segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

      Cimeira EAC/SADC/ Kigali aplaude declaração, Kinshasa desiludida

Bissau, 10 Fev 25 (ANG) - A cimeira conjunta EAC/SADC decorreu , sábado(08) na Tanzânia, e terminou com um apelo unânime a um “cessar-fogo imediato e incondicional” e ao fim das hostilidades no leste congolês.

Para o ministro ruandês dos Negócios Estrangeiros, Olivier Nduhungirehe, o encontro representou uma cimeira histórica e um sucesso, uma vez que propôs medidas imediatas, a médio e longo termo, para o restabelecimento da paz e segurança no leste da RDC”.

Em declarações à televisão nacional, o chefe da diplomacia de Kigali mostrou-se satisfeito pelo apelo de cessar-fogo imediato e pelas soluções apresentadas pelos dois blocos que correspondem segundo o ministro à posição defendida por Kigali mesmo antes da cimeira. 

O governo ruandês reclamava nomeadamente a abertura de negociações directas entre o M23 (Movimento 23 de Março) e as autoridades congolesas e as duas organizações regionais, pedem no comunicado final, negociações entre todas as partes do conflito, incluindo com o grupo armado, no quadro dos processos fusionados de Luanda e Nairobi.

Outro motivo para o regozijo do Ruanda reside na ausência de condenação do país pelo seu envolvimento no conflito.

Em Dar es Salam, os dirigentes  da África Oriental e da África Austral limitaram-se a reafirmar o apoio à RDC na luta pela “preservação da sua independência, soberania e integridade territorial" e pediram a elaboração de medidas para a retirada do território congolês das forças armadas estrangeiras não convidadas.

Kinshasa gostaria que EAC e SADC tivessem ido mais longe: “Sabemos que, neste tipo de cimeira, as palavras são cuidadosamente escolhidas. Lamentamos profundamente essa abordagem, porque estamos a falar da vida de milhares de congoleses, palavras de Tina Salama, porta-voz do Presidente da RDC, Félix Tshisekedi.

Trata-se de uma agressão [do Ruanda], que já foi provada e que dura há três décadas. Mas mantemos a esperança, sabemos que as coisas estão a mudar”, acrescentou.

Apesar de decepcionada, em comunicado, a presidência congolesa sublinha que da reunião saíram uma série de decisões importantes que respondem à emergência humanitária” e à “necessidade premente de uma desescalada". 

Desde a queda de Goma, na semana passada, depois de combates sangrentos e da degradação da situação humanitária que já era catastrófica, que o conflito se tem vindo a alastrar da região do Kivu norte para o Kivu sul.

Vários países vizinhos da RDC temem a escalada regional do conflito, caso não cheguem a uma rápida solução diplomática. ANG/RFI

 

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