segunda-feira, 17 de maio de 2021

PR Portuguesa/ Marcelo visitou o país várias vezes enquanto líder do PSD

 Bissau, 16 Mai (Inforpress) – Marcelo Rebelo de Sousa esteve na Guiné-Bissau em 1988 para a reactivação da Escola de Direito, e visitou o país várias vezes na década de 1990 enquanto líder do PSD, que aproximou do PAIGC.

Em Maio de 1988, Marcelo Rebelo de Sousa era presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e deslocou-se a Bissau para conversações com autoridades guineenses sobre a reactivação da Escola de Direito. Acompanharam-no, entre outros, os professores universitários Jorge Quintas e António Lobo Xavier.

Em Fevereiro de 1997, quando liderava o PSD, Marcelo Rebelo de Sousa visitou Bissau, em escala de Cabo Verde para Lisboa, e teve uma audiência com o então Presidente da República da Guiné-Bissau, João Bernardo ‘Nino’ Vieira, a quem foi apresentar condolências pela morte do seu filho Vladimir Vieira.

Nesse encontro, que durou cerca de 30 minutos, estiveram também o então líder da bancada social-democrata, Luís Marques Mendes, e os dirigentes da Comissão Política Nacional do PSD Pedro Passos Coelho, futuro primeiro-ministro, e José Luís Arnaut, noticiou na altura a agência Lusa.

“Desde a minha moção de estratégia no Congresso [do PSD] de Santa Maria da Feira, que defendo uma presença muito forte de Portugal no mundo lusófono, em termos de cooperação recíproca, respeitando a soberania dos outros Estados”, realçou, em declarações aos jornalistas, no final do encontro.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, para o PSD, essa aposta constituía a “prioridade das prioridades” e sustentou que, sem uma presença forte no espaço da lusofonia, “Portugal perde a sua grande mais-valia europeia”.

Nessa ocasião, criticou o funcionamento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), considerando que tinha gerado “um conjunto de expectativas muito grandes”, mas que depois “arrancou e parou logo de seguida”.

No mês seguinte, Março de 1997, o presidente do PSD regressou a Bissau, desta vez acompanhado pela social-democrata Teresa Gouveia, que então fazia parte da Comissão de Relações Internacionais e da Comissão Política Nacional do partido, para uma visita de dois dias, a convite do Presidente da República guineense, João Bernardo ‘Nino’ Vieira.

O programa dessa visita incluía uma reunião com o Presidente da Guiné-Bissau, o lançamento de um livro do jurista guineense, cumprimentos ao arcebispo de Bissau, a abertura das jornadas da Faculdade de Direito de Bissau com uma intervenção sobre a integração na União Europeia, reuniões com o Clube de Gestores e Empresários Portugueses com representantes das forças políticas da oposição, e uma visita à Escola Portuguesa, entre outros pontos.

Como presidente do PSD, assinou com o Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde (PAIGC), no poder, um protocolo de colaboração política, parlamentar e autárquica, bem como ao nível das organizações de juventude, dos trabalhadores e de quadros, que previa duas cimeiras anuais ao mais alto nível entre os dois partidos.

Por outro lado, Marcelo Rebelo de Sousa manifestou a intenção de apoiar o Movimento da Resistência da Guiné-Bissau/Movimento Bafatá (RGB/MB) “em tudo o que possa ser feito para reforçar o estatuto democrático da oposição e no fortalecimento do pluripartidarismo na Guiné-Bissau”.

Voltou a Bissau em Janeiro de 1998 e, em vésperas dessa visita, foi criticado por Kumba Ialá, que presidia ao Partido da Renovação Social (PRS), por ter qualificado ‘Nino’ Vieira como “único garante da unidade e estabilidade” da Guiné-Bissau, sem o qual o país corria “riscos de desagregação”.

Em declarações à Lusa, na altura, o presidente do PSD apelidou PSD e PAIGC de “dois partidos irmãos”, e enquadrou esta sua visita de dois dias a Bissau – que antecedia a ida do então primeiro-ministro guineense, Carlos Correia, a Lisboa, a convite do chefe do Governo português, António Guterres – “numa perspectiva de interesse nacional”.

“Em Portugal existe um carinho muito especial pela Guiné-Bissau, e, portanto, tudo o que pudermos fazer, Governo por um lado e oposição por outro, estamos dispostos a fazê-lo para o bem dos dois países”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, que relativizou críticas que recebeu pelas suas palavras sobre “Nino” Vieira, que reiterou.

Durante essa visita, Marcelo Rebelo de Sousa surpreendeu, ao deslocar-se à sede do PRS em Bissau para justificar, ao presidente deste partido, Kumba Ialá, as suas declarações sobre o papel do Presidente guineense no plano institucional como garante da estabilidade.

De acordo com o relato da agência Lusa, o líder do PSD esperou pacientemente sentado pela chegada de Kumba Ialá e, terminado o encontro, o presidente do PRS disse que “o mal-entendido que havia a propósito dessas declarações ficou esclarecido”.

Em Junho de 1998, quando começou a guerra civil na Guiné-Bissau, que duraria perto de um ano, Marcelo Rebelo de Sousa reuniu-se com o então ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Delfim da Silva, para fazer “o melhor acompanhamento possível da situação” naquele país, e referiu que mantinha “contactos regulares” com o Presidente ‘Nino’ Vieira.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou, pouco depois, a liderança do PSD, em 1999.

Agora, como Presidente da República, fará a sua primeira visita oficial à Guiné-Bissau, entre segunda e terça-feira.

“Vou na sequência de uma eleição presidencial [de Umaro Sissoco Embaló, em Dezembro de 2019], que foi reconhecida por missões da União Europeia e outras missões internacionais”, declarou, em entrevista à RTP, na quinta-feira.

Respondendo a protestos contra a sua visita, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou: “Nunca tive dúvidas nenhumas em ir”.

“Se a política externa circunscrevesse o relacionamento entre Estados àqueles que perfilham sempre e apenas a nossa concessão de sistema político económico e social, eu não tinha ido a muitos países a que fui – eu e os meus antecessores todos -, nem tinha recebido chefes de Estado de países que foram recebidos por mim e pelos meus antecessores. Por maioria de razão, sendo um país da CPLP”, argumentou. ANG/Inforpress/Lusa

 

 

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