sexta-feira, 9 de junho de 2023

   Beijing/China, Paquistão e Irão criam mecanismo de consulta anti-terrorismo

Bissau, 09 Jun 23 (ANG) – A China, o Paquistão e o Irão criaram um mecanismo de consulta sobre segurança e combate ao terrorismo, após uma reunião tripartida que se realizou esta semana em Beijing, informou hoje a imprensa estatal, numa altura de crescente influência chinesa na região.

A reunião, realizada na quarta-feira e que foi a primeira do género, serviu para "discutir em profundidade o combate ao terrorismo na região" e como "executar operações conjuntas anti-terrorismo transfronteiriças", de acordo com um comunicado difundido pelo ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

Segundo especialistas citados pelo jornal oficial Global Times, o mecanismo de consulta "vai aprofundar a cooperação na luta contra o terrorismo, a longo prazo, entre os três países", e visa "estabelecer uma base para a cooperação futura em outras áreas de segurança".

Citado pelo jornal, o académico Zhu Yongbao disse que o encontro "vai ampliar os mecanismos de segurança da China na região".

"Terroristas no Paquistão e no Afeganistão cruzaram as fronteiras para se esconder no Irão, o que também representa uma ameaça para aquele país", argumentou Zhu, acrescentando que "dada a complexidade desta questão, é natural que os três países reforcem a cooperação".

Em Maio, a China já manteve conversações trilaterais com o Paquistão e o Afeganistão em Islamabad, nas quais foi discutida a cooperação no combate ao terrorismo.

De acordo com Zhu, a reunião desta semana abordou a "situação de segurança dentro e ao redor do Afeganistão, que é de grande preocupação regional e internacional" e "a situação na fronteira entre o Paquistão e o Irão, na região do Baluchistão".

Zhou disse que a China, o Paquistão e o Irão provavelmente vão chegar a um consenso sobre a identificação de organizações terroristas e sobre a cooperação para combater operações terroristas transfronteiriças.

A China é um dos poucos países que mantém contacto directo com Cabul desde a retirada das tropas dos Estados Unidos, apesar do governo talibã não ser reconhecido pela comunidade internacional.

A China já demonstrou interesse em incluir o Afeganistão no projecto de infra-estruturas designado como Corredor Económico China e Paquistão (CPEC), uma rota comercial para ligar a cidade chinesa de Kasghar ao porto paquistanês de Gwadar (sudoeste), no Baluchistão, proporcionando a Beijing uma porta de entrada para o Mar Arábico.

Nos últimos meses, Rússia, China, Irão e Paquistão instaram o governo talibã a adoptar "medidas visíveis e verificáveis" para combater o terrorismo, impedir que combatentes islâmicos usem o território afegão e garantir a segurança de organizações e cidadãos estrangeiros.

Beijing está preocupada com o facto de o Afeganistão abrigar separatistas que se opõem ao domínio chinês na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país.

Isto inclui um grupo militante que afirma representar a minoria étnica chinesa de origem muçulmana uigur, chamado Movimento Islâmico do Turquestão Oriental (ETIM, na sigla em inglês).

Acredita-se que várias centenas, possivelmente milhares, de muçulmanos chineses vivam nos territórios do norte do Paquistão, em grande parte sem governo, mas especialistas em terrorismo questionam se o ETIM existe mesmo de forma organizada.

O presidente chinês, Xi Jinping, recebeu também o líder iraniano, Ebrahim Raisi, em Fevereiro passado, e garantiu que a China vai manter inabalavelmente a sua "amizade e cooperação" com o Irão, independentemente da "situação internacional e regional".

Em Março passado, Arábia Saudita e Irão anunciaram também o restabelecimento das relações diplomáticas, em Beijing, como parte de um acordo mediado pela China. ANG/Angop

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