Região de Grandes Lagos/Cimeira de Luanda exige cessar-fogo imediato na RDC e no Sudão
Bissau, 04 Jun 23 (ANG) - A cimeira extraordinária da
Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) realizada
este sábado, em Luanda, exigiu a cessação imediata das hostilidades no Leste da
República Democrática do Congo (RDC) e no Sudão.
No comunicado final da XI Cimeira Extraordinária da CIRGL, os
Estadistas ou seus representantes consideram urgente melhorar a coordenação e
operacionalização do mecanismo para monitorar e avaliar a implementação do
cessar-fogo e a retirada do M23 dos territórios ocupados.
No documento lido pelo ministro angolano das Relações Exteriores, Téte António,
os participantes expressaram solidariedade às vítimas dos conflitos nos dois
países e reafirmaram o apoio à revitalização do Acordo Quadro para a Paz,
Segurança e Cooperação para a Região dos Grandes Lagos.
Relativamente à RDC, as partes foram encorajadas a empenharem-se na
implementação dos entendimentos de Luanda e de Nairobi e exigiram o M23 a
priorizar o processo de acantonamento.
O encontro reconhece a redução da violência armada contra a população do Leste
da RDC, particularmente, no Kivu Norte, após desdobramento da força regional da
África Oriental, mas considera necessário “fazer-se mais” para uma paz
duradoura na região.
No comunicado, os participantes condenaram qualquer tentativa do M 23 e de
outros grupos armados reforçarem-se para relançar as hostilidades nas
zonas ocupadas, apelando ao abandono urgente das armas, bem como ao
repatriamento incondicional dos "bandos estrangeiros".
As delegações saudaram a iniciativa de Angola em desdobrar um
contingente militar com o objectivo de garantir a segurança nas áreas de
acantonamento do M23 e apoiar as actividades do mecanismo de verificação ad-
hoc.
O encontro encorajou o Governo da RDC a acelerar a implementação do processo de
desarmamento, desmobilização, reintegração comunitária e estabilização,
condição essencial para a resolução do conflito no Leste da RDC.
A Cimeira sublinhou a necessidade da reactivação do programa humanitário
dirigido às populações deslocadas, para as zonas de origem e permitir o registo
da população votante nos territórios previamente ocupados pelo M23.
Apelou para a reabertura das vias de acesso para facilitar a assistência
humanitária às populações deslocadas internamente.
Os ministros responsáveis pela diplomacia de Angola, RDC, Rwanda e Burundi,
apoiados pelo mecanismo de verificação ad-hoc, foram orientados a reunirem-se
periodicamente, para avaliação conjunta do processo e do progresso na
implementação dos compromissos do roteiro de Luanda e do Plano de acção
conjunto para a pacificação do Leste da RDC e a normalização das relações
político-diplomáticas com o Rwanda.
O comunicado refere que a cimeira saudou a decisão da SADC de enviar uma força
de intervenção como uma resposta regional para apoiar os esforços para a paz e
segurança no leste da RDC.
Quanto ao Sudão, a reunião apelou à reactivação do processo de paz com vista a
busca de uma solução duradoura do conflito e apoiar a transição democrática e
inclusiva, por reconhecer não haver solução militar para a crise.
A cimeira apelou à comunidade internacional a providenciar assistência
necessária às populações do Leste da RDC e no Sudão, bem como propuseram-se em
continuar a monitorar a situação nos dois países
Os participantes felicitaram o Estadista angolano pelo empenho na busca pela
paz e estabilidade para o continente.
A declaração lida pelo ministro Téte António indica que Angola deverá acolher,
em data ainda a indicar, uma cimeira entre CIRGL, SADC, CEEAC e a Comunidade de
Estados da África Oriental, com a participação da ONU.
O referido encontro deverá ter a coordenação da União Africana (UA). No foco da
iniciativa está a melhoria da coordenação dos esforços de pacificação do
continente.
A cimeira, que contou com a participação de Chefes de Estados ou seus
representantes da CIRGL, decorreu sob o lema “Por uma região dos Grandes Lagos
estável, rumo ao desenvolvimento sustentável”.
Criada em 1994, após os conflitos políticos e militares que marcaram a
Região dos Grandes Lagos, no início da década de 1990, a CIRGL congrega Angola,
Burundi, as repúblicas Centro-Africana e Democrática do Congo, bem como o
Congo, Quénia, Uganda, Rwanda, Sudão, Sudão do Sul, Tanzânia e Zâmbia.ANG/Angop/ 2
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