Senegal/Violência após condenação de opositor senegalês faz pelo menos nove mortos
Bissau, 02 Jun 23(ANG) – Nove pessoas morreram na quinta-feira no Senegal, em resultado da violência que eclodiu após a condenação a dois anos de prisão do líder da oposição Ousmane Sonko, disse o ministro do Interior, Antoine Diome.
“Notamos com pesar a violência que
levou à destruição de bens públicos e privados e infelizmente à morte de nove
pessoas em Dacar e Ziguinchor”, disse, na televisão nacional, o ministro,
reconhecendo ainda a imposição de restrições no acesso às redes sociais.
Centenas de jovens saíram na
quinta-feira à rua em várias cidades senegalesas, após Sonko ser condenado a
dois anos de prisão por corrupção de menores, um veredicto que o impedirá de
concorrer às próximas presidenciais.
Os protestos ocorreram em diferentes
bairros de Dacar, a capital, mas também em algumas cidades como Ziguinchor,
Bignona (sul do país), Saint-Louis, Louga (norte), Kaolack (centro-oeste) e
Mbour (oeste).
Os manifestantes ergueram barricadas
com pneus e veículos em chamas, atiraram pedras às forças policiais e saquearam
lojas e edifícios públicos.
Em resposta, as forças de segurança
utilizaram gás lacrimogéneo para controlar a situação.
Em comunicado, o partido político de
Sonko – Patriotas do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (PASTEF,
na sigla em francês), declarou que “este veredicto sobre a acusação é a última
etapa da conspiração urdida por [o Presidente senegalês] Macky Sall e os seus
acólitos contra o principal opositor deste país”.
“Nunca a República do Senegal e as
suas instituições foram tão desprezadas, manchadas e profanadas! A
sobrevivência do Senegal e do povo senegalês está em jogo!”, declarou o PASTEF.
O partido de Sonko denunciou
“energicamente” o veredicto, apelou à mobilização em todo o Senegal e pediu às
forças de segurança e ao exército que se colocassem ao lado do povo.
“Povo senegalês, parem todas as
actividades e saiam à rua para fazer frente aos excessos ditatoriais e
sanguinários do regime de Macky Sall até que ele deixe a chefia do Estado!”,
lê-se no comunicado.
Um tribunal de Dacar condenou Sonko a
dois anos de prisão por corrupção de menores, depois de ter sido julgado em 23
de Maio, após ter sido acusado por uma jovem massagista, Adji Sarr, de
“violações repetidas” e “ameaças de morte”.
Esta condenação torna o candidato da
oposição inelegível para as eleições presidenciais previstas para Fevereiro de
2024, de acordo com o Código Eleitoral senegalês.
O veredicto foi anunciado numa altura
de protestos dos seus apoiantes, enquanto Sonko está detido em casa desde
domingo, rodeado de forças policiais, uma restrição das liberdades que a
organização Amnistia Internacional descreveu como ilegal, uma vez que o líder
da oposição não tinha sido notificado de “qualquer acto”.
O veredicto surge depois de o líder da
oposição ter sido condenado, em 08 de Maio, a seis meses de prisão suspensa por
difamação e calúnia pública de um ministro senegalês, que acusou de corrupção.
Sonko e a sua comitiva acusaram Macky
Sall, presidente do país desde 2012 e reeleito em 2019, de “instrumentalização”
da justiça para impedir o opositor de concorrer às eleições de 2024.
ANG/Inforpress/Lusa
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