Líbia/Médicos Sem Fronteiras recebe ordem para sair do país até 9 de novembro
Bissau, 29 out 25(ANG) - A organização Médicos Sem
Fronteiras (MSF) anunciou hoje ter recebido uma ordem da Líbia para abandonar o
país até 09 de novembro, afirmando que as autoridades não apresentaram qualquer
justificação.
"Lamentamos profundamente a decisão que nos foi comunicada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e estamos preocupados com as consequências para a saúde das pessoas que ajudamos", disse o responsável do programa da MSF na Líbia, Steve Purbrick, em comunicado hoje divulgado.
A organização já tinha visto as suas operações suspensas
na Líbia em março, quando a Agência de Segurança Interna (ISA) do país encerrou
as suas instalações.
Na altura, vários
funcionários da MSF foram interrogados e a organização foi obrigada a retirar
os seus funcionários internacionais da Líbia e a rescindir os contratos da sua
equipa local.
A "onda de
repressão", como classificou a MSF num comunicado publicado na altura,
afetou outras nove organizações não-governamentais de ajuda a migrantes e
refugiados na Líbia.
"Num contexto
de crescente obstrução das operações das ONG na Líbia, de uma diminuição
drástica do financiamento da ajuda internacional e do reforço das políticas
europeias de gestão de fronteiras em colaboração com as autoridades líbias, não
existem atualmente ONG internacionais a prestar assistência médica a refugiados
e migrantes no oeste da Líbia", alertou.
Antes da suspensão
das atividades, a MSF estava a tratar um grupo de mais de 300 doentes líbios,
migrantes e refugiados, que necessitavam sobretudo de tratamento para a
tuberculose, cuidados pré-natais e apoio psicológico, especialmente para
sobreviventes de violência, sendo que alguns doentes morreram por ficarem assem
ajuda.
Desde então, a MSF
tem tentado chegar a um acordo com as autoridades para poder retomar a
prestação de cuidados médicos na Líbia.
No entanto, a ONG
explicou que recebeu recentemente uma carta do Ministério dos Negócios
Estrangeiros líbio a ordenar a sua saída do país até 09 de novembro.
"Não foi
apresentada qualquer razão para justificar a nossa expulsão, e o procedimento
geral permanece muito obscuro. O registo da MSF junto das autoridades
competentes do país continua válido e, por isso, esperamos encontrar uma
solução positiva para esta situação", adiantou Steve Purbrick.
A MSF refere que,
em 2024, em colaboração com as autoridades de saúde líbias, realizou milhares
de consultas médicas no país e que, em 2023, também prestou assistência médica
de emergência após as inundações em Derna.
A organização
esteve também envolvida na identificação e ajuda a refugiados e migrantes
particularmente vulneráveis durante a sua retirada da Líbia.ANG/Lusa

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