortou centenas de milhões de dólares em financiamento para artistas, bibliotecas, museus ou companhias de teatro.

O chefe de Estado também fez pressão para reter fundos federais de investigação e educação das universidades e puniu firmas de advogados, a menos que estas concordassem em eliminar os programas de diversidade de género ou sobre questões raciais.

A presidente do Conselho de Administração da PBS, Paula Kerger, disse no mês passado que a intenção de Donald Trump de rescindir o financiamento para os meios de comunicação públicos vai perturbar o serviço essencial que a televisão pública fornece aos cidadãos dos Estados Unidos.

"Não há nada mais norte-americano do que a PBS e nosso trabalho só é possível graças ao apoio bipartidário [Partido Republicano e Partido Democrático] que sempre recebemos do Congresso", referiu.

"A parceria público-privada [de serviço público de comunicação social] permite-nos ajudar a preparar milhões de crianças para o sucesso na escola e na vida e também apoia programas enriquecedores e inspiradores da mais alta qualidade", acrescentou.

Em abril, a administração norte-americana comunicou que ia pedir ao Congresso o anulamento do financiamento da entidade que tutela o setor (Corporação para a Radiodifusão Pública) como parte de um pacote de cortes de 9,1 mil milhões de dólares.

No entanto, esse pacote, que o diretor do Orçamento Russell Vought disse ser provavelmente o primeiro de vários, ainda não foi enviado para o Capitólio.

Os decretos presidenciais contra os meios de comunicação social públicos têm enfrentado a resistência dos tribunais federais norte-americanos, que decidiram, em alguns casos, que a liderança de Trump pode ter ultrapassado a autoridade ao reter fundos atribuídos pelo Congresso. 

Hoje, a organização francesa Repórteres Sem Fronteiras denunciou o que considerou uma deterioração preocupante da liberdade de imprensa nos Estados Unidos. ANG/Lusa