França/Mais de 60 Estados assinam declaração conjunta para uma IA "aberta e ética”
Bissau, 12 fev 25 (ANG) - Cerca de sessenta países, incluindo a França, China, União Europeia e União Africana, assinaram , terça-feira, uma parceria global para uma inteligência artificial “aberta” e “ética”, declaração que os Estados Unidos e o Reino Unido não subscreveram.
O chefe de Estado francês, Emanuel Macron, afirmou que
"estão lançadas as bases para uma inteligência artificial
"célere e inclusiva”. A Índia vai receber a próxima cimeira sobre
Inteligência Artificial.
Os signatários desta declaração são favoráveis a uma coordenação
reforçada da governação da Inteligência Artificial, através de um diálogo
mundial, evitando a concentração de mercado e garantindo que esta tecnologia
seja acessível a todos. De fora ficaram os Estados Unidos e o Reino Unido.
O chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, referiu que com esta
cimeira se lançaram "as bases, juntamente com a
inovação e a aceleração, daquilo que permitirá que a IA exista e prevaleça, ou
seja, as chaves para a confiança".
A presidente da Comissão Europeia pretende que "a IA seja uma força para o bem e para o crescimento". Ursula
Von der Leyen anunciou 200 mil milhões de euros para investimentos em IA na
Europa. Destes 200 mil milhões, a UE ficará com a quota de 50 mil milhões de
euros, aos quais se juntarão compromissos de 150 mil milhões dos grandes grupos
participantes nesta "aliança".
“Esta será a maior
parceria público-privada do mundo para o desenvolvimento de IA fiável”, acrescentou.
O vice-presidente americano J.D Vance destacou-se pelo discurso
bastante ofensivo sobre a batalha pela IA e sobre a posição hegemónica que o
país pretende manter.
“Não estou aqui
para falar sobre segurança em inteligência artificial, isso era o assunto de há
dois anos atrás. A administração de Donald Trump acredita que as aplicações
serão infinitas na criação de empregos, assistência médica, liberdade de
expressão, segurança nacional e muito mais. Estamos à frente do jogo, mas seria
prejudicial para os outros se essa tecnologia não se aplicasse a todos no
futuro”, detalhou.
J.D Vance disse ainda que os Estados unidos querem “embarcar nesta revolução da inteligência artificial com espírito de
abertura e colaboração. No entanto, para fazer isso, para construir essa
confiança, precisamos de regimes regulatórios que incentivem a
criação de tecnologia, em vez de regimes que a impeçam”.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, começou por lembrar
que “num piscar de olhos, a inteligência
artificial deixou o reino da ficção científica para se tornar uma força
poderosa que está a revolucionar o mundo, transformando a maneira como
vivemos”.
António Guterres defendeu que o poder da IA “está nas mãos de poucos”, o que aprofunda desigualdades e cria
um mundo de “privilegiados e excluídos”, apelando a uma ação
global: “Devemos trabalhar juntos para que a IA seja uma ponte entre países
desenvolvidos e em desenvolvimento – e não um factor de divisão".
A ministra portuguesa da Juventude e Modernização, Margarida
Balseiro Lopes, que representou Portugal nesta cimeira, afirmou que ficou claro
que a inteligência artificial é um fenómeno global "que exige consensos (… ) que respeite a segurança e a qualidade".
A responsável portuguesa pela pasta da Juventude e Modernização
falou ainda da questão da fiabilidade dos dados, que a seu ver é crítica,
sublinhado ainda a importância de uma aposta na formação.
“Trata-se de uma
questão que está alinhada com aquela que é agenda Nacional de Inteligência
Artificial, que o Governo português está neste momento a desenvolver. A
necessidade de apostarmos na formação e na qualificação”, notou.
Margarida Balseiro Lopes destacou “a
necessidade de a inteligência artificial ser usada para reduzir assimetrias,
desigualdades”,
acrescentando que a regulamentação é fundamental, mas não deve impedir a
inovação.
“É necessário
conseguir que este caminho se faça de mãos dadas, ou seja, regulando no sentido
de proteger os direitos fundamentais, mas que isso não signifique castrar a
inovação e impedir que nós consigamos tirar o melhor partido da
tecnologia", concluiu.
Já a directora jurídica da empresa OVHCloud, Solange
Viegas, explicou que a regulação não tem um impacto negativo na
competitividada, podendo mesmo ter o efecto contário.
"Se a
regulação for adaptada, penso que pode ajudar a criar competição. Por exemplo,
actualmente há uma diferença de capacidade de envolvimento entre empresas
americanas e empresas europeias (...) há certas regulações europeias que podem
ajudar a desenvolver todo o tecido industrial económico europeu . Temos um
diferencial importante quando comparando com os competidores que é a protecção
dos dados", declarou Solange
Viegas à jornalista Lúcia Muzel,
Para o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, anfitrião da
próxima cimeira sobre inteligência artificial, o desafio é não deixar para trás
"o sul global".ANG/RFI
Sem comentários:
Enviar um comentário