Tanzânia/ Dois activistas violados e torturados no
leste do país
Bissau, 04 Jun 25 (ANG) - Dois
activistas de direitos humanos na Tanzânia denunciaram, segunda-feira, as violações e actos de tortura a que terão
sido sujeitos em Dar es Salaam, no leste do país.
Os dois viajaram para o país, há
cerca de duas semanas, para assistir ao julgamento do principal candidato da
oposição à presidência, Tundu Lissu.
Boniface Mwangi, queniano, e Agather
Atuhaire, ugandesa, alegam ter sido detidos, a meio do passado mês de maio,
pouco tempo depois de terem chegado ao hotel onde iriam ficar hospedados em Dar
es Salaam. Eles dizem ter sido, em seguida, torturados e violados por agentes
de segurança interna.
Eles alegam ter sido levados para um prédio
desconhecido, com as mãos amarradas e os olhos vendados, onde terão sido
despidos e pendurados de cabeça para baixo. Boniface Mwangi faz o relato
daquilo que viveu, em declarações recolhidas por Gaëlle Laleix,
correspondente em Nairobi.
“Lá, começaram a bater-me violentamente nos pés,
enquanto me questionavam: Qual é o seu nome? De onde é que você é? Quem é
que o enviou? Porque é que você veio desestabilizar o nosso país? Um homem
colocou lubrificante no meu anus e começou a inserir objectos e
pediu-me para dizer: ' Obrigado, Samia ', então eu agradeci à
presidente da Tanzânia”, explicou Boniface
Mwangi.
Num outro local, Agather Atuhaire também terá
sido alvo de tortura, espancamento e violação. Ela denuncia a cumplicidade e
culpabilidade de toda a região da África oriental.
"Eu
sabia que o dia em que seria torturada chegaria. Convivo com essa preocupação
no Uganda, mas não sabia que isso aconteceria na Tanzânia, onde não fiz
absolutamente nada, nem sequer protestei. Os oficiais da Tanzânia não tiveram
medo algum de chamar bruta-montes para fazerem aquilo que fizeram connosco.
Para mim, é um nível de impunidade inimaginável. Como cidadã da África Oriental,
sinto que só podemos contar connosco próprios", salientou.
Este país, com mais de 65 milhões de
habitantes, vai a eleições presidenciais e legislativas em outubro. A Tanzânia
é governada pelo mesmo partido, desde a independência, em 1961.
Tundu Lissu, principal candidato da oposição
à presidência foi preso, acusado de “incitar a um bloqueio das eleições”,
segundo a polícia.
A oposição da Tanzânia e as organizações não
governamentais do país denunciam, com frequência, a repressão política
crescente da parte do executivo da presidente Samia Suluhu, que acusam de
práticas autoritárias. ANG/RFI

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