quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

França/UE prepara sanções semelhantes àquelas que a CEDEAO adoptou contra o Mali

Bissau, 13 Jan 22(ANG) - Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 reúnem-se hoje em Brest, no noroeste da França, designadamente para afinar a posição a tomar face à junta militar do Mali, depois de a CEDEAO ter decretado sanções contra os militares no poder em Bamako por terem decidido não realizar eleições no próximo dia 27 de Fevereiro, conforme tinha sido estabelecido em 2020, logo depois do seu primeiro golpe.

Segundo o chefe da diplomacia francesa, a União Europeia prepara-se para seguir o caminho da CEDEAO.

Antes mesmo da reunião desta quinta-feira que se realiza em Brest no âmbito da presidência rotativa da França, o presidente francês disse na terça-feira que o seu país apoiava as "sanções inéditas" decididas pela CEDEAO.

Nesta senda, Jean-Yves le Drian anunciou ontem que a França iria propor hoje aos seus parceiros europeus que a União Europeia adopte sanções semelhantes àquelas que foram decididas no Domingo pela CEDEAO. "A situação no Mali e no Sahel é um assunto africano e europeu, não é mais um assunto franco-maliano", disse o chefe da diplomacia francesa referindo-se à participação de 10 países europeus no grupo de forças especiais destacadas Takuba que combate o jihadismo no Sahel.

No passado fim-de-semana, os países-membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental decretaram o encerramento das suas fronteiras com o Mali bem como um embargo comercial e financeiro para marcar a sua rejeição do plano da junta de continuar a dirigir o país durante vários anos. Em resposta, a junta maliana decretou igualmente o encerramento das suas fronteiras com o exterior e na passada terça-feira, ao mesmo tempo que se disse aberta ao diálogo, também apelou a população a manifestar contra as sanções amanhã.

Neste contexto, além dos líderes oeste-africanos e dos europeus, a vizinha Argélia também incitou a junta militar maliana a “tomar uma atitude responsável e constructiva”. Uma posição saudada ontem por Jean-Yves le Drian que recordou pela mesma ocasião que deve decorrer nas próximas semanas uma reunião dos cerca de 60 membros da Coligação para o Sahel "no intuito de tomar uma posição colectiva".

Entretanto e desde já, depois de a França tomar abertamente posição a favor das sanções da CEDEAO, a companhia aérea Air France anunciou ontem a suspensão das suas ligações com o Mali "com efeito imediato" "até nova ordem".

Estas sanções em catadupa acontecem numa altura em que a França tem estado a acusar a junta militar de "estar a tentar enganar todos os seus parceiros", Paris tendo nomeadamente apontado o dedo a Bamako sobre a presença de mercenários russos que, a seu ver, se encontram no país apenas no intuito de ajudar os golpistas a manter-se no poder.

Nos últimos meses, a França que tem milhares de soldados mobilizados contra os jihadistas no Sahel, tentou sem sucesso dissuadir Bamako de recorrer à empresa de segurança privada Wagner, próxima do Kremlin. Segundo responsáveis militares malianos, vários instructores russos foram destacados para o país, nomeadamente Tombuctu, no norte do Mali.

Ao fim de quase uma década de presença no Mali, a França anunciou no ano passado que pretendia reorganizar a sua missão militar, abandonando as suas três bases mais a norte (Tessalit, Kidal e Tombuctu) para se concentrar em Gao e Ménaka junto das fronteiras com o Niger e o Burkina Faso, a França prevendo igualmente fazer passar os seus efectivos dos actuais 5.000 homens para cerca de 2.500/3.000 até 2023. Uma decisão que gerou alguma crispação entre a França e as autoridades malianas. ANG/RFI

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