França/Arguido no processo do atentado à basílica de Nice em 2020 admite factos
Bissau, 24 Fev 25 (ANG) - O arguido no processo do
atentado que matou três pessoas na basílica de Nice em 2020, Brahim Aouissaoui,
admitiu hoje os factos no julgamento, confessando que agiu para "vingar os
muçulmanos" mortos por ocidentais.
"Sim, admito os
factos", disse o arguido de 25 anos e origem tunisina, que está a ser
julgado no Tribunal Especial de Paris por homicídio e seis tentativas de
homicídio relacionadas com uma ação terrorista.
Esta é a primeira vez, desde a sua detenção logo após os
acontecimentos, que Brahim Aouissaoui admite ter assassinado com uma faca de
cozinha três pessoas e que a Igreja Católica em França, enquanto instituição,
se junta à ação civil no julgamento.
"Não sou terrorista, sou muçulmano", disse o arguido,
que falava em árabe e cujas palavras foram traduzidas por um intérprete.
O jovem, muito magro, justificou o seu ato explicando que
"todos os dias morrem muçulmanos" e que não há "empatia por
estas pessoas".
"O Ocidente mata indiscriminadamente (muçulmanos)
inocentes" e a "vingança é um direito e uma verdade",
acrescentou.
Na manhã de 29 de outubro de 2020, armado com uma faca de
cozinha, o arguido quase decapitou Nadine Vincent, de 60 anos, esfaqueou 24
vezes Simone Barreto Silva, franco-brasileira de 44 anos que conseguiu fugir do
local antes de falecer, e cortou a garganta de Vincent Loquès, um sacristão de
55 anos e pai de duas filhas.
A escolha das suas vítimas, matando-as numa igreja, foi uma
questão de "acaso", afirmou Brahim Aouissaoui, explicando que
"não tinha preparado nada" e alegando que os homicídios eram
legítimos.
Na véspera do atentado, Brahim Aouissaoui tinha explicado numa
mensagem áudio a um compatriota residente na região parisiense que não podia
deslocar-se a Paris por falta de dinheiro.
"Tenho um outro programa na minha cabeça. Que Deus o
facilite", afirmou na mensagem.
Quatro dias antes do ataque, um meio próximo da Al-Qaeda apelou
aos muçulmanos para degolarem os franceses, nomeadamente nas "suas
igrejas".
Brahim Aouissaoui, que poderá ser condenado a prisão perpétua,
deverá ser interrogado durante todo o dia e o seu julgamento deverá terminar no
dia 26 de fevereiro.ANG/Lusa
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