Holanda/Tribunal Penal Internacional recusa libertar ex-presidente das Filipinas
Bissau, 10 Out 25 (ANG) - O Tribunal Penal
Internacional (TPI) rejeitou o pedido de libertação do ex-presidente filipino
Rodrigo Duterte, que alegou razões de saúde, anunciou hoje o tribunal com sede
em Haia.
Os juízes do TPI consideraram que Duterte
representa um risco de fuga e que poderia influenciar testemunhas caso fosse
libertado, segundo um comunicado do tribunal.
Na opinião do tribunal, os riscos de fuga sobrepõem-se
aos eventuais problemas de saúde do ex-chefe de Estado, atualmente com 80 anos.
"A Câmara
considera que a detenção de Duterte permanece necessária", afirmou o
tribunal, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
As acusações contra
Duterte decorrem da campanha que promoveu durante anos contra consumidores e
traficantes de droga, que, segundo organizações de defesa dos direitos humanos,
provocou milhares de mortes.
Os procuradores do
TPI apresentaram três acusações de crimes contra a humanidade, imputando-lhe
envolvimento em pelo menos 76 homicídios relacionados com a "guerra contra
a droga".
A primeira acusação
refere-se ao alegado papel de coautor em 19 homicídios cometidos entre 2013 e
2016, enquanto presidente da câmara da cidade de Davao.
A segunda envolve
14 homicídios em 2016 e 2017, já como Presidente da República, cargo que
desempenhou entre 2016 e 2022.
A terceira acusação
diz respeito a 43 mortes em "operações de limpeza" contra pequenos
consumidores ou alegados traficantes de droga.
Duterte foi detido
em Manila em 11 de março, transferido para os Países Baixos na mesma noite e
permanece desde então na prisão de Scheveningen, no complexo do TPI em Haia.
Na primeira
audiência, acompanhada por videoconferência, mostrou-se confuso e frágil,
falando muito pouco.
O advogado de
defesa, Nicholas Kaufman, afirmou que Duterte não estava apto para ser julgado
devido a "alterações cognitivas em várias áreas" e solicitou ao TPI o
adiamento indefinido do processo.
Kaufman lamentou a
recusa do tribunal em libertar Duterte.
"A defesa
considera que a decisão de rejeitar garantias estatais sem precedentes para um
octogenário debilitado e com distúrbios cognitivos, mantido afastado do público
durante mais de seis meses, é errada", disse à AFP.
"Foi
interposto recurso há uma semana", acrescentou.
Segundo o TPI,
Duterte "continua a representar um risco de fuga e a detenção é necessária
para assegurar a sua presença durante o processo preliminar e eventual
julgamento".
Os juízes
destacaram os "contactos políticos" de Duterte e a "rede de
apoio" nas Filipinas, que o poderia ajudar a fugir.
O tribunal
acrescentou que existe risco de Duterte e apoiantes "representarem uma
ameaça para as testemunhas, direta ou indiretamente".
A filha do ex-chefe
de Estado, Sara Duterte, é atualmente vice-presidente do país do Sudeste
Asiático.
Os relatórios
médicos apresentados pela defesa, alegando declínio cognitivo, foram
considerados insuficientes para justificar a libertação.
"A Câmara
considera que os documentos não indicam de que forma o estado físico ou os
distúrbios cognitivos alegados" pela defesa "anulam os riscos
identificados", declarou o tribunal.
Os juízes
sublinharam, contudo, que a avaliação se refere apenas à questão da libertação
provisória.
Ainda cabe ao tribunal determinar se os problemas de saúde alegados tornam Duterte inapto para ser julgado num eventual julgamento.ANG/Lusa

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