Política/Parlamento retira do debate projeto de revisão
constitucional
Bissau,26 Mai 21(ANG) - O
parlamento retirou terça-feira do debate
o projeto de revisão constitucional, anunciou a presidente em exercício da
Assembleia Nacional Popular, Satu Camará, que substitui o presidente, Cipriano
Cassamá, ausente do país.
O projeto de discussão,
aprovação e revisão da Constituição figurava num dos pontos da ordem dos trabalhos
da sessão parlamentar terça-feira iniciada e que decorre até 03 de julho, mas,
sem que tenha sequer sido objeto de debate, foi suprimido da presente sessão.
O ponto foi retirado da
agenda após os líderes parlamentares de todas as bancadas terem questionado
sobre a pertinência de o assunto ser debatido neste momento e nos moldes em que
foi proposto.
O primeiro a sugerir a
supressão do tema foi Califa Seidi, líder da bancada parlamentar do Partido Africano
da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), tendo sido acompanhado por
Nicolau dos Santos, do Partido da Renovação Social (PRS), e Abdu Mané, do
Movimento para a Alternância Democrática (Madem G-15).
Na sequência dos argumentos
dos líderes parlamentares e apoiados por vários deputados, nomeadamente
Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC, que terça-feira retomou o seu
lugar de deputado, após ter estado mais de um ano a residir em Portugal, a
presidente da sessão, Satu Camará, decidiu retirar da agenda o ponto sobre projeto de revisão constitucional dos
debates.
Segundo a atual
Constituição, a iniciativa de revisão da Constituição cabe ao parlamento e as
propostas de revisão têm de ser aprovadas por maioria de dois terços dos
deputados que constituem a Assembleia Nacional Popular, ou seja, 68 dos 102
parlamentares.
O Presidente guineense,
Umaro Sissoco Embaló, constituiu no ano passado uma comissão para apresentar
uma proposta de revisão da Constituição ao parlamento, mas paralelamente a Assembleia
Nacional Popular (ANP) já teria estado a trabalhar, através de uma comissão, um
anteprojeto no mesmo sentido.
Segundo a Lusa, fonte do
parlamento guineense disse que o anteprojeto da Assembleia Nacional Popular
(ANP) está na fase de divulgação, e o parlamento está disponível para receber
contribuições, incluindo do Presidente da República.
A ordem dos trabalhos foi
aprovada por unanimidade, excluindo o projeto da revisão constitucional, mas
mantendo a discussão sobre a situação dos antigos combatentes (veteranos da
guerra da independência) que alguns deputados queriam que fosse
"puxado" para o primeiro ponto.
A presidente da sessão
comunicou ao plenário da Assembleia Nacional Popular que o tema será debatido,
mas vai manter-se no ponto número três.
Satu Camará informou que
antes da discussão do assunto relacionado com os combatentes da liberdade da
Pátria, os deputados vão ser capacitados por peritos em matéria legal
"para que possam estar preparados para confrontar o Governo".
A capacitação decorrerá
entre quarta e sexta-feira, precisou.
A sessão hoje aberta será
interrompida para ser retomada na segunda-feira para permitir que Satu Camará
viaje em tratamento médico para o Senegal, informou a própria.
Devido à ausência no país do
presidente da ANP, Cipriano Cassamá, e com a viagem de Satu Camará, o órgão não
pode reunir-se, à luz do regimento.
A sessão de hoje foi marcada
por um ambiente de cordialidade entre os deputados, contrariando as últimas
reuniões do órgão que, várias vezes, acabaram suspensas devido a
desentendimentos.
O facto mereceu um
comentário da deputada e antiga ministra Cadi Seidi, para quem a "paz e o
entendimento reina sempre que as mulheres dirigem qualquer coisa".
O comentário de Seidi
mereceu salvas de palmas dos deputados de todas as bancadas.
A mesa do parlamento
guineense era composta por três mulheres: Satu Camará, Gabriela Fernandes e Dan
Iaia.ANG/Lusa
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