Burundi/Número de refugiados congoleses sem precedentes
Depois de terem tomado Goma, a capital do Kivu do Norte, numa
ofensiva relâmpago no final de janeiro, estes combatentes tomaram o controlo de
Bukavu, a capital do Kivu do Sul, a apenas cinquenta quilómetros do Burundi, no
domingo.
Os combates continuam a alastrar-se no Kivu do Sul, na fronteira
entre o Ruanda e o Burundi, sobretudo a sudeste, aproximando-se da capital
económica do Burundi, Bujumbura, e obrigando um grande número de civis a
atravessar a fronteira.
"Esta é a maior vaga de refugiados que o Burundi já viu
desde o início dos anos 2000", afirmou Brigitte Mukanga-Eno, representante
do ACNUR naquele país, numa conferência de imprensa em Bujumbura, na tarde de
quarta-feira, na presença de funcionários e diplomatas.
Segundo a responsavel, o número de refugiados é de 30.000. Na
segunda-feira, as autoridades do Burundi tinham indicado um número de 10.000.
"Estes números são apenas temporários, porque infelizmente
continuam a chegar milhares de pessoas todos os dias", acrescentou,
apontando para as províncias fronteiriças de Bubanza e Cibitoke.
De acordo com o ACNUR, antes desta vaga de refugiados, o Burundi
já tinha no seu território cerca de 90.000 refugiados, principalmente congoleses,
que chegaram ao país durante as duas guerras do Congo (1996-1997 e 1998-2003).
A fronteira entre Bujumbura e Uvira, do lado congolês, é também
um corredor económico e humano crucial nesta região dos Grandes Lagos sem
litoral.
Desde outubro de 2023, o Burundi enviou mais de 10.000 soldados
para ajudar o exército congolês a enfrentar o M23 e outros grupos armados.
Na quarta-feira à noite, o enviado especial do Secretário-Geral
da ONU para a região dos Grandes Lagos, Huang Xia, disse ao Conselho de Segurança
da ONU que o M23 e os seus aliados continuavam a avançar para "outras
áreas estratégicas" no Kivu do Norte e no Kivu do Sul.
O chefe da missão de manutenção da paz da ONU na
RDCongo(Monusco), Bintou Keita, também se mostrou preocupado com o avanço do M23,
que se encontra atualmente "na junção das três fronteiras entre a RDCongo,
o Ruanda e o Burundi", disse. ANG/Lusa
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