quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Etiópia/Conflitos, orçamento reduzido e Trump ameaçam o continente africano, lembra Faki Mahamat

Bissau, 12 Fev 25 (ANG) Começou esta manhã em Addis Abeba, na Etiópia, o Conselho Executivo da União Africana que reúne todos os ministros dos Negócios Estrangeiros do continente e que prepara a reunião dos chefes de Estado e Governo que vai acontecer já no fim de semana.

 A cerimónia de abertura serviu para que Moussa Faki Mahamat fizesse um curto balanço dos seus oito anos de mandato, mas também aproveitou para lembrar os desafios do continente.

"As nossas conquistas não devem encobrir as nossas dificuldades e os desafios que continuam sobressaltar-nos de todos os lados. Conflitos violentos continuam a matar em larga escala em África. O Sudão e o leste da República Democrática do Congo são os teatros mais pungentes, os mais dramáticos em todos os aspectos. O difícil financiamento da nossa organização continua a pesar muito na sua eficácia e independência na tomada de decisões. A revitalização do fundo para a paz e a expectativa de que seu primeiro objetivo seja alcançado é um vislumbre encorajador de esperança nesse sentido. O enfraquecimento da solidariedade africana e o enfraquecimento do espírito pan-africano enfraquece nosso ardor e reduz o nosso peso a nível continental e internacional. Essa situação é ainda mais preocupante porque nos encontramos num momento em que o multilateralismo, já em mau-estado desde há algum tempo, está a enfrentar novos desafios e golpes vindos do outro lado do Atlântico", disse o ainda presidente da Comissão da União Africana.

Na corrida para o substituir estão o queniano Raila Odinga, o djibutiano Mahamoud Ali Youssouf e ainda o malgaxe Richard Randriamandrato. O voto será secreto e vai acontecer no dia 15 de Fevereiro.

Ainda falando hoje de manhã, o Secretário Geral adjunto das Nações Unidas, o ugandês Claver Gatete, mencionou a importância das reparações devidas à África pelas potências colonizadoras - sendo este o tema desta Cimeira.

"Não podemos questionar o facto de a escravatura ter roubado a África o seu povo, mas também os seus recursos e dignidade. A retirada de recursos a África sem investimento no seu desenvolvimento, a subestimação das economias africanas nos mercados financeiros e as barreiras ao comércio são a expressão contemporânea desta injustiça histórica. É assim crucial, para além de compensações financeiras, falar sobre a justiça reparativa para o continente", indicou este alto funcionário da ONU.

O Conselho Executivo está hoje a escolher os novos membros dos seus órgãos, nomeadamente os diferentes presidentes das comissões sectoraias como Ambiente, Educação ou Saúde.ANG/RFI

 

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