terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

União Africana/Quem vai suceder a Moussa Faki Mahamat na liderança da organização?

Bissau, 11 Fev 25 (ANG) - Há três candidatos para suceder ao chadiano Moussa Faki Mahamat, que é actualmente o presidente da Comissão da União Africana.

Na cimeira desta organização que vai acontecer entre 15 e 16 de Fevereiro, os Estados africanos vão escolher entre o queniano Raila Odinga, o djibutiano Mahamoud Ali Youssouf e o malgaxe Richard Randriamandrato. Quem chegará ao topo desta organização internacional?

Numa eleição que acontece a cada quatro anos, onde o presidente pode ser eleito para dois mandatos consecutivos, em 2025 este posto estratégico deverá ser ocupado por alguém vindo da África de Leste. Quénia, Djibuti e Madagáscar apresentaram os seus candidatos.

Quem são os candidatos?

Raila Odinga

Talvez o candidato mais conhecido do grande público seja Raila Odinga, de 79 anos. Antigo primeiro-ministro queniano (2008-2013), Odinga é um eterno candidato à Presidência do seu país, tendo-se candidatado cinco vezes a este cargo. Durante os turbulentos anos 80 e início dos anos 90 no Quénia, onde havia um sistema monopartidário, Raila Odinga foi várias vezes preso por defender o multipartidarismo, acabando mesmo por se exilar na Noruega.

Conhecido como um opositor de longa data -  tal como o seu pai, Oginga Odinga -, Raila Odinga disputou pela última vez as presidenciais em 2022, tendo perdido contra William Ruto. Alegou em seguida que a eleição lhe foi "roubada" e em Março de 2024 incitou os quenianos a saírem à rua devido ao aumento dos preços no país e às más condições de vida dos jovens. Estes protestos duraram nove dias e levaram à morte de quase 40 pessoas. Os protestos terminaram com a promessa de Ruto de formar um Governo de união nacional, integrando apoiantes de Odinga.

Foi, por isso, surpreendente ver William Ruto apoiar de forma explícita e entusiasta a candidatura de Odinga à União Africana, após vários anos de duras disputas políticas. Alguns observadores consideram que este apoio visa afastar Odinga da política queniana, enquanto outros se questionam se este opositor inveterado conseguirá pôr os interesses do continente à frente dos interesses do seu país e do seu próprio interesse pessoal.

Para já é o candidato com mais apoios declarados, reunindo a confiança de países como a Namíbia, África do Sul, Angola, Guiné-Bissau ou Moçambique.

Prioridades da sua candidatura: Odinga defende o comércio livre entre países africanos, mas também a livre circulação de pessoas no continente. Quanto ao clima, o candidato quer maior aposta nas energias renováveis, mas argumenta que não cabe aos africanos sozinhos pagarem as consequência das mudanças climáticas.

Mahamoud Ali Youssouf

Diplomata de carreira e ministro dos Negócios Estrangeiros do Djibuti desde 2005, Mahamoud Ali Youssouf tem do seu lado mais de 30 anos de experiência nas relações exteriores africanas, conhecendo a fundo não só os parceiros bilaterais do seu país, mas também as organizações regionais africanas - essenciais para a paz do continente - e a própria União Africana.

Ao contrário do exuberante Raila Odinga, Ali Youssouf destaca-se pela temperança, as posições moderadas e a convicção de que a chave para a sucesso do continente está no diálogo. A sua extensa agenda e relações pessoais construídas nas últimas três décadas um pouco por todo o continente são, segundo os seus apoiantes, os seus maiores atributos.

No evento Mjadala Afrika, em que os três candidatos debateram o futuro da União Africana perante os olhares atentos de milhares de pessoas que acompanharam o evento à distância, Mahamoud Ali Youssouf distinguiu-se pela clareza das suas ideias e por ser um poliglota, falando perfeitamente inglês, francês e árabe.

Esta prestação recolheu frutos desde logo nas redes sociais, onde impressionou os africanos que acompanharam o debate, mas também nos apoios estatais. O Presidente do Egipto, Abdel Fattah al-Sisi, deu formalmente o apoio ao candidato do Djibuti - esperando provavelmente em retorno o apoio para o seu candidato a vice-presidente da Comissão, uma escolha que ficará entre os países do Norte de África.

Prioridades da sua candidatura: Continuar as reformas da Comissão da União Africana, incluindo uma melhor gestão do seu orçamento e dos sues funcionários. A situação da paz e segurança no continente, com atenção particular aos conflitos na RDC, mas também no Sudão, Sahel e ainda a Líbia. O candidato quer ainda acelerar o processo de integração económica da zona de livre comércio continental, a Zlecaf.

Richard Randriamandrato

Richard Randriamandrato é o candidato de Madagáscar. Tal como Ali Youssouf, este malgaxe tem experiência como ministro dos Negócios Estrangeiros, mas já assumiu as pastas da Economia e das Finanças do seu país - negociando directamente como instituições o Banco Mundial ou o FMI. Para além disso, e ao contrário dos outros candidatos, Randriamandrato tem experiência no sector privado e trabalhou durante vários anos com ONG.

A sua saída do Governo de Madagáscar aconteceu em 2022, devido a um polémico episódio. Na votação de uma resolução nas Nações Unidas sobre a "anexação ilegal" da Ucrânia por parte da Rússia, o então ministro decidiu votar favoralvelmente, quando o sentido de voto decidido pelo Presidente Andry Rajoelina era a abstenção, já que Madagáscar se dizia neutro neste conflito. Alguns dias mais tarde, um decreto presidencial acabou por exonerá-lo da pasta dos Negócios Estrangeiros.

Prioridades da sua candidatura: Uma União Africana menos burocracrática, mais eficaz e mais coesa. Continuar a agir em todos os domínios de intervenção da União Africana, mas com um orçamento mais reduzido. O candidato quer ainda a presença da União Africana nas decisões do Conselho das Nações Unidas que dizem respeito ao continente.

Qual é o papel do presidente da Comissão da União Africana?

Cabe a esta figura ser o chefe executivo da organização, o seu representante legal e também e o seu tesoureiro. Ou seja, o presidente da Comissão da União Africana é a cara, mas também os braços e as pernas desta instituição que reúne 55 países do continente africano. 

Com o tempo, o seu papel foi evoluindo, já que começou por coordenar apenas o secretariado da organização, mas pouco a pouco o seu papel tornou-se político. Tem uma intervenção directa na aplicação das medidas decididas pelos Estados a nível continental, pode também propor as suas próprias medidas ou ainda representar a União Africana em fóruns e negociações internacionais.

O seu papel interno também é vital, já que coordena a acção dos comissários dedicados a temáticas específicas como Segurança, Comércio ou Agricultura, assim como assegura o equilíbrio das contas da organização.

Como se passa a eleição?

A eleição vai passar-se entre o dia 15 e 16 de Fevereiro, durante a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana. Há 55 países que podem votar e a votação é secreta. Para ganhar, o candidato precisa de uma maioria de dois terços. ANG/RFI

 

Inteligência Artificial/ "Não há razão para que se torne perigosa para a humanidade", diz especialista português

Bissau, 11 Fev 25 (ANG) -  A capital francesa acolhe desde segunda-feira, a cimeira internacional sobre Inteligência Artificial, prevista para durar dois.

Neste encontro de  alto nível, co-presidido com a Índia, a França quer mostrar-se "como a verdadeira campeã da IA na Europa" e alertar para os riscos.

Arlindo Oliveira, especialista português em inteligência artificial - que participa nos trabalhos da cimeira - reconhece que os riscos existem, porém acredita que "não há razão para que a Inteligência Artificial se torne perigosa para a humanidade".

Qual é o objectivo desta cimeira sobre Inteligência Artificial?

Esta cimeira não é a primeira que ocorre. Concentra-se essencialmente nas questões do desenvolvimento da tecnologia, de forma a que os resultados sejam positivos e a minimizar as consequências negativas. Há, portanto, um grande foco nos riscos causados pela inteligência artificial, quer nos riscos imediatos, quer nos riscos a médio e longo prazo. Muitos países têm-se associado a este esforço, por perceberem que a inteligência artificial tem um grande impacto na sociedade.

A França tem ambições de acolher o organismo responsável por enquadrar a inteligência artificial. Numa altura em que o multilateralismo se encontra muito enfraquecido e a inteligência artificial é vista como um sector estratégico para muitos Estados, esta ambição é concretizável?

Pois essa é uma questão política complexa e, de facto, não posso ajudar muito. Existe, neste momento, um grande esforço de regulação a nível europeu, em particular. Ainda estão por definir, exactamente, quais vão ser os organismos reguladores, tanto a nível internacional como a nível nacional. Portanto, é para mim bastante difícil dizer se a França vai ter ou não sucesso, mas seguramente haverá muitos países interessados nisso e até poderemos vir a optar por uma solução distribuída, em que não haja um organismo concentrado num único país.

Recentemente, afirmou numa entrevista que a inteligência artificial está a revolucionar as profissões, tornando-as mais produtivas. Qual é o impacto que a inteligência artificial terá nas profissões do futuro?

Há muitas tarefas que fazemos todos os dias e que acabam por ser relativamente repetitivas, seja responder a e-mails, preencher formulários ou ler documentos. Uma grande parte dessas tarefas são desempenhadas por pessoas que trabalham em serviços, vendas, entre outras áreas. De facto, muitas dessas actividades podem ser realizadas por inteligência artificial, conduzindo a um aumento significativo da produtividade. Isso também se aplica a outras profissões, como nas áreas jurídica, médica, etc.

Na parte do diagnóstico?

Na parte do diagnóstico, na elaboração de relatórios, na análise do histórico dos pacientes e na análise de imagens, por exemplo. Todas estas tarefas consomem muito tempo dos profissionais. Por vezes, nem sequer se conseguem concentrar na conversa com o paciente, no caso dos médicos, quando poderiam ser feitas com grande vantagem por sistemas de inteligência artificial, no atendimento ao cliente, no atendimento telefónico, etc.

Há um risco desta tecnologia não chegar a todos, ou seja, de esta redistribuição deixar alguns de fora?

Há o risco, tal como houve pessoas que não acompanharam a revolução digital e não estão à vontade com computadores, de não acompanharem também esta revolução da inteligência artificial. Se não dominarem as técnicas associadas à inteligência artificial, poderão ficar em desvantagem relativamente a outros. Acho que este é um risco sério, embora, para ser honesto, muitas destas técnicas sejam bastante acessíveis, muitas delas podendo ser utilizadas através de interacção em linguagem natural, seja por voz ou escrita, com estes sistemas. Também há esperança de que, de facto, seja mais fácil entrar nesta nova área tecnológica do que foi na anterior, em que tivemos de aprender a lidar com o Excel, o Word, o e-mail, etc. Portanto, esse risco existe. Acho que depende um pouco de como os Estados e as instituições irão abordar essa questão. Penso que o risco existe e devemos estar atentos para que não haja consequências negativas de exclusão.

Tem-se falado muito na questão da desinformação, até mesmo na questão dos direitos humanos e da boa governação. Como é que se pode lutar contra esta realidade?

Eu acho que o risco da desinformação é real. O risco de ser criada, propositadamente, informação falsa e [supostamente] credível, dirigida às pessoas que acreditam, pode resultar em fraudes ou, simplesmente, em desinformação. E há o risco de radicalização. Existe outro risco, que não é exactamente informação, mas sim a personalização da informação apresentada a cada pessoa, o que acaba por reforçar as crenças que essa pessoa tem, tornando as posições mais radicais e dificultando o diálogo democrático. Penso que estamos a assistir a isso tanto nos Estados Unidos, como na Europa, com posições cada vez mais extremadas, os partidos da extrema-direita e da extrema-esquerda a ganhar força, uma vez que as pessoas veem muito conteúdo que reforça aquilo em que já acreditam, em vez de tentarem encontrar um ponto de encontro ouvindo também a informação do outro lado. E, de facto, a inteligência artificial desempenha um papel na personalização, talvez excessiva, da informação e na escolha da informação dirigida a cada um de nós.

“A legislação vai andar a correr atrás da tecnologia”, a frase é sua. Onde a Europa regula, os Estados Unidos estão a desregular. Como se consegue um equilíbrio em matéria de regulamentação?

Esta é uma questão complexa. A União Europeia, de facto, está empenhada, a meu ver correctamente, em regular de forma a minorar os riscos. Mas essa abordagem não é acompanhada nem pelos Estados Unidos, nem pela China, nem por outros países. Portanto, estamos um pouco isolados ao tentar regular uma tecnologia que é, na verdade, global. Por um lado, isso torna mais difícil desenvolver essa tecnologia na Europa e, por outro, faz com que não seja óbvio que essa regulação venha a ser aplicável, fazendo com que a Europa fique simplesmente excluída de algumas tecnologias que não estão de acordo com a nossa legislação. Claro que, neste momento, os países que estão na linha da frente do desenvolvimento destas tecnologias são os Estados Unidos e a China. E a Europa vai correr muito atrás da tecnologia, que se está a desenvolver muito rapidamente. Qualquer regulação que seja feita estará inevitavelmente desactualizada em seis meses ou um ano. Se pensarmos que na Europa o regulamento sobre inteligência artificial começou a ser discutido há cinco anos e que só agora teve uma versão final, profundamente revista, percebemos que a tecnologia está a desenvolver-se muito mais rapidamente que a regulação. Isso é, sem dúvida, um desafio para o qual não tenho uma grande solução. Precisamos ser mais ágeis nas discussões e na aprovação das regras.

Como se regula, por exemplo, a questão do armamento militar, nas armas que também utilizam inteligência artificial?

Essa é uma questão complexa. Não me parece que se venha a conseguir impedir o uso de inteligência artificial em armas. É seguramente uma questão muito difícil, mas não me parece que nenhum país, nem a Europa, possa dizer: "Nós aqui na Europa não vamos usar inteligência artificial em drones, nem mísseis teleguiados, etc." Quando os outros países usarem, penso que a regulação terá de ser semelhante à de outras tecnologias perigosas de armamento, como as bombas nucleares, as armas químicas ou biológicas. Tem de haver acordos internacionais que limitem, eventualmente, não toda a aplicação da inteligência artificial em armas, mas um certo conjunto de aplicações que são consideradas inaceitáveis.

A regulação europeia, que muitas vezes é apontada como pesada, nomeadamente pelos Estados Unidos, pode, de certa forma, afastar os negócios com as empresas europeias?

Sim, eu acho que existe esse risco, ou que a Europa não tenha acesso fácil a versões mais avançadas de certos sistemas que não estão de acordo com as nossas regras. Por outro lado, isso também não é claramente negativo, no sentido de que alguns desses temas poderão ser perigosos para jovens ou pessoas menos informadas. Portanto, eu acho que existe realmente o risco de a Europa não ter acesso ou não desenvolver essas tecnologias mais avançadas, mas é também uma opção. Existe também a esperança de que o efeito de Bruxelas venha a ser efectivo, ou seja, que a regulamentação aprovada na Europa influencie de alguma forma a regulação em outros blocos e que a Europa seja, assim, um pouco líder na criação da regulação adequada a esta tecnologia.

Acredita que, na rivalidade entre os Estados Unidos e a China, a Europa pode ser mediadora? De que forma é que a Europa pode mediar esta rivalidade?

Pois, essa é uma opinião que defendi. Eu penso que a Europa está, neste momento, muito alinhada com a posição norte-americana em muitas questões, particularmente na área da tecnologia. Mas parece-me que a Europa poderia desempenhar um papel mais de "fiel da balança", tentando, por um lado, manter-se ligada política e economicamente aos Estados Unidos, mas não se desligando completamente da China, nem diplomaticamente nem economicamente, de forma a tentar fazer com que a China siga também as regulações e direcções apontadas pela Europa. Portugal tem aqui um papel muito importante. A relação privilegiada com Macau, uma vez que é o único país da União Europeia com uma relação privilegiada com a China, através de uma região autónoma especial, que é fundamental. Portanto, Portugal tem um papel muito importante, que deve assumir, de manter relações diplomáticas e económicas fortes com a China.

A China lançou recentemente o DeepSeek que está a criar alguma controvérsia. Para além de ter mostrado que se pode avançar com uma aplicação com menos custos e investimento, há vários países que falam de questões de segurança. Quais são, de facto, os verdadeiros riscos do DeepSeek?

O DeepSeek mostrou, de facto, que é possível ter modelos de grande qualidade a preços bem mais baixos do que se pensava até agora. Os riscos são óbvios. Se usarmos modelos do DeepSeek na China, estamos a enviar informação que, primeiramente, pode ser usada para desenvolver modelos futuros e, assim, avançar ainda mais. A tecnologia chinesa, por si, não me parece particularmente grave, mas pode ser usada em questões que envolvem segurança, o que é uma preocupação. No entanto, os modelos foram libertados em código aberto e nós não precisamos de correr esses modelos nos servidores da China. Podemos descarregá-los e executá-los localmente, o que muitas instituições, incluindo as nossas, têm feito - em open source. Portanto, os modelos não precisam de ser corridos na China, podem ser adaptados localmente e, assim, os riscos de enviar informação para as autoridades chinesas são minimizados.

O sector digital representa, neste momento, 4% das emissões de gases com efeito de estufa, numa altura em que se fala em política ambiental e no aquecimento global. Que resposta se dá a este problema?

Se não me engano, o número está ligeiramente abaixo desses 4%. O digital consome cerca de 2% da energia total, talvez um pouco mais de 2% das emissões, pois está muito dependente da electricidade, que é mais intensiva, mas está à volta de 2% a 3%. Embora este valor seja relativamente baixo, é importante notar que não se trata apenas da inteligência artificial. Esse número abrange todos os telemóveis, todos os computadores, todos os servidores, as bases de dados, os termos de informação, a internet, etc. E, embora seja relevante, também devemos perceber que, com esses 2% ou 3%, poupamos muito mais em termos de deslocações, transportes, trabalho remoto e outras áreas. Se não houvesse a internet, haveria muito mais trânsito e as emissões seriam muito superiores. Portanto, penso que esse problema não é uma preocupação grave no momento. Se continuarmos a desenvolver centros de dados e o consumo de energia continuar a crescer, aí sim, poderemos começar a pensar sobre isso. Mas a tendência não será, provavelmente, nesse sentido.

A França destaca-se nesta questão da criação de centros de dados com a energia nuclear?

Sim, a França é, na minha opinião, exemplar nesse aspecto, uma vez que é um dos países que menos emite dióxido de carbono por kilowatt-hora gerado, justamente devido à sua opção pela energia nuclear. Como se sabe, é uma opção relativamente rara na Europa. Em Portugal, não existe. Pessoalmente, penso que é uma opção correta, enquanto as novas gerações de tecnologia, como a fusão nuclear, não se tornam viáveis. Portanto, gostaria que outros países seguissem o exemplo da França.

No futuro, as empresas que dominarem a inteligência artificial vão liderar o mercado. Daqui a 20 anos, os seres humanos estarão sujeitos às máquinas?

Penso que isso é um risco relativamente distante, uma vez que - pelo menos por enquanto e no futuro previsível - temos a capacidade de influenciar o desenvolvimento da tecnologia. Não há razão para desenvolvermos a tecnologia de forma que ela se torne, de alguma maneira, perigosa para a humanidade. Posto isto, sempre existirá a possibilidade de um Estado ou uma empresa, até um Estado terrorista, desenvolver tecnologias baseadas em Inteligência Artificial que possam ser perigosas. Isso não é novo. É o mesmo com tecnologias biológicas, químicas e mesmo nucleares. ANG/RFI

                        Roménia/Presidente Klaus Iohannis demitiu-se

Bissau, 11 Fev 25 (ANG) - Sob a ameaça de uma destituição, o Presidente romeno Klaus Iohannis, sob a ameaça de uma destituição, anunciou , segunda-feira a sua demissão, depois de semanas de protestos de uma parte da população descontente após a anulação das presidenciais em Dezembro, depois de terem sido levantadas suspeitas de ingerência russa no escrutínio.

“Para poupar a Roménia e aos cidadãos romenos uma crise, vou deixar o meu cargo" a partir de quarta-feira, disse o Chefe de Estado demissionário numa declaração solene esta segunda-feira em Bucareste, numa altura em que estava prestes a ser destituído.

O mandato de Klaus Iohannis devia inicialmente terminar em finais de 2024, logo depois das presidenciais. Mas logo após a primeira volta das eleições em que o candidato de extrema-direita, Câlin Georgescu ficou na dianteira, o escrutínio foi anulado por suspeita de interferência russa. As autoridades acreditam que Georgescu beneficiou de uma campanha ilícita na rede TikTok, algo que a Comissão Europeia anunciou estar a investigar.

Perante este cenário inédito, o líder liberal e pró-europeu de 65 anos, decidiu permanecer no poder até à eleição do seu sucessor em Maio.

Desde então, dezenas de milhares de romenos saíram às ruas para denunciar o que qualificaram de "golpe".

Depois de várias tentativas da oposição, o Parlamento tinha previsto reunir-se esta semana em sessão plenária antes de um possível referendo sobre a sua destituição.

"Dentro de alguns dias, o Parlamento romeno vai pronunciar-se sobre a minha destituição e a Roménia vai mergulhar na crise (...) com repercussões no país e infelizmente também fora das nossas fronteiras", disse hoje Iohannis.

No poder desde 2014, o chefe de Estado impopular e criticado por uma alegada falta de carisma, deve ser agora substituído interinamente pelo Presidente do Senado e líder dos liberais, Ilie Bolojan, até à realização de um novo escrutínio cuja primeira volta está fixada para o dia 4 de Maio. Uma segunda volta está prevista para o dia 18 de Maio no caso de nenhum candidato alcançar mais de metade dos votos na primeira volta.

Reagindo à demissão presidencial, centenas de apoiantes da extrema-direita concentraram-se no centro da capital e envolveram-se em confrontos com as forças da ordem.

"Klaus Iohannis demitiu-se! Agora é tempo de voltar ao estado de direito. Vamos retomar a segunda volta", disse o vencedor da primeira volta, o candidato de extrema-direita Câlin Georgescu.

Eurocéptico, admirador confesso do Presidente russo, Câlin Georgescu é conhecido pelas suas posições conspiracionistas e a sua oposição a qualquer apoio militar à Ucrânia.

Ele apresentou vários recursos para o processo eleitoral ser retomado na fase em que se encontrava antes da sua anulação, até agora sem sucesso.

Numa altura em que faltam algumas semanas para terminar a 15 de Março o prazo para a apresentação de novas candidaturas, o líder de extrema-direita ainda não esclareceu se pretende entrar novamente na corrida.

Seja qual for o caso, o autarca de Bucareste, Nicusor Dan, já anunciou a sua intenção de se candidatar como independente.ANG/RFI

 

           Sudão/Guerra civil  provocou a pior crise humanitária do mundo

Bissau, 11 Fev 25 (ANG) - A guerra que assola o Sudão desde abril de 2023 provocou a "pior crise humanitária do mundo", com centenas de milhares de crianças a sofrer de desnutrição aguda grave, lamentou hoje a União Africana (UA).

Os confrontos entre os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) de Mohamed Hamdane Daglo e o exército do general Abdel Fattah al-Burhane, dois antigos aliados que se tornaram rivais, causaram dezenas de milhares de mortos e deslocaram mais de 12 milhões de pessoas.

Enquanto o exército controla o leste e o norte do Sudão, os paramilitares mantêm o seu domínio em quase todo o Darfur, uma vasta região no oeste do país onde vive um quarto dos 50 milhões de habitantes do país.

"Os combates incessantes no Sudão desde o início da guerra, em 15 de abril de 2023, dificultaram o acesso à ajuda humanitária, conduziram à escassez de alimentos e agravaram a fome, com crianças e mulheres a serem continuamente maltratadas e os idosos e doentes a carecerem de assistência médica", afirmou o presidente do painel da UA sobre o Sudão, Mohamed Ibn Chambas.

"Esta é a pior crise humanitária do mundo", continuou.

Para a UA, só um "diálogo político, e não a opção militar, pode pôr fim a esta guerra".

Segundo a organização pan-africana, cerca de 431.000 crianças foram hospitalizadas em 2024 devido à desnutrição aguda grave, um número 44% superior ao registado em 2023.

Na segunda-feira, as Nações Unidas acusaram as RSF de obstruir a entrega de ajuda vital à região do Darfur, que está ameaçada pela fome.

A fome já afeta cinco regiões sudanesas, incluindo três no Darfur do Norte, e deverá estender-se a cinco outros distritos do estado até maio, segundo as agências da ONU, com base num relatório recente do sistema de Classificação da Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês).

De acordo com o IPC, 24,6 milhões de pessoas, cerca de metade da população do Sudão, deverão enfrentar "níveis elevados de insegurança alimentar aguda" até maio.

No início de fevereiro, um atentado bombista atribuído a paramilitares contra um mercado em Omdourman, nos arredores de Cartum, matou pelo menos 50 pessoas. ANG/Lusa

 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Religião/Alto Comissariado para peregrinação 2025 lança campanha de ida à Meca

Bissau 10 Fev 25 (ANG) – O Alto Comissariado para a peregrinação 2025 ,lançou hoje, oficialmente, a campanha para a ida dos fiéis muçulmanos à cidade Santa de Meca .

Falando na cerimónia, Califa Soares Cassamá frisou que, este ano, decidiram fazer uma apresentação geral sobre  como será a peregrinação, incluindo o seu custo que é de  4 milhões de francos CFA, menos  225 mil francos cfa que o custo do  ano anterior ,o preço  que segundo disse, pode variar em função de como cada peregrino quer viajar e onde quer morar ,tudo será tarifado conforme o desejo da pessoa interessada.

Segundo explicou Cassamá, este ano querem que os peregrinos se deslocassem  do país, no dia 26 de Maio para regressar  no dia 11 de Junho .

Disse que vão  alterar a rota para facilitar os peregrinos ,uma vez que vão iniciar na cidade de Medina e depois para Meca de onde partirão para Bissau depois do evento.

“E este ano queremos atingir o número dado à Guiné-Bissau, desde 1974, que é de 751 lugares ,mas já pedimos o aumento deste número.  Esperamos atingir esse  número oficial  com os cidadãos que virão da diáspora , África e Europa através da  Gâmbia e de Bruxelas “,explicou.

Cassamá salientou que a data limite para entrega das candidaturas não esta definida , mas que  aconselha  os interessados para a  fazerem,  o mais cedo possível ,realçando que graças à novas tecnologias os vistos serão dados internamente .

Por seu turno, o Ministro da Economia, Soares Sambú, ao presidir o ato, recomendou ao alto Comissariado a aprofundar as explicações sobre o transporte, alojamento ,bem como a maneira de usar o mesmo, uma vez que a realidade é diferente entre os dois países.

O governante ainda pediu que seja levado a cabo  um  “bom trabalho” na seleção dos candidatos, uma vez que a peregrinação exige muito da pessoa em termos físicos.

Sambú pediu que sejam dadas garantias de que os peregrinos serão bem tratados, porque  pagam para ir à Meca, tendo aconselhado ao Alto Comissariado a trabalhar diretamente com as companhias de viagens para se evitar de intermediários que, muita das vezes, não cumprem o acordo, e que a viagem seja de voo direto, para minimizar o sofrimento das pessoas.

“Os contratos devem ser feitos com rigor e no caso de não cumprimento deve haver responsabilização. Contudo, sei que não haverá peregrinação onde tudo será mar de rosa. Sempre haverá alguma dificuldade pontual", disse
.ANG/MSC//SG

Eleições/”GTAPE inicia trabalhos preliminares para  arranque de atualização dos cadernos eleitorais”, diz Gabriel Gibril Baldé

Bissau, 10 Fev 25(ANG) – O Diretor-geral do Gabinete Técnico de Apoio ao Processo Eleitoral(GTAPE), afirmou que a instituição que dirige já está empenhada nos trabalhos preliminares visando o arranque do processo de atualização dos cadernos eleitorais, previstas para 09 de Março do ano em curso.

Em entrevista exclusiva concedida hoje à ANG, Gibril Baldé disse que os trabalhos preliminares englobam conjuntos de ações que devem ser feitas 30 dias antes do início do processo, dentre as quais a organização de equipamentos, carregamento dos computadores, seleção de impressoras, substituição e aquisição de novos materiais entre outras.

O Diretor-geral do GTAPE disse ainda que está em curso a organização das Comissões Setoriais para o início de campanhas de sensibilização que abrangem elementos de sensibilização audiovisual entre outras.

Aquele responsável frisou que, depois de concluída a fase preliminar do processo e de acordo com o anúncio do Governo,  o processo de atualização dos cadernos eleitorais irá arrancar no dia 09 de Março, o GTAPE deve ter todos os equipamentos distribuídos no terreno o mais tardar até ao dia 08 de Março.

 “O problema é que o processo de atualização dos cadernos não devem ultrapassar um ano, tendo em conta que resulta nos estragos de dados do processo anterior porque o número de pessoas que completaram 18 anos e dos que movimentaram irão aumentar”, disse.

Gabriel Gibril Baldé sublinhou que a partir de momento que se concluiu o processo do recenseamento de raiz em 2022, doravante vão passar a fazer apenas a atualização de dados anualmente.

Disse que o processo de atualização dos cadernos eleitorais do ano passado foi iniciado no dia 25 de Março e se do ano em curso vier a arrancar no dia 09 de Março, significa que ainda está dentro do prazo estipulado por lei.

“Como ainda não temos uma data oficial para a realização das eleições, porque fala-se apenas de que pode acontecer em Outubro ou Novembro, isso facilitará as pessoas que irão completar 18 anos antes desse período  para entrarem no processo”, frisou.

Perguntado sobre o  que falhou no processo anterior e que deve ser corrigido este ano, aquele responsável disse que , de facto, tem a ver com questão da comunicação que na sua opinião foi um pouco fraco no início.

“Mas essa falha foi por vontade alheia, mas que foi suprimida  com o decorrer do tempo e  este ano pretendemos, logo na primeira semana, começar a fazer um bom trabalho de comunicação para que as pessoas possam estar cientes do início do processo de atualização”,

Garantiu que a atividade de sensibilização deve iniciar 30 dias antes e vai decorrer até ao fim do processo.

Gabriel Baldé apelou à todos os partidos para enviarem desde já os seus delegados para supervisionarem o processo junto do GTAPE.

Disse que vão ser abrangidos por este processo  de atualização de cadernos eleitorais, as pessoas que perderam cartões de eleitor, as que mudaram de residências, e as que acabam por completar 18 anos.

O processo arranca em todo o território nacional e que quando completar o segundo mês, começa na diáspora. ANG/ÂC//SG

Regiões/Populares de Aldeia de Clatle vivem isolados do sector de Quinhamel

Biombo, 10 Fev 2025 (ANG) -  Os populares de Aldeia de Clatle, no sector de Quinhamel, região de Biombo, norte do país, vivem isolados e com falta de mercado e lojas para compra  de produtos de primeira necessidade.

A informação foi avançada por uma das habitantes da aldeia, Ivone Té, em entrevista ao correspondente da ANG na Região de Biombo.

Ivone  lamenta o facto da aldeia estar com falta de tudo, sobretudo das duas redes de telecomunicação, Orange e MTN atual Telecel, que operam no país, para se comunicarem, disse que  têm que ir debaixo duma árvore à procura  da rede.

Ivone Té disse que a vila não dispõe de uma piroga que assegura a travessia    do rio que liga Quinhamel a referida tabanca, e que as pessoas andam cerca de 20 quilómetros para chegar a estrada principal e que para irem as compras têm que atravessar o rio e comprar produtos de que vão precisar  por muitos dias.

"Temos enormes dificuldades nessa vila, sobretudo com relação a  educação dos nossos filhos que só conseguem estudar até quarto ano de escolaridade e quem tem a possibilidade manda seu filho à Quinhamel, para continuar a estudar até ao 12º ano,"disse.

O professor e igualmente camponês, Joaquim Camilo Lopes lamentou a situação
da aldeia, sublinhando que os professores que são colocados lá para dar aulas não duram muito tempo por causa do isolamento da aldeia, e que de momento só têm dois professores: o próprio Joaquim e seu colega que não mencionou.

Aquele responsável explicou que têm professores na aldeia  graças a sua diligência e da colaboração dos pais e encarregados de educação de alunos e  um senhor de nome  Mário Manuel dos Santos, que os ajudou com zincos para cobrir a escola.

Joaquim Lopes disse que, para evacuar os seus produtos agrícolas até  Quinhamel pagam três  mil francos cfa aos motoristas de  motocarros.

A Vila de Clatle se situa noutra margem do setor de Quinhamel, passando pela praia local. ANG/MN/MI/ÂC//SG  

     

Regiões/Futebol Clube de Canchungo homenageia músico guineense  Charbel Pinto com certificado de Mérito

Canchungo, 10 Fev 25 (ANG) - A Direção do Futebol Clube de Canchungo homenageou no fim-de-semana o músico guineense de renome internacional, Charbel Pinto com certificado de Mérito, devido o  apoio financeiro e alimentício que tem vindo a dar  ao clube  nos últimos anos.

De acordo com o despacho do correspondente da ANG na região de Cacheu, na ocasião, o porta-voz do Futebol Clube de Canchungo, Humberto Tavares contou que, Charbel tem dado o seu apoio sobretudo na época desportiva de ano 2022/2023, altura em que os Lobos de Canchungo foram campeões do Futebol da Iª Divisão.

Tavares felicitou o músico guineense pelos sucessos que tem alcançado na carreira musical e fez-lhe um pedido no sentido de autorizar o Futebol Clube de Canchungo a estampar o seu nome do espaço Cultural “HAWAI”, nas camisolas dos jogadores na época desportiva 2024/2025, e de organização de  um show no Estádio Saco Vaz, num futuro próximo.

“Fazemos este apelo ao Charbel, com intuito de dar oportunidades aos habitantes dos setores de Canchungo, Cacheu, Buba, Calequisse e Caió, para  partilharem os bons momentos com este músico, e igualmente vamos ter a oportunidade de angariar fundos para o nosso  Clube , explicou.

Em resposta, Charbel Pinto expressou a sua satisfação  e gratidão pelo reconhecimento, tendo prometido fazer mais trabalhos para o desenvolvimento da cidade de Canchungo e do seu clube de futebol.

Pinto pediu os filhos e amigos de Canchungo para  reforçarem a união entre si com a finalidade de promover mais força nas contribuições coletivas e individuas que possam incentivar o progresso sustentável daquela zona norte da Guiné-Bissau.

ANG/AG/AALS/ÂC//SG

Desporto/SB Benfica vence FC Canchungo por (0-3) na inauguração do Estádio Saco Vaz

Bissau, 10 Fev 25(ANG) – O Sport Bissau e Benfica deslocou-se no Domingo(09), até a Canchungo e bateu os Lobos Locais por três bolas a zero, numa das partidas que encerraram a quarta jornada da primeira Liga.

Perante um estádio Saco Vaz bem repleto do público, naquilo que foi também a primeira partida disputada nesse terreno depois da sua entrega provisória, após quase três anos de trabalhos de requalificação. A equipa de Canchungo não conseguiu travar as águias que assumiram agora a liderança isolada da prova.

A vitória encarnada começou a ser desenhada logo aos 3 minutos, através de um remate forte de Sadraque Monteiro, na entrada da grande área e a bola só parou no fundo da baliza dos Lobos de Babok.

Com a desvantagem no marcador, pupilos do mister Casaco Dembi não baixaram a linha e subiram fortemente ao lado adversário, criando certas ocasiões de golo, no entanto, não conseguiram até ao fim da primeira parte.

Já no segundo tempo, os encarnados voltaram muito agressivo e aos 61 minutos, ampliaram a vantagem para (0-2), de novo, com assinatura de Sadraque Monteiro, valendo uma assistência fenomenal do recém-entrado Javier Brito.

Sete minutos depois, as águias de Bissau voltaram a faturar com o suspeito da partida, Sadraque Monteiro, desta feita, com ajuda de Edmundo Monteiro, completando o hat-trick e celou dessa forma o placar de contagem.

O SB Benfica assume com este resultado a liderança isolada do campeonato, com 12 pontos e FC Canchungo continua com 7 pontos na tabela classificativa, ao fim da quarta jornada.ANG/Fut245

Justiça/Ministra da Agricultura suspeita de prática de corrupção pelo Ministério Público

Bissau, 10 Fev 25(ANG) - A ministra da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Fatumata Djau Baldé, foi constituída suspeita pelo Ministério Público guineense, na sequência de alegadas práticas de corrupção, denunciadas no início do ano pela juventude do Partido dos Trabalhadores Guineenses (PTG), formação política da qual a governante é também alta dirigente.


Segundo um documento do Ministério Publico, elaborado sobre o caso, citado pela rádio  Capital FM, a ministra é suspeita de, entre outros, crimes de administração danosa, de peculato, de branqueamento de capitais e de abuso de poder.

Quem também foi constituído suspeito no mesmo caso é o empresário e antigo ministro da Agricultura, Mama Saliu Lamba, considerado pelo Ministério Público "cúmplice" da atual ministra, nos factos apurados. Lamba é suspeito de crimes de usurpação de funções públicas e de branqueamento de capitais.

Em 3 de Janeiro deste ano, a juventude do PTG acusou Fatumata Djau Baldé de alegadas práticas de corrupção, afirmando que a governante teria ordenado a venda de cinco mil sacos de fertilizantes, do Ministério, inicialmente destinados aos camponeses, e de criar, em colaboração com os seus cúmplices, uma "empresa fictícia" para facilitar "negócios obscuros".

Fonte do Ministério Público disse à CFM que terá sido a própria ministra da Agricultura e Desenvolvimento Rural quem solicitou a investigação da denúncia dos jovens do seu partido.

Aberta a investigação, segundo a  Capital FM, foram ouvidas 14 testemunhas que terão fornecido vários documentos ao Ministério Público e ainda foram realizadas buscas na Direção Regional da Agricultura, em Bafatá, e na alegada empresa fictícia PEGAS, SA, do empresário Mama Saliu Lamba, alegado colaborador da ministra em atos considerados de corrupção.

Documentos sobre a alegada transferência de avultadas somas em dinheiro, documentos sobre uma alegada dívida da empresa de Mama Saliu Lamba para com o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural, num valor de mais de 61 milhões de Francos CFA, "foram recolhidos pela investigação do Ministério Público", lê-se no documento consultado pela Capital FM.

A fonte do Ministério Público ligada ao processo disse à CFM que o órgão já requereu ao primeiro-ministro Rui Duarte Barros, a audição de Fatumata Djau Baldé.

A Capital FM tentou e sem sucesso contactar os visados para obter a sua reação sobre este caso.ANG/CFM

 

Namíbia/Morte aos 95 anos de Sam Nujoma, "Pai da Independência" da Namíbia

Bissau, 10 Fev 25 (ANG) -  O primeiro Presidente da Namíbia, Sam Nujoma, faleceu no sábado aos 95 anos de idade, após três semanas de hospitalização.

Considerado um herói da independência namibiana, o antigo chefe da luta armada que se tornou Presidente permaneceu no poder durante quinze anos, com a bandeira da SWAPO, partido de que foi co-fundador em 1960. Ao anunciar a sua morte, a presidência da Namíbia saudou o "pai fundador" do país.

A Namíbia perdeu no fim-de-semana a figura mais marcante da sua história recente, Sam Nujoma, considerado o artesão da independência desse país, que depois de ter estado sob tutela alemã, tinha ficado sob o controlo da África do Sul depois da Primeira Guerra Mundial, até ao ano de 1990.

Nascido A 12 de Maio de 1929 perto de Okahao, no norte do país, no seio de uma família de camponeses, Sam Nujoma foi o mais velho de onze filhos. Ele passou a sua juventude a lavrar a terra e cuidar do gado. Aos 17 anos, ele partiu da sua região e foi estabelecer-se na cidade portuária de Walvis Bay, no oeste.

Aí, ele trabalha nos caminhos-de-ferro e estuda em horário pós-laboral. Aí também ele é confrontado com a discriminação racial decorrente do sistema do Apartheid que então vigorava na Namíbia e na África do Sul, forma-se politicamente e sindicaliza-se.

Em 1960, é cofundador da SWAPO, partido cujas posições anticoloniais o obrigam a exilar-se, deixando atrás dele a esposa e os quatro filhos.

Em 1966, ele lança a luta armada. A guerra de libertação dura 23 anos e causa 20 mil mortos.

De regresso ao país depois da independência em 1990, Sam Nujoma torna-se o primeiro Presidente da Namíbia livre, cargo que ocupa até 2005.

Conhecido pelos seus posicionamentos radicais, ele envidou esforços para unir uma população de dois milhões de habitantes provenientes de uma dezena de etnias diferentes que o Apartheid tinha dividido.

Ele também recusou-se a criar uma comissão para examinar as atrocidades cometidas durante o conflito entre a Swapo e os esquadrões da morte pró-sul-africanos, acabando por integrar essas antigas unidades nas fileiras do exército e da polícia.

Activista anticolonial ferrenho, ele conservou relações diplomáticas com os aliados da luta de libertação, Cuba, o Irão, a Líbia ou ainda a Coreia do Norte. Também apoiou a reforma agrária do vizinho zimbabueano Robert Mugabe, no começo dos anos 2000, que resultou na expropriação dos camponeses brancos e numa severa crise económica.

Mais recentemente, ele tinha-se ilustrado por condenar abertamente a homossexualidade e, também, noutro domínio, por ter considerado "terrivelmente insignificante" a indemnização de um pouco mais de mil milhões de Euros que a Alemanha propôs ao país em 2021, pelo massacre de dezenas de milhares de membros das etnias Hereros e Namas, naquilo que foi o primeiro genocídio do século XX.

Apesar de se ter retirado oficialmente da vida política em 2005 nunca deixou de ser influente.

"O nosso pai fundador viveu uma vida longa e decisiva", foi deste modo que neste fim-de-semana a presidência da Namíbia anunciou a morte de quem a população chamava carinhosamente o "Velho".

Reagindo à notícia, o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, saudou quem qualificou de "combatente da liberdade (...) indissociável da nossa própria história de luta", a independência da Namíbia tendo "feito nascer a inevitabilidade da libertação" do Apartheid. O chefe de Estado queniano, William Ruto, também recordou Sam Nujoma, como um político "corajoso e visionário".

Na sua mensagem de condolências, o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, também enalteceu um "grande líder", enquanto o seu homólogo angolano recordou Sam Nujoma como alguém que usou todas as suas energias para erguer uma nação “forte” e “democrática”, com bases sólidas no caminho do progresso, da prosperidade e bem-estar do povo namibiano. ANG/RFI

 

Burquina Faso/ Sindicatos acolhem retoma do diálogo com governo após quatro anos de suspensão

Bissau, 10 Fev 25 (ANG) – As organizações sindicais saudaram  a retomada do diálogo entre o governo e os sindicatos, quatro anos após sua suspensão, uma decisão, segundo eles,  ajuda a promover e fortalecer a paz e a coesão no Burkina Faso.

Segundo o presidente das centrais sindicais, El Hadj Inoussa Nana, a retomada do diálogo governo-sindicato, após quatro anos de suspensão, permite promover a paz e a coesão social no país.

El Hadj Nana, que discursou, sexta-feira, em Ouagadougou, durante a cerimônia de encerramento das atividades de 48 horas, comemorou a retomada das discussões entre o governo e os sindicatos, e diz ser “uma vitrine para encontrar soluções para as preocupações dos trabalhadores e da população burquinense”.

Ele também explicou que esta reunião continua sendo uma oportunidade única para rever todas as questões que dizem respeito ao mundo do trabalho.

"A reunião foi uma oportunidade para revisitarmos todos os pontos sobre os quais não tínhamos respostas", disse ele.

O presidente do mês dos sindicatos especificou que o governo está comprometido em satisfazer um certo número de pontos da plataforma de reivindicações das organizações sindicais.

O Secretário-Geral do Departamento responsável pela Função Pública, Rodrigue Oboulbiga, que leu o comunicado de imprensa final, concentrou-se, entre outras coisas, no estado da implementação dos compromissos de 2015, 2016 e 2021, bem como no exame das respostas do governo à lista de queixas de 1º de maio de 2022.

O Ministro da Função Pública, Mathias Traoré, observou que, das cerca de trinta queixas apresentadas, o Estado se comprometeu a fornecer soluções para 13 das preocupações dos sindicatos.

O Sr. Traoré disse estar satisfeito com as discussões que forneceram respostas a algumas das preocupações do mundo sindical e agradeceu a todos os parceiros sociais pela disponibilidade e pelo comprometimento com os resultados alcançados durante a reunião de dois dias.

"É um diálogo que nos permite examinar as preocupações das organizações sindicais. "Precisamos chegar a pontos de acordo e desacordo", sugeriu o Ministro Traoré.

Segundo ele, o governo trabalhará para encontrar soluções para os pontos não consensuais para o desenvolvimento dos trabalhadores e da população.

O Ministro Traoré também lembrou que o país se encontra em um contexto humanitário e de segurança em que é obrigado a mobilizar recursos suficientes para combater o terrorismo e reativar a atividade econômica.

"Nesses dois contextos amplos, as prioridades devem ser orientadas para ações que levem ao sucesso e ao cumprimento dos compromissos assumidos para restaurar a paz", disse ele.ANG/FAAPA