PR Portuguesa/ Marcelo visitou o país
várias vezes enquanto líder do PSD
Em Maio de 1988, Marcelo
Rebelo de Sousa era presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Direito da
Universidade de Lisboa e deslocou-se a Bissau para conversações com autoridades
guineenses sobre a reactivação da Escola de Direito. Acompanharam-no, entre
outros, os professores universitários Jorge Quintas e António Lobo Xavier.
Em Fevereiro de 1997,
quando liderava o PSD, Marcelo Rebelo de Sousa visitou Bissau, em escala de
Cabo Verde para Lisboa, e teve uma audiência com o então Presidente da
República da Guiné-Bissau, João Bernardo ‘Nino’ Vieira, a quem foi apresentar
condolências pela morte do seu filho Vladimir Vieira.
Nesse encontro, que
durou cerca de 30 minutos, estiveram também o então líder da bancada
social-democrata, Luís Marques Mendes, e os dirigentes da Comissão Política
Nacional do PSD Pedro Passos Coelho, futuro primeiro-ministro, e José Luís
Arnaut, noticiou na altura a agência Lusa.
“Desde a minha moção de
estratégia no Congresso [do PSD] de Santa Maria da Feira, que defendo uma
presença muito forte de Portugal no mundo lusófono, em termos de cooperação
recíproca, respeitando a soberania dos outros Estados”, realçou, em declarações
aos jornalistas, no final do encontro.
Marcelo Rebelo de Sousa
afirmou que, para o PSD, essa aposta constituía a “prioridade das prioridades”
e sustentou que, sem uma presença forte no espaço da lusofonia, “Portugal perde
a sua grande mais-valia europeia”.
Nessa ocasião, criticou
o funcionamento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
considerando que tinha gerado “um conjunto de expectativas muito grandes”, mas
que depois “arrancou e parou logo de seguida”.
No mês seguinte, Março
de 1997, o presidente do PSD regressou a Bissau, desta vez acompanhado pela
social-democrata Teresa Gouveia, que então fazia parte da Comissão de Relações
Internacionais e da Comissão Política Nacional do partido, para uma visita de
dois dias, a convite do Presidente da República guineense, João Bernardo ‘Nino’
Vieira.
O programa dessa visita
incluía uma reunião com o Presidente da Guiné-Bissau, o lançamento de um livro
do jurista guineense, cumprimentos ao arcebispo de Bissau, a abertura das
jornadas da Faculdade de Direito de Bissau com uma intervenção sobre a
integração na União Europeia, reuniões com o Clube de Gestores e Empresários
Portugueses com representantes das forças políticas da oposição, e uma visita à
Escola Portuguesa, entre outros pontos.
Como presidente do PSD,
assinou com o Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde
(PAIGC), no poder, um protocolo de colaboração política, parlamentar e
autárquica, bem como ao nível das organizações de juventude, dos trabalhadores
e de quadros, que previa duas cimeiras anuais ao mais alto nível entre os dois
partidos.
Por outro lado, Marcelo
Rebelo de Sousa manifestou a intenção de apoiar o Movimento da Resistência da
Guiné-Bissau/Movimento Bafatá (RGB/MB) “em tudo o que possa ser feito para
reforçar o estatuto democrático da oposição e no fortalecimento do
pluripartidarismo na Guiné-Bissau”.
Voltou a Bissau em
Janeiro de 1998 e, em vésperas dessa visita, foi criticado por Kumba Ialá, que
presidia ao Partido da Renovação Social (PRS), por ter qualificado ‘Nino’
Vieira como “único garante da unidade e estabilidade” da Guiné-Bissau, sem o
qual o país corria “riscos de desagregação”.
Em declarações à Lusa,
na altura, o presidente do PSD apelidou PSD e PAIGC de “dois partidos irmãos”,
e enquadrou esta sua visita de dois dias a Bissau – que antecedia a ida do
então primeiro-ministro guineense, Carlos Correia, a Lisboa, a convite do chefe
do Governo português, António Guterres – “numa perspectiva de interesse
nacional”.
“Em Portugal existe um
carinho muito especial pela Guiné-Bissau, e, portanto, tudo o que pudermos
fazer, Governo por um lado e oposição por outro, estamos dispostos a fazê-lo
para o bem dos dois países”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, que relativizou
críticas que recebeu pelas suas palavras sobre “Nino” Vieira, que reiterou.
Durante essa visita,
Marcelo Rebelo de Sousa surpreendeu, ao deslocar-se à sede do PRS em Bissau
para justificar, ao presidente deste partido, Kumba Ialá, as suas declarações
sobre o papel do Presidente guineense no plano institucional como garante da
estabilidade.
De acordo com o relato
da agência Lusa, o líder do PSD esperou pacientemente sentado pela chegada de
Kumba Ialá e, terminado o encontro, o presidente do PRS disse que “o
mal-entendido que havia a propósito dessas declarações ficou esclarecido”.
Em Junho de 1998, quando
começou a guerra civil na Guiné-Bissau, que duraria perto de um ano, Marcelo
Rebelo de Sousa reuniu-se com o então ministro dos Negócios Estrangeiros da
Guiné-Bissau, Delfim da Silva, para fazer “o melhor acompanhamento possível da
situação” naquele país, e referiu que mantinha “contactos regulares” com o
Presidente ‘Nino’ Vieira.
Marcelo Rebelo de Sousa
deixou, pouco depois, a liderança do PSD, em 1999.
Agora, como Presidente
da República, fará a sua primeira visita oficial à Guiné-Bissau, entre segunda
e terça-feira.
“Vou na sequência de uma
eleição presidencial [de Umaro Sissoco Embaló, em Dezembro de 2019], que foi
reconhecida por missões da União Europeia e outras missões internacionais”,
declarou, em entrevista à RTP, na quinta-feira.
Respondendo a protestos
contra a sua visita, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou: “Nunca tive dúvidas
nenhumas em ir”.
“Se a política externa
circunscrevesse o relacionamento entre Estados àqueles que perfilham sempre e
apenas a nossa concessão de sistema político económico e social, eu não tinha
ido a muitos países a que fui – eu e os meus antecessores todos -, nem tinha
recebido chefes de Estado de países que foram recebidos por mim e pelos meus
antecessores. Por maioria de razão, sendo um país da CPLP”, argumentou. ANG/Inforpress/Lusa
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