República de Guiné/Pelo menos 47 mortos na repressão de protestos desde 2021
Bissau, 15 Mai 24 (ANG) - A repressão das manifestações na Guiné-Conacri
fez pelo menos 47 mortos, na sua grande maioria jovens, desde que os militares
tomaram o poder em setembro de 2021, afirmou a Amnistia Internacional num
relatório publicado hoje.
A Organização
Não-Governamental (ONG) revelou também que um número mais elevado de pessoas
ficou gravemente ferido durante as manifestações por indivíduos identificados
como membros das forças de segurança.
Entre 2019 e 2021, pelo
menos 66 pessoas já foram mortas, principalmente durante manifestações contra o
plano do Presidente, Alpha Condé, de reformar a Constituição para concorrer a
um terceiro mandato, disse a Amnistia.
A ONG afirmou que a
repressão continuou sob o Comité Nacional da Unidade para o Desenvolvimento
(CNRD, na sigla em francês), liderado pelo Coronel Mamadi Doumbouya, que
derrubou o Presidente em 2021.
"Apesar das
promessas do CNRD de resolver a questão do uso excessivo da força (...),
incluindo em casos de mortes ilegais, esta situação extremamente grave
persiste, num contexto geral de repressão de vozes dissidentes", disse a
diretora da Amnistia Internacional para a África Ocidental e Central, Samira
Daoud, citada no comunicado.
A junta proibiu todas as
manifestações desde 2022 e mandou prender, processar ou exilar vários líderes
da oposição.
Ordenou também a
dissolução de um grupo que tinha estado na vanguarda da oposição a Alpha Condé
e que era igualmente ativo contra a junta e restringiu o acesso à Internet durante
três meses, retirou os canais de televisão dos principais pacotes de
distribuição e bloqueou as frequências de rádio.
“Desde 2019,
registaram-se poucas condenações de membros das forças de defesa e segurança
por uso ilegal da força”, lamentou a Amnistia.
Os centros de saúde
públicos e privados têm-se recusado a tratar as vítimas por receio de
represálias, referiu a organização.
Em março, o
primeiro-ministro, Amadou Oury Bah, reconheceu que a junta permaneceria no
poder pelo menos até 2025, não cumprindo o compromisso de sair até ao final de
2024. ANG/Lusa
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