sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Médio Oriente/Apesar do cessar-fogo, povo de Gaza continua a "sofrer imensamente"

Bissau, 24 Out 25 (ANG) - A organização Médicos Sem Fronteiras alertou hoje que as condições de vida de muitos habitantes no sul de Gaza continuam a afetar fortemente a saúde, podendo levar a bastantes mais mortes por causas totalmente evitáveis.

Mais de um milhão de pessoas continuam a ser forçadas a sobreviver numa minúscula área no sul de Gaza, sob abrigos improvisados, sem acesso adequado a água potável, alimentação ou saneamento, indicou a organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF), em comunicado.

 Apesar do cessar-fogo, o povo de Gaza continua a "sofrer imensamente", indicou a ONG de assistência médica, acrescentando que, com a aproximação do inverno e a descida de temperaturas, a "situação humanitária continua crítica".

Sem melhorias imediatas nas condições de vida da população da Faixa de Gaza, a saúde vai continuar a degradar-se gravemente, salientou.

Este ano, 70% das consultas externas realizadas nos centros de saúde dos MSF no sul de Gaza estão diretamente relacionadas com doenças provocadas pelas más condições de vida.

"Vemos muitas pessoas com feridas abertas extensas, queimaduras ou aparelhos ortopédicos a viverem em tendas sem condições adequadas de higiene, gestão de resíduos ou controlo de temperatura", disse o coordenador médico da ONG Adi Nadimpalli.

Também o coordenador de emergência dos MSF em Gaza Aitor Zabalgogeazkoa, indicou que no sul do território palestiniano "as famílias (...) estão amontoadas num mar de tendas improvisadas, entaladas nas poucas escolas que restam, ou a dormir ao ar livre, no meio dos escombros, montes de lixo, dejetos de animais e esgotos a transbordar. É absolutamente inaceitável".

"As infeções que normalmente seriam evitáveis são agora comuns, levando ao agravamento das condições de saúde e a hospitalizações repetidas", acrescentou Nadimpalli.

Desde maio, mas com um aumento mais acentuado a partir de meados de agosto, as equipas dos MSF observaram um crescimento significativo das infeções respiratórias, normalmente mais comuns nos meses de inverno.

Muitas mães enfrentam ainda grandes dificuldades para alimentar os bebés em segurança, visto que encontrar água limpa e materiais esterilizados para preparar o leite para as crianças é quase impossível.

Ferver água tornou-se um desafio, uma vez que a maioria das famílias não tem acesso a gás de cozinha e recorre à queima de madeira, bem escasso e caro.

Na mesma nota, os MSF defenderam que as autoridades israelitas devem permitir urgentemente a entrada maciça de ajuda humanitária em Gaza para dar resposta às necessidades da população. ANG/Lusa

 

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